Há exatamente dois anos, quando o Serviço de Atenção Móvel de Urgência (SAMU 192) do Triângulo do Norte começou a funcionar, o cenário assistencial não era o mesmo dos últimos quatro meses. O atendimento por causas clínicas teve um aumento percentual representativo no total das ocorrências registradas no último trimestre, conforme podemos perceber no gráfico abaixo sobre as 333 chamadas recebidas de pessoas com suspeita de coronavírus, representando 10% das ligações por causas clínicas.

Crédito: Beto Oliveira

Uma dessas ocorrências com encaminhamento para unidades de saúde, é do morador da zona rural de Patrocínio, Sílvio Queiroz Filho, 73 anos. Ele foi transportado pelo SAMU, no início de abril, para a Santa Casa de Misericórdia da cidade, que é um dos pontos de atendimento do Sistema Único de Saúde (SUS) na região que faz parte da grade de referência de encaminhamento dos pacientes. Após quinze dias internado, na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), Sílvio Queiroz Filho foi curado da Covid-19 e, por isso obteve alta da Santa Casa, no dia 18/4.

Avanços do SAMU do Triângulo do Norte

Para a implantação do SAMU 192 na região do Triângulo do Norte, a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) investiu recursos para a aquisição de equipamentos e ambulâncias. Referente à manutenção das atividades, a SES-MG assumiu o compromisso financeiro de 90% do custeio (parte estadual e federal) do serviço, por 17 meses. A partir de dezembro de 2019, com a habilitação do SAMU, publicada pelo Ministério da Saúde, a parte estadual de custeio caiu para 67%.

Em abril deste ano, o Ministério da Saúde qualificou a Central de Regulação das Urgências (CRU) do SAMU do Triângulo do Norte, em que é acrescido um repasse anual para a manutenção do custeio da unidade. O próximo passo é a qualificação do SAMU, em que há alteração dos valores de custeio, ou seja, a União assume mais 11,38% do valor que então ainda é arcado pela SES-MG. 

Monte Alegre de Minas, no Triângulo do Norte, é um dos 26 municípios beneficiados com o SAMU. O secretário municipal de saúde de Monte Alegre, Gustavo Vasconcelos Tannús, destaca que o serviço foi essencial para a estruturação da rede assistencial. “A implantação do SAMU organizou e otimizou os atendimentos com equipes qualificadas e veículos apropriados. O município conta com uma unidade de suporte básica, e sempre que necessário, utilizamos o serviço da outra unidade, a de suporte avançado, para realizar as transferências de casos mais complexos. Até mesmo o transporte aéreo já foi utilizado para remoção de pacientes graves. Não vejo hoje, o serviço de urgência e emergência municipal atuar sem o apoio do SAMU”, destacou o secretário.

A coordenadora médica do Consórcio Público Intermunicipal de Saúde da Rede de Urgência e Emergência da Macrorregião do Triângulo do Norte (CISTRI), Ítala Reis Alvarenga, diz que é imensurável o ganho para a população com a implantação do SAMU. “A central de regulação das urgências, de onde saem todas as decisões para as equipes de atendimento, garante a vida e evita sequelas permanentes. Esperamos é que esse serviço esteja cada vez mais qualificado e consiga salvar ainda milhares de pessoas em toda a região”, concluiu.

Rede de Urgência e Emergência do Triângulo do Norte

O SAMU é um dos componentes da Rede de Urgência e Emergência, que é composta também por pontos de atenção, como: hospitais, pronto atendimentos, unidades básicas de saúde e centros de atenção psicossocial. A região ampliada de saúde do Triângulo do Norte teve seu plano aprovado pela SES/MG em 2018. Desde então, além do Ministério da Saúde habilitar o SAMU, houve outros dois componentes com aporte financeiro publicados: o Serviço de Atenção Domiciliar (SAD), criando novas equipes em cinco municípios e o Componente Hospitalar, em que contempla quatro hospitais da região e qualifica 67 leitos de UTI adulto e pediátrico, nessas instituições.

O superintendente regional de saúde de Uberlândia, Marcelo José Pires Ferreira, reforça que a rede assistencial SUS na macrorregião tem sido fortalecida e a adesão de todos os municípios se faz necessária para consolidar as políticas públicas de saúde. “Além da estruturação e expansão dos serviços da Rede de Urgência e Emergência, nos últimos três meses, tivemos um incremento de 60 novos leitos de UTI na região. São esforços conjuntos dos entes federados para beneficiar a população de toda a região ampliada de saúde. Avançamos, mas ainda temos muito a avançar para deixar um legado e impactar na qualidade de vida das pessoas”, pontuou o superintendente.

Dois anos de Samu Triângulo Norte em números

Municípios que fazem parte: Abadia dos Dourados, Araguari, Araporã, Cachoeira Dourada, Campina Verde, Canápolis, Capinópolis, Cascalho Rico, Centralina, Coromandel, Douradoquara, Estrela do Sul, Grupiara, Gurinhatã, Indianópolis, Ipiaçu, Iraí de Minas, Ituiutaba, Monte Alegre de Minas, Monte Carmelo, Nova Ponte, Patrocínio, Prata, Romaria, Santa Vitória e Tupaciguara.

Por Lilian Cunha