Num trabalho conjunto das regionais de saúde de Montes Claros e Januária nessa sexta-feira (21/2), a Secretaria de Estado da Saúde de Minas Gerais (SES-MG) concluiu no município de Brasília de Minas a captura de mosquitos Haemagogus e Sabethes. O trabalho iniciado no dia 17/2, coordenado pelo Núcleo de Vigilância Epidemiológica, Ambiental e de Saúde do Trabalhador (Nuveast) da Regional de Saúde de Montes Claros, tem o objetivo de investigar se está havendo a circulação do vírus da febre amarela na região. As análises serão realizadas pela Fundação Ezequiel Dias (Funed), em Belo Horizonte.

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A coordenadora do Nuveast, Agna Soares da Silva Menezes, destaca a importância do trabalho conjunto das regionais de saúde visando evitar a ocorrência de surtos da febre amarela no Norte de Minas. “Aliado ao trabalho realizado em zonas rurais limítrofes de municípios que integram as áreas de atuação das regionais de Montes Claros e Januária, é importante que os serviços de atenção primária dos municípios reforcem as ações de prevenção contra a doença, por meio da vacinação da população. É fundamental que os níveis de cobertura vacinal sejam elevados, pois só mesmo através da imunização é possível evitar que pessoas adoeçam”, salienta.

Reforçando a importância da prevenção, a referência técnica de entomologia, leishmaniose, febre amarela e doença de Chagas da Regional de Saúde de Montes Claros, Bartolomeu Teixeira Lopes, observa que o trabalho conjunto das regionais de saúde é importante para orientar e alinhar as ações a serem implementadas no Norte de Minas.

“Em média permanecemos dentro de matas por até sete horas para conseguir a captura de mosquitos. Os vetores costumam habitar em locais onde existe água, raízes e ocos de árvores, o que propicia ambiente favorável para a desova. Após capturados, os mosquitos são acondicionados em cilindros com nitrogênio, o que evita a morte do vírus transmissor da febre amarela caso o vetor esteja infectado”, explica.

Também participaram do trabalho de campo as referências técnicas dos municípios de Brasília de Minas, Edmilson Rodrigues da Silva e Maria Lúcia Freire; e de Januária, Décio Gonçalves Lima e Fernando Maria Magalhães.

A doença

A febre amarela é uma doença infecciosa febril aguda, causada por um vírus transmitido por mosquitos vetores e possui dois ciclos de transmissão: silvestre (quando há transmissão em área rural ou de floresta) e urbano. O vírus é transmitido pela picada dos mosquitos infectados e não há transmissão direta de pessoa a pessoa.

No ciclo silvestre os macacos são os principais hospedeiros e amplificadores do vírus da febre amarela. Os vetores são mosquitos com hábitos estritamente silvestres, sendo os gêneros Haemagogus e Sabethes os mais importantes na América Latina. Nesse ciclo, o homem participa como um hospedeiro acidental ao adentrar áreas de mata.

Já no ciclo urbano o homem é o único hospedeiro com importância epidemiológica e a transmissão da febre amarela ocorre a partir de vetores urbanos infectados, como o mosquito Aedes aegypti.

A febre amarela é uma doença de notificação compulsória imediata, ou seja, todo evento suspeito (tanta morte de macacos, quanto casos humanos com sintomatologia compatível) deve ser prontamente comunicado, em até 24 horas após a suspeita inicial, às autoridades locais competentes. Os serviços estaduais de saúde devem notificar os eventos de febre amarela suspeitos ao Ministério da Saúde.

Sintomas

Os sintomas iniciais da febre amarela são: início súbito de febre; calafrios; dor de cabeça intensa; dores nas costas; dores no corpo em geral; náuseas e vômitos; fadiga e fraqueza. A maioria das pessoas melhora após esses sintomas iniciais. No entanto, cerca de 15% apresentam um breve período de horas a um dia sem sintomas e, então, desenvolvem uma forma mais grave da doença.

Em casos graves, a pessoa infectada por febre amarela pode desenvolver algumas complicações, como: febre alta; icterícia (coloração amarelada da pele e do branco dos olhos); hemorragia (especialmente a partir do trato gastrointestinal) e, eventualmente, choque e insuficiência de múltiplos órgãos.

No caso de qualquer um dos sintomas da doença a pessoa deve imediatamente procurar uma unidade de saúde para avaliação médica adequada. O profissional fará os exames necessários para diagnosticar a doença, assim como sua gravidade, o que definirá a melhor forma de tratamento.

Prevenção

A vacina é a principal ferramenta de prevenção e controle da febre amarela. Toda pessoa que reside em áreas com recomendação da vacina e pessoas que vão viajar para essas áreas deve se imunizar. A vacina é administrada via subcutânea e está disponível durante todo o ano nas unidades de saúde. Ela deve ser administrada pelo menos 10 dias antes do deslocamento de uma pessoa para áreas de risco, principalmente em quem será vacinado pela primeira vez.

Por Pedro Costa