Começa no próxima segunda-feira, 17 de agosto, a Campanha Nacional de Vacinação Antirrábica. Neste ano, a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) está disponibilizando 233 mil doses de vacinas para 54 municípios que compõem a área de atuação da Superintendência Regional de Saúde de Montes Claros (SRS – Montes Claros). Assim como nos anos anteriores, o quantitativo teve acréscimo de 5% em relação a 2019. A previsão é de que num prazo de 45 dias as 54 secretarias municipais de saúde que integram a área de atuação da SRS – Montes Claros deverão vacinar 232 mil cães e gatos.
Crédito: Pedro Ricardo
A raiva é uma doença infecciosa viral aguda que acomete mamíferos, inclusive o homem. Se caracteriza como uma encefalite progressiva com letalidade de aproximadamente 100%. Trata-se de uma doença passível de eliminação no seu ciclo urbano pela vacinação de cães e gatos, além da existência de medidas eficientes de prevenção, como a imunização humana, a disponibilização de soro antirrábico humano e a realização de bloqueios de foco.
 
A coordenadora de Vigilância Epidemiológica da SRS-Montes Claros, Agna Soares da Silva Menezes ressalta que já foram repassadas várias orientações técnicas às secretarias municipais de saúde a respeito da implementação da Campanha de Vacinação Antirrábica, bem como em relação às providências que devem ser tomadas para que seja alcançada a meta de vacinação de 100% dos animais de cada localidade.
 
“Devido à pandemia da covid-19, os municípios devem adotar várias medidas de segurança, entre elas o uso de luvas e máscaras por parte dos aplicadores de vacina; higienização constante das mãos com água e sabão; manutenção do distanciamento social; evitar aglomerações e o contato físico com o proprietário dos animais e outras pessoas. Dependendo da situação de cada município, o Estado também recomenda a implementação da Campanha de Vacinação de casa em casa, evitando com isso a ocorrência de aglomerações de pessoas e assegurando que todos os animais sejam vacinados dentro do prazo previsto”, acrescenta Agna Menezes.
 
Entre os 55 municípios que integram a área de atuação da SRS - Montes Claros, os que tem previsão de vacinar maior número de animais são: Montes Claros (55 mil 911); Janaúba (12 mil 808); Bocaiúva (11 mil 363); Francisco Sá (10 mil 202); Rio Pardo de Minas (9.476); Porteirinha (7 mil 967); Jaíba (7 mil 119); Taiobeiras (6 mil 807); Salinas (6 mil 225); Espinosa (6 mil 623) e Coração de Jesus (6 mil 088).
 
TRANSMISSÃO

A raiva é transmitida ao homem pela saliva de animais infectados, principalmente por meio da mordedura. A doença também pode ser transmitida pela arranhadura ou lambedura desses animais.

O período de incubação é variável entre as espécies, desde dias até anos, com uma média de 45 dias no ser humano, podendo ser mais curto em crianças. O período de incubação está relacionado à localização, extensão e profundidade da mordedura, arranhadura, lambedura ou tipo de contato com a saliva do animal infectado; da proximidade da porta de entrada com o cérebro e troncos nervosos; concentração de partículas virais inoculadas e cepa viral.

Em cães e gatos, a eliminação do vírus pela saliva ocorre de dois a cinco dias antes do aparecimento dos sinais clínicos e persiste durante toda a evolução da doença (período de transmissibilidade). A morte do animal acontece, em média, entre cinco e sete dias após a apresentação dos sintomas.

Não se sabe ao certo qual o período de transmissibilidade do vírus em animais silvestres. Entretanto, é sabido que os morcegos podem albergar o vírus por longo período, sem sintomatologia aparente.

SINTOMAS

Após o período de incubação, surgem sinais e sintomas clínicos inespecíficos da raiva, que duram em média de dois a dez dias. Nesse período, o paciente apresenta mal-estar geral; pequeno aumento de temperatura; anorexia; cefaleia; náuseas; dor de garganta; entorpecimento; irritabilidade; inquietude e sensação de angústia.

Podem ocorrer inchaço, aumento da sensibilidade ao tato ou à dor, frio, calor, formigamento, agulhadas, adormecimento ou pressão no trajeto de nervos periféricos, próximos ao local da mordedura e alterações de comportamento.

A infecção da raiva progride, surgindo manifestações mais graves e complicadas, como: ansiedade e hiperexcitabilidade crescente; febre; delírios; espasmos musculares involuntários, generalizados ou convulsões. Espasmos dos músculos da laringe, faringe e língua ocorrem quando o paciente vê ou tenta ingerir líquido, apresentando sialorreia intensa (“hidrofobia”). Os espasmos musculares evoluem para um quadro de paralisia, levando a alterações cardiorrespiratórias, retenção urinária e constipação intestinal. Observa-se, ainda, a presença de disfagia, aerofobia, hiperacusia e fotofobia.

O paciente se mantém consciente, com período de alucinações, até a instalação de quadro comatoso e a evolução para óbito. O período de evolução do quadro clínico, depois de instalados os sinais e sintomas até o óbito, é, em geral, de dois a sete dias.

TRATAMENTO

A confirmação laboratorial em vida, ou seja, o diagnóstico dos casos de raiva humana, pode ser obtida pelo método de imunofluorescência direta, em impressão de córnea, raspado de mucosa lingual ou por biópsia de pele da região cervical.

A sensibilidade dessas provas é limitada e, quando negativas, não se pode excluir a possibilidade de infecção. A realização da autópsia é de extrema importância para a confirmação diagnóstica.
A raiva é uma doença quase sempre fatal, para a qual a melhor medida de prevenção é a vacinação pré ou pós exposição ao vírus. Quando a profilaxia antirrábica não é realizada e a doença se instala, pode-se utilizar um protocolo de tratamento da raiva humana, baseado na indução de coma profundo, uso de antivirais e outros medicamentos específicos. Entretanto, é importante salientar que nem todos os pacientes de raiva, mesmo submetidos ao protocolo, sobrevivem.

Por Pedro Ricardo