A equipe da Coordenação de Atenção à Saúde (CAS) da Regional de Saúde de Ponte Nova realizou, na última quinta-feira (2/7), uma sequência de três reuniões com a temática “A Atenção Primária (APS) à Saúde no enfrentamento à covid-19”, divididas entre os municípios integrantes das microrregiões de saúde de Viçosa e Ponte Nova. Os mesmos foram representados por coordenadores da APS e profissionais do Núcleo Ampliado de Saúde da Família (Nasf), além de membros das áreas de Saúde Bucal e Saúde Mental, com o objetivo de debater as realidades, fragilidades e potencialidades específicas diante do cenário de pandemia. Participaram dos encontros, juntamente à equipe da CAS, referências técnicas do Núcleo de Vigilância Epidemiológica, Ambiental e Saúde do Trabalhador (Nuveast).

030720 Ponte Nova Atençao Primaria

A referência técnica do CAS, Karen de Fátima Ségala, baseando sua fala em orientações da Superintendência de Atenção Primária à Saúde (SAPS/SES-MG) e da Organização Panamericana de Saúde, mencionou que a APS é responsável pela condução da maioria dos casos de covid-19 nos seus territórios e, por isso, é necessário desenvolver estratégias de acordo com cada realidade. “Portanto, os municípios precisam estar preparados para atuar de acordo com seu contexto e sua realidade. Mas, ressalto que não existe um modelo único. Cada gestão deverá avaliar a situação em que se encontra e o seu potencial para dar respostas e ações resolutivas”, pontuou Ségala. Já a coordenadora da CAS, Sáskia Maria de Albuquerque Drumond, destacou que o momento foi pensado para dar voz aos municípios, de forma a compartilhar seus principais entraves e dificuldades, oportunizando a construção conjunta de estratégias nas mais diversas frentes.

Para tanto, foram apresentados alguns pontos de discussão: os planos de contingência municipais, contemplando execução, atualização, monitoramento, fluxos, ações em saúde mental e bucal, barreiras sanitárias e ações de imunização; processos de trabalho, envolvendo biossegurança e higiene, uso de EPIs, carga horária e recursos humanos, reorganização de espaços, educação em saúde, estratégias de prevenção aos grupos vulnerários e continuidade dos acompanhamentos aos doentes crônicos; e Educação Permanente, incluindo leitura e discussão com as equipes sobre notas técnicas e legislações pertinentes, disponibilização de estrutura de informática e para acompanhamentos remotos, além de capacitações à distância para profissionais eventualmente afastados.

Na ocasião, a referência técnica da CAS, Alessandra Dias da Silva, fez orientações acerca do papel do dentista nas equipes e os eixos a serem trabalhos em saúde bucal, conforme diretrizes estaduais e ministeriais, por meio da revisão de suas práticas diárias, de uma agenda programada e da organização dos processos de trabalho. “Estamos em um momento de discutir a oferta de um serviço qualificado, considerando todas as normas de biossegurança. Também aproveito para mencionar o recurso da teleondontologia, com ações de teleorientação e telemonitoramento, deixando os atendimentos presenciais, neste momento, destinados às urgências e aos procedimentos inadiáveis”, recomendou.

Já a questão da saúde mental foi abordada pela referência Ana Flávia de Paiva Mendes, que alertou sobre a importância da atuação das referências de saúde mental nos municípios e das articulações necessárias entre todos os pontos de atenção da Rede de Atenção Psicossocial diante do cenário atual.

Contribuições

Num segundo momento, a referência técnica em Doenças Transmissíveis do Nuveast, Dádiva Raquel Rodrigues, abordou a questão do isolamento e da testagem laboratorial dos casos suspeitos de covid-19. De início, houve a apresentação de gráfico (extraído do Journal of the American Medical Association, 2020) representando a variação estimada dos testes de detecção após exposição ao vírus e aparecimento dos sintomas ao longo do tempo.

Dádiva também reforçou as situações em que há indicação para coleta de amostras e testagem, conforme preconizado pela SES-MG, por meio da Atualização Técnica ao Protocolo de Infecção Humana pelo SARS-CoV-2 nº 05/2020. “São indicados todos os casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) hospitalizados, todos os óbitos suspeitos, profissionais de saúde e de segurança pública sintomáticos, por amostragem representativa nos surtos de Síndrome Gripal em locais fechados, além do público privado de liberdade e adolescentes em cumprimento de medida socioeducativa restritiva ou privativa de liberdade, mediante a apresentação de sintomas”, elencou.

Ainda foram abordadas as recomendações sobre grupos prioritários para utilização de testes rápidos, conforme Nota Técnica nº 47/2020 do COES Minas Covid-19; fluxo assistencial do CIEVS Minas para assintomáticos com teste laboratorial positivo e sintomáticos após o 8º dia de sintomas; e monitoramento de contatos próximos identificados, conforme Nota Técnica 52/2020 do COES Minas Covid-19 e informações do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC).

Os encontros também contaram com a participação da referência técnica em Imunização da Regional, Thiany Silva Oliveira, que enfatizou que a questão da imunização, mesmo integrada à área de Vigilância Epidemiológica, tem um viés prático junto à Atenção Primária. “É preciso darmos continuidade a esse tipo de assistência, porque temos outras doenças além da covid-19, levando-se em conta todas as dificuldades que as salas de vacina apresentam nesse cenário de pandemia. Ainda existem surtos ativos de sarampo no Brasil e é preciso reforçar a Campanha Nacional de Sarampo, que foi prorrogada até o dia 31 de agosto, contemplando o público de 20 a 49 anos de idade”, recomendou.

A última etapa da reunião contou a participação da diretora de Promoção à Saúde da SAPS, Daniela Campos, e da referência técnica em tabagismo, Nayara Resende Pena, como forma de contribuição e suporte do Nível Central às equipes de APS das Unidades Regionais de Saúde e municípios para o enfrentamento à covid-19.

Por Tarsis Murad