A Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) realizou nessa segunda-feira (17/02), no auditório da Regional de Saúde de Coronel Fabriciano, uma capacitação para enfrentamento às arboviroses direcionada às Unidades Regionais de Saúde de Coronel Fabriciano e Itabira e para os municípios de Belo Oriente, Pingo D’água, Periquito e Dionísio, que se encontram em situação epidemiológica classificada como muito alta transmissão para o vírus da dengue. O evento, coordenado pela equipe do Programa Estadual das Doenças Transmitidas pelo Aedes, teve como objetivo reforçar e ampliar as ações de controle das doenças transmitidas pelo Aedes aegypti nestes municípios e na região Leste.

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De acordo a Coordenadora do Programa Estadual das Doenças Transmitidas pelo Aedes da SES-MG, Carolina Amaral, em 2019 as notificações dos casos suspeitos de dengue foram concentradas nas regiões Norte, Triângulo Mineiro e um pouco do Centro e Sul do Estado. Já em 2020, as notificações dos casos têm se concentrado nas regiões Leste, Sul e Nordeste do Estado. Por isso, a necessidade de reforçar as ações de enfrentamento nessas regiões, visando evitar uma possível epidemia.

A coordenadora esclareceu, ainda, que a proposta é que a capacitação para enfrentamento às arboviroses seja replicada aos demais municípios pelas Unidades Regionais de Saúde que receberem a capacitação, mesmo para aqueles municípios que se encontram em situação epidemiológica classificada como baixa transmissão.

“Precisamos nos aproximar ainda mais dos municípios, entender o que está acontecendo na ponta, quais as principais dificuldades neste enfrentamento às arboviroses. Nosso objetivo é capacitar os municípios dentro dos 4 principais eixos do plano de contingência de enfrentamento às arboviroses: Vigilância Epidemiológica, Assistência Primária, Mobilização Social e Controle Vetorial”, destacou Carolina.

A referência técnica de controle vetorial da SES-MG, Dionísio Pacceli, abordou o eixo sobre controle vetorial e destacou a importância da participação de toda a comunidade nas ações de enfrentamento ao Aedes aegypti. “Um dos desafios no controle vetorial é a conscientização de todos os atores envolvidos em uma sociedade. Todos nós temos uma parcela de responsabilidade, de direitos e deveres, seja estado, município ou população. Sabemos que o Estado tem o papel de cuidar e atuar na prevenção e enfrentamento às arboviroses, mas o principal cuidador da residência é o próprio morador. Na verdade, não estamos transferindo responsabilidades, mas sim compartilhando responsabilidades. Vale lembrar que aproximadamente 80% dos focos do Aedes estão localizados dentro dos domicílios. Precisamos conscientizar a população a cuidar do que é seu, por isso a necessidade da comunicação, da mobilização social”, disse Dionísio Pacceli.

A médica infectologista, Mariana Vasconcelos Costa Araújo, realizou a apresentação sobre a parte assistencial das arboviroses, apontando as características das doenças e sua transmissão, sintomas que as antecedem, duração e suas complicações.

“Diversos sintomas estão presentes nas arboviroses, mas há diferenciação pela intensidade e frequência em cada uma delas. Os casos suspeitos de arboviroses devem receber a classificação adequada de atendimento e, quando os profissionais da equipe de saúde estão sensíveis a essa necessidade e seguem adequadamente os protocolos recomendados e estabelecidos pelo Ministério da Saúde, o risco de complicação e óbito são bem menores”, afirmou Mariana.

Durante a capacitação, foram abordados além dos principais pontos do plano de contingência, os dados do cenário epidemiológicos da região e discussão sobre os municípios silenciosos, aqueles que não possuem notificações lançadas no sistema. A equipe do Programa Estadual das Doenças Transmitidas pelo Aedes ainda realizará a capacitação nas Unidades Regionais de Saúde de Governador Valadares (18/02), Manhumirim (18/02), Teófilo Otoni (19/02) e Pedra Azul (20/02).

As doenças causadas pelo Aedes Aegypti

A dengue, zika e chikungunya são infecções causadas por vírus transmitidos pelo Aedes aegypti. Embora tenham sintomas parecidos, elas apresentam algumas caraterísticas que podem ajudar a diferenciá-las.

A dengue é uma doença infecciosa febril e dura em torno de dez dias. Os sintomas são febre acima de 38°C (com duração de quatro a sete dias), dor de cabeça e no corpo, nas articulações e por trás dos olhos, podendo afetar crianças e adultos. Pode provocar também falta de apetite e mal-estar.

Já a chikungunya é uma doença causada por um vírus do gênero Alphavirus transmitida por insetos do gênero Aedes. A infecção provoca febre alta (duração de dois a três dias), dor de cabeça, dores articulares intensas e dores musculares, manchas na pele (podendo surgir entre o 2º e 5º dia), olhos vermelhos e coceira. O período médio de incubação da doença é de três a sete dias (podendo variar de um a 12 dias). Não existe tratamento específico, nem vacina disponível para prevenir a infecção por esse vírus.

A infecção pelo zika vírus provoca febre moderada (duração de um a dois dias), dor de cabeça, dores articulares e musculares, manchas na pele (surgem no 1° ou 2º dia) e olhos vermelhos.

Situação Epidemiológica

Em 2020, Minas Gerais registrou 13.178 casos prováveis de dengue até o momento, 1.117 destes casos na região Leste. Quanto aos óbitos, em 2019 foram confirmados 179 óbitos e 77 permanecem em investigação. Em 2020, 10 óbitos permanecem em investigação e até o momento nenhum óbito foi confirmado por Arboviroses.

Em relação à Febre Chikungunya, foram registrados 2.776 casos prováveis de chikungunya em 2019. Desse total, 48 gestantes, sendo 12 com confirmação laboratorial. Em 2020, até o momento, 287 casos notificados. Destes casos, 51 na região Leste.

Já em relação à Zika, em 2019 foram registrados 698 casos prováveis, sendo 158 em gestantes. Em 2020 até o momento foram registrados 98 casos sendo 16 em gestantes. Na região Leste, são 36 casos notificados.

Saiba mais em www.saude.mg.gov.br/aedes

Por Flávio Augusto Ribeiro Samuel