Com o início do verão e da temporada de chuvas, a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) alerta para a importância de se adotarem ações para prevenir e combater o mosquito Aedes aegypt. O inseto é o transmissor dos vírus da dengue, da zika e da chikungunya e é preciso eliminá-lo para o controle de casos dessas doenças. Nesse contexto, a participação de todos é fundamental para que se atinja esse objetivo.

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A população ajuda no combate ao mosquito ao eliminar os pontos “clássicos” de retenção de água das chuvas nos domicílios, tais como ralos, calhas, vasos de plantas e pneus. Mas também é essencial que sejam verificados os demais recipientes, como os vasilhames que servem de bebedouro aos animais de estimação, os cães e os gatos, por exemplo.

A orientação é reforçada pela Coordenadora Estadual de Vigilância das Arboviroses da SES-MG, Danielle Capistrano. “As pessoas pensam que bastaria trocar a água desses recipientes, mas isso não é suficiente. É preciso lavar com água e sabão. A fêmea do mosquito deposita seus ovos na parede desses vasilhames, que aderem naquela superfície. Com a água colocada ali, esses ovos podem eclodir e termos o início do ciclo até a fase do mosquito adulto”, informa Danielle.

De acordo com a coordenadora, o ideal é que os recipientes sejam lavados com bucha e sabão, visando a remoção completa dos ovos do mosquito. “Considerando que o ciclo tem uma duração média de 7 (sete) dias, recomenda-se que seja feita a limpeza com frequência. Quando temos temperaturas mais altas, pode ocorrer a aceleração do ciclo, situação em que seria recomendável a higienização por, pelo menos, duas vezes na semana”, explica.

Monitoramento

Com o objetivo de divulgar os dados e as informações precisas para a população mineira, a SES-MG publica semanalmente o Boletim Epidemiológico – Arboviroses Urbanas: Dengue, Chikungunya e Zika no site www.saude.mg.gov.br

No cenário atual, Minas Gerais registrou 814 casos prováveis de dengue em 2022, sendo 178 confirmados até o dia 20 de janeiro. Em relação à febre chikungunya, foram registrados 27 casos prováveis da doença, sendo um deles confirmado. Já em relação à zika, há um caso provável e nenhum confirmado. Não foram confirmados óbitos por dengue, chikungunya ou zika, em Minas Gerais, este ano.

Ao analisar os dados, nota-se que as primeiras Semanas Epidemiológicas de 2022 não apresentam um número de casos muito elevado. Esse fator, contudo, não exclui o risco de ainda termos uma epidemia neste período sazonal que se iniciou em dezembro de 2021 e vai até junho de 2022. O volume de chuvas que Minas Gerais recebeu neste mês de janeiro podem provocar muitos focos de criadouros. “A legislação determina que os municípios possuem 7 dias para lançamento dos registros de casos. Sendo assim, durante as próximas semanas é que devemos ter um panorama de como a transmissão dessas doenças deve se manifestar nesse momento do ano”, explica a coordenadora.

Danielle Capistrano alerta que Minas Gerais vivenciou ciclos epidêmicos de dengue em 2010, 2013, 2016 e 2019 e, considerando a série histórica, um novo período de alta de casos pode ser desencadeado em 2022. “Nós monitoramos a circulação laboratorial e o índice de infestação de mosquitos de forma regionalizada, entre outras medidas, visando mensurar os riscos e o comportamento dessas doenças nesta estação do ano. O clima quente e úmido é muito favorável para que o Aedes se prolifere e devemos evitar isso ao máximo”, diz a coordenadora.

Um ponto de alerta é o aumento de casos de chikungunya entre 2020 e 2021. “É importante lembrar que houve um surto dessa doença em 2017 e posteriormente uma queda no número de casos. Esse é um fator que chama atenção. Essa é mais uma razão para que possamos eliminar os possíveis criadouros, ficarmos atentos ao descarte de inservíveis, atenção aos ferros-velhos”, ressalta a coordenadora. Em 2021, houve registro de 5.565 casos prováveis de chikungunya em Minas, dos quais 4.293 foram confirmados.

Ações estratégicas e repasses

Desde o final de 2021, a SES-MG vem se preparando para enfrentar o período sazonal de transmissão das arboviroses. Uma das ações foi a publicação da Resolução SES-MG nº 7.733, de 22 de setembro de 2021, que institui as ações estratégicas e o repasse de incentivo financeiro aos municípios para auxiliar no enfrentamento da dengue, zika, chikungunya e febre amarela. Está previsto o repasse de R$ 40 milhões para os municípios.

As ações estratégicas têm como objetivo intensificar as medidas de prevenção, de monitoramento, de controle e de resposta no enfrentamento das arboviroses antes e durante seu período sazonal. Assim, são realizadas ações integradas de saúde considerando os seguintes eixos: vigilância (epidemiológica, entomológica, controle vetorial e laboratorial); comunicação em saúde e mobilização social; assistência (atenção primária à saúde, atenção secundária e terciária e assistência farmacêutica); e gestão (articulação intersetorial, logística de insumos e pactuação entre os governos municipais e o estado).

Por Ramon Santos