Durante entrevista coletiva presencial concedida no início da tarde desta quinta-feira (21/5), no prédio Tiradentes, na Cidade Administrativa, em Belo Horizonte, a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) apresentou o cenário epidemiológico da Covid-19 no território estadual. Segundo informe publicado no sítio eletrônico da pasta, Minas Gerais contabiliza 5.596 casos confirmados, com  2.484 em acompanhamento. Outros 2.921 registros são classificados como recuperados e há 191 óbitos confirmados. Para os gestores de saúde, a situação apresentada pelo Estado confirma que a doença se mantém controlada, o que foi alcançado pelo distanciamento adotado de forma precoce. 

Crédito: Pedro Gontijo

“Nós temos observado em Minas um discreto aumento de casos confirmados e óbitos, dentro das nossas projeções. Ainda teremos um pico, mas essas projeções estão dentro das expectativas, dentro do que nós estamos medindo. Em relação a esses óbitos, nós acompanhamos desde o início da epidemia os óbitos que são notificados, por data de sua notificação. Na média, 3,6 óbitos por dia foram registrados desde o início da epidemia. Nos últimos dias, essa média foi para 4,5 óbitos, sempre levando em conta a data da constatação do óbito”, analisou o secretário de Estado de Saúde, Carlos Eduardo Amaral. 

O secretário também ressaltou a função do Hospital de Campanha montado nas dependências da Expominas e sob gestão da Polícia Militar. “O Hospital de Campanha é um dos últimos recursos a serem utilizados, caso ocorra uma aceleração muito grande da epidemia. Enquanto estiver fechado, significa que estamos com epidemia sob controle”, declarou. Em complemento, o subsecretário de Vigilância em Saúde, Dario Brock Ramalho, destacou que a estrutura somente será ativada num último estágio dentro das possibilidades previstas no Plano de Contingência. “O Plano Estadual traz cinco níveis dentro da epidemia. Só no caso de colapso é que ele viria a receber pacientes, sendo que ele não é uma porta de entrada. Ele não pensado para substituir estruturas estabelecidas, mas sim como retaguarda para esvaziar a linha de frente de atuação na epidemia”, adicionou. 

Amaral explicou o trâmite para informação dos óbitos à SES, estabelecendo diferenças entre situações nas quais o paciente já contava com diagnóstico, por exemplo, em decorrência do tempo de internação e outros casos em que o paciente perde a vida logo após procurar os serviços de saúde. “No primeiro caso, por terem sido feitos os exames, analisada a situação clínica, já há diagnóstico. Mas no segundo caso, se a pessoa chega ao hospital e uma hora depois morre, não há tempo para que se tenha essa confirmação”, informou.

De acordo com o secretário, a SES estimula que os hospitais encaminhem cópia da declaração de óbito o mais rápido possível. “De uma forma geral, o que tendemos receber mais rápido é pelos hospitais, mas esse comunicado precisa ser tratado, precisamos ter a certeza de que a causa do óbito foi realmente a Covid-19. Precisamos buscar o que aconteceu, exames, suspeita diagnóstica, triagem, realizar todo esse processo de análise antes da confirmação. Ainda precisamos eliminar duplicidades, pois as Secretarias Municipais podem comunicar o mesmo óbito, é natural que esse trabalho demande algum tempo. Ressaltamos o critério. Mesmo que o caso entre em boletim hoje, vai ser considerado aquele dia em que foi constatado óbito”.

Testes

Também foram abordadas questões sobre a política de testes, uma vez que a ampliação a outros públicos depende de aquisição de insumos em contexto de disputa internacional. “A estrutura global foi sobrecarregada. Insumos que antes custavam R$ 0,33, agora são vendidos a 5 reais, outros chegam a 55 reais. Portanto essa situação deve estar equacionada para que possamos ampliar os testes”, salientou o subsecretário, Dario Ramalho.

O subsecretário ainda ressaltou que se trata de momento raro, em termos históricos, não sendo fruto de uma situação específica do estado ou do país. “A pandemia da Covid-19 é a maior dos últimos 100 anos, com único paralelo na gripe espanhola. Gera desafios sem precedentes para nossa geração, que vai desde como lidar com a epidemia, bem como resolver a questão dos insumos. A sociedade mineira tem sido exemplar, a resposta tem sido muito boa. A despeito de uma certa incredulidade com relação ao bom desempenho, com questionamentos sobre os testes, não há escassez para o critério atual. O que não conseguimos alcançar ainda é a testagem ampla para pacientes leves, fatores que podem permitir a ampliação da testagem”, avaliou. 

Minas Consciente

O secretário Carlos Eduardo Amaral avaliou a adesão, até o momento, dos municípios ao Programa Minas Consciente. No momento da entrevista coletiva, 34 municípios adotaram formalmente o programa, mas o número está em constante atualização. “Nós esperamos que, mesmo que não haja adesão formal, que haja observância das diretrizes estabelecidas no programa”. 

O secretário adjunto de Estado de Saúde, Marcelo Cabral, destacou que o programa propõe a retomada adequada da atividade econômica e preservação da vida e da saúde da população. “Nós destacamos, para aqueles que não venham eventualmente aderir, que permanece o que está previsto na Deliberação nº17 do Comitê Extraordinário para enfrentamento à Covid-19. Os entes municipais têm suas autonomias e a adesão ao Minas Consciente deve ser feita por meio de decreto municipal”, completou. 

Por Ramon Santos