Em reuniões das Comissões Intergestores Regionais (CIR) realizadas nesta segunda e terça-feira, 8 e 9/7, em Montes Claros, Coração de Jesus e Francisco Sá, a Secretaria de Estado da Saúde de Minas Gerais (SES-MG) reforçou perante os secretários municipais a necessidade de cumprimento dos protocolos clínicos de acidentes por serpentes, escorpiões, animais silvestres, cães e gatos. As reuniões prosseguem nesta quarta e quinta-feira, 10 e 11, nas microrregiões de Janaúba e Taiobeiras.

FOTO 1 7

A iniciativa da Regional de Saúde de Montes Claros tem como base as notas informativas números 25 e 40, divulgadas respectivamente em 2016 e neste ano, pelo Ministério da Saúde levando-se em conta o fato de que os estoques de soros antibotrópico, antiescorpiônico e antirrábico estão aquém do quantitativo necessário para cumprimento da distribuição da rotina mensal para todos os Estados.

Segundo o Departamento de Vigilância das Doenças Transmissíveis do Ministério da Saúde, o desabastecimento de imunobiológicos tem como causa a redução na capacidade produtiva dos laboratórios produtores de antivenenos (Instituto Butantan, Instituto Vital Brazil e Fundação Ezequiel Dias (Funed). Tal redução ocorreu em razão da obrigatoriedade de cumprir as diretrizes estabelecidas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que dispõe sobre as “Boas Práticas de Fabricação de Medicamentos”.

Atualmente, “dois dos três laboratórios permanecem em processo de validação de seu parque industrial e a produção e o fornecimento dos antivenenos ao Ministério da Saúde continua sofrendo impactos como a redução dos quantitativos disponibilizados pelos laboratórios produtores e constantes alterações e reprogramações de cronograma de entregas”, observa o Ministério da Saúde.

Durante as reuniões com os gestores das microrregiões de saúde, a coordenadora do Núcleo de Vigilância Epidemiológica, Ambiental e de Saúde do Trabalhador da Regional de Saúde de Montes Claros, Agna Soares da Silva Menezes ressalta “a importância dos municípios seguirem os protocolos clínicos recomendados pelo Ministério da Saúde com o objetivo de evitar a falta de antivenenos para tratar os pacientes em situação mais grave. Nesse contexto, é fundamental que os serviços de atenção primária e as referências técnicas de hospitais continuem divulgando o protocolo correto de atendimento antibotrópico e antiescorpiônico aos profissionais dos municípios”.

A coordenadora explica que, em reunião com representantes da vigilância epidemiológica realizada dia 2 de julho, seguindo critérios epidemiológicos, territoriais e geográficos foi decidido que para tratamento de acidente escorpiônico e aracnídeo serão mantidos os 17 polos de soroterapia já existentes na área de atuação da SRS de Montes Claros: Bocaiuva (Hospital Municipal Doutor Gil Alves); Coração de Jesus (Hospital Municipal São Vicente de Paulo); Espinosa (Fundação Hospitalar do Município de Espinosa); Francisco Sá (Hospital Municipal de Francisco Sá); Grão Mogol (Fundação Santo Antônio); Jaíba (Hospital Municipal de Jaíba); Janaúba (Fundação Hospitalar de Janaúba); Mato Verde (Ambulatório Municipal de Mato Verde); Monte Azul (Hospital e Maternidade Nossa Senhora das Graças); Montes Claros (Hospital Universitário Clemente de Faria); Montezuma (Centro de Saúde Santa Luzia); Ninheira (Centro de Saúde de Ninheira); Porteirinha (Hospital São Vicente de Paula); Rio Pardo de Minas (Hospital Tácito de Freitas Costa); Salinas (Hospital Municipal Dr. Oswaldo Prediliano Santanna); São João do Paraíso (Fundação de Saúde de São João do Paraíso) e Taiobeiras (Hospital Santo Antônio).

Para tratamento de acidentes com serpentes foi definida a manutenção de 10 polos de soroterapia nos hospitais sediados nos seguintes municípios: Bocaiuva; Coração de Jesus; Grão Mogol; Jaíba; Janaúba; Monte Azul; Montes Claros; Salinas; São João do Paraíso e Taiobeiras.

Protocolos

A Nota Informativa número 40 divulgada neste ano pelo Ministério da Saúde lembra que diante da escassez de antivenenos, em 2016 médicos de referência em atendimento a vítimas de acidentes por serpentes do grupo Bothrops (jararacas) e por escorpiões, foram produzidos dois protocolos para tratamento dos acidentados. “Tais medidas tinham dois objetivos: reduzir em aproximadamente 21% o uso anual das ampolas indicadas para o tratamento de acidentados por jararacas, mantendo a segurança e a eficácia do tratamento; e reforçar a não necessidade de prescrição de antivenenos para casos de escorpionismo leve, visto que 29% do total de soros antiescorpiônicos são utilizados em acidentes com essa classificação. Nesse cenário de escassez desses imunobiológicos, é imprescindível que os protocolos clínicos de acidentes botrópicos e escorpiônicos sejam cumpridos visando evitar a falta do insumo para os casos mais graves e que necessitam do tratamento”, reforça o Ministério da Saúde.

Raiva

A Nota Informativa salienta que o uso de soro e vacina antirrábica deve ocorrer “em situações em que há morcegos e outros animais silvestres envolvidos, e também em situações em que cão e gato não são observáveis. Nos casos em que cão e gato são passíveis de observação, não é indicado o uso de soro antirrábico, a não ser que o animal evolua ao óbito, desapareça ou apresente sinais clínicos”.

Segundo o Ministério da Saúde, “em análise epidemiológica do Sistema de Informação de Agravos de Notificação – (Sinan), em 2018 observou-se que em 12% dos atendimentos antirrábicos com indicação de uso de soro, o cão e o gato eram passíveis de observação”. Desta forma, conclui o Ministério, não havia necessidade de uso do soro antirrábico.

Por Pedro Ricardo