Vinte e oito de julho é considerado o Dia Mundial de Luta Contra as Hepatites Virais. A data é uma homenagem ao médico americano e cientista Dr. Baruch Blumberg, nascido nesse dia. O estudioso foi vencedor do Nobel de Fisiologia ou Medicina, em 1976, pela descoberta do vírus da hepatite B, desenvolvimento do teste diagnóstico e da vacina para esse tipo da doença. O movimento serve de reforço quanto à prevenção e cuidados que devem ser tomados para assegurar a qualidade de vida da pessoa com hepatite viral.
As hepatites virais são infecções que afetam o fígado, e podem levar desde alterações leves, moderadas ou graves ao organismo humano. Geralmente, a maioria dos pacientes não apresentam sintomas, por isso, é considerada uma doença silenciosa. Os sinais mais comuns das hepatites virais são o cansaço, febre, mal-estar, tontura, enjoo, vômitos, dor abdominal, pele e olhos amarelados, urina escura e fezes claras. No Brasil, as hepatites mais comuns são causadas pelos vírus A, B e C, há ainda o vírus D que é encontrado com maior frequência na região Norte do país. Já o vírus da hepatite E é o menos comum no Brasil, sendo mais recorrente na África e na Ásia.
Como parte de sua missão de participar do fortalecimento do Sistema Único de Saúde (SUS), a Fundação Ezequiel Dias (Funed) também atua no combate à doença. A instituição realiza os exames de assistência e monitoramento de pacientes com vírus das hepatites B e C, por meio do Laboratório de Carga Viral que pertence ao Laboratório Central de Saúde Pública de Minas Gerais (Lacen-MG).
Segundo a Referência Técnica em HIV, Hepatites Virais e CTNG (clamídia e gonococo), do Serviço de Virologia e Riquetsioses (SVR) da Funed, Patrícia Loures, o Laboratório de Hepatites Virais é referência estadual nesses agravos, pois são realizados na instituição os exames de diagnóstico de casos suspeitos de todo o estado, por meio da plataforma automatizada de quimiluminescência. “Além do diagnóstico, é realizado os exames de assistência e monitoramento de indivíduos portadores dos vírus das Hepatites B e C, por meio do Laboratório de Carga Viral. Esse laboratório faz parte da Rede Nacional de Carga Viral de Hepatites Virais do Ministério da Saúde (MS). Utilizamos uma plataforma automatizada de biologia molecular, que utiliza a metodologia de PCR em tempo real, permitindo a quantificação do RNA ou DNA do vírus em amostras de plasma”, explica.
É por meio desse exame que é possível monitorar a evolução clínica das pessoas infectadas pelo vírus da hepatite B ou C. Além disso, a referência técnica do SVR, lembra que esses dados em conjunto com a análise da apresentação clínica e outros marcadores de laboratório como o indicador prognóstico da doença são essenciais para avaliação da resposta viral e tratamento por meio do acompanhamento dos níveis plasmáticos do RNA e DNA
A Fundação também é responsável pela produção do Entecavir 0,5 mg, primeiro medicamento genérico do país utilizado no tratamento de infecção crônica do fígado causada pelo vírus da hepatite B. Segundo o assessor da Diretoria Industrial (DI) da Funed, Marcus Vinicius de Castro Lima, o medicamento é produzido pela Funed, desde abril de 2020, em parceria com o Instituto de Tecnologia em Fármacos (Farmanguinhos/Fiocruz), no Rio de Janeiro, e está disponível pelo Sistema Único de Saúde (SUS), sendo distribuído pelo MS em todo território nacional.
Ainda de acordo com Marcus, foram entregues 5,440 milhões de comprimidos para o Governo Federal em 2023. “O Entecavir é um antiviral alternativo para o tratamento da hepatite B. Normalmente é indicado para pacientes com contraindicação para o Tenofovir. Nesse caso, há um ganho enorme na qualidade de vida da pessoa que enfrenta a cirrose”, complementa.
Hepatites virais no estado
Dados da Secretaria Estadual de Saúde (SES-MG) revelam que os casos de hepatites virais de forma geral vêm aumentando no estado. Quando se trata da hepatite A, por exemplo, nos últimos três anos, foi de aproximadamente 0,2/100.000 habitantes. Já, em relação a hepatite B e C, é necessário considerar a taxa de detecção. Na hepatite B esse índice variou de 3,5 a 4,0/100.000 habitantes no período de 2021 a 2023. A hepatite C foi 4,1 no ano de 2021, 4,9 no ano de 2022 e 5,4 no ano de 2023.
A Hepatite B e C são transmitidas basicamente da mesma forma por meio de relações sexuais sem preservativo com a pessoa infectada. A mãe infectada com os vírus também pode transmitir a doença para o bebê durante a gestação ou no momento do parto. O uso compartilhado de material infectado como: seringas, agulhas e cachimbos usados no consumo de drogas é outra via transmissora dos vírus. Os profissionais da saúde ainda fazem o alerta quanto aos itens de higiene pessoal, reforçando que não é recomendável partilhar lâminas de barbear, objetos de depilação, bem como escovas de dentes, alicates de unha ou outros perfurocortantes. Esse cuidado deve ser observado em locais que fazem tatuagens e inserção de piercings, ou em procedimentos odontológicos ou cirúrgicos, por isso, é indispensável atender às normas de biossegurança.
Ainda de acordo com a SES-MG, o maior número de notificações de hepatite B foi em homens, entre 35 e 49 anos, residentes em Belo Horizonte, Juiz de Fora e Teófilo Otoni. Os homens também são os mais acometidos pela hepatite C, entre 50 e 64 anos, com mais casos nos munícipios de Belo Horizonte, Juiz de Fora e Contagem. Quando se trata da hepatite A, na maioria das vezes, a doença tem cura com recuperação total do fígado. Em relação às hepatites B e C o quadro pode evoluir para a cirrose hepática e até maior incidência de câncer no fígado. A pasta lembra que a prevenção é a melhor forma de evitar as hepatites B e C.
Essas variantes da doença são um problema global de saúde pública, tanto que um levantamento da Organização Mundial de Saúde (OMS), de 2017, indica que sem tratamento essas doenças além de causar a cirrose, podem levar à insuficiência hepática e câncer hepático, sendo responsáveis por 96% de todos os óbitos por hepatites virais.
Saiba como se prevenir das hepatites virais: