A febre maculosa é uma doença endêmica em Minas Gerais, causada por bactérias do gênero Rickettsia e transmitida ao homem pela picada do carrapato-estrela. Embora ocorra com mais frequência nos períodos de seca, especialmente entre os meses de abril e outubro, pode ser notificada durante todo o ano. Como não existe vacina, a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) informa à população que adotar medidas de prevenção e controle do parasita transmissor é fundamental para se evitar a doença.
Apesar de o número de ocorrências deste ano em Minas Gerais estar dentro do esperado – foram confirmados 11 casos e quatro óbitos no Estado em 2023 –, a doença apresenta alto índice de letalidade, o que reforça o alerta da SES-MG. “Em caso de surgimento de sintomas com histórico de picada por carrapato, a pessoa deve procurar o serviço de saúde imediatamente para diagnóstico e início precoce do tratamento”, explica Mariana Gontijo, coordenadora de Zoonoses e Vigilância de Fatores de Risco Biológicos da SES-MG.
A coordenadora explica que os principais sintomas são febre, dor de cabeça intensa, náuseas e vômitos, diarreia e dor abdominal, dor muscular constante, inchaço e vermelhidão nas palmas das mãos e sola dos pés, gangrena nos dedos e orelhas, além de paralisia dos membros que se inicia nas pernas podendo chegar até os pulmões, causando parada respiratória.
Com a evolução da doença é comum também o aparecimento de manchas vermelhas nos pulsos e tornozelos, que não coçam, mas que podem aumentar em direção às palmas das mãos, braços ou solas dos pés.
O tratamento é realizado com antibióticos e deve ser iniciado de forma precoce, nas fases iniciais da doença, como forma de evitar óbitos e complicações.
No ciclo de transmissão da bactéria Rickettsia, o carrapato se contamina ao sugar o sangue de animais infectados, tais como as capivaras. No homem, o período de incubação da doença (intervalo de tempo entre o primeiro contato com o carrapato contaminado até o início dos sintomas), em geral, é de aproximadamente 2 a 14 dias. Se não tratada, a doença pode evoluir rapidamente para o óbito.
A SES-MG mantém ações constantes e rotineiras de monitoramento e vigilância de casos humanos. A Secretaria também realiza a vigilância ambiental de áreas de risco e divulga notas informativas e materiais educativos às Unidades Regionais de Saúde e aos municípios para alertar os profissionais sobre os sintomas da doença.
“As ações têm por objetivo prevenir e diminuir a mortalidade. A população, quando atenta às principais características e sintomas, tem condições de iniciar o tratamento de forma precoce, evitando óbitos e complicações causadas pela doença”, reforça Mariana.
Os casos de febre maculosa são registrados em todo o Estado, porém costumam ser mais comuns nas regiões Centro, Vale do Aço, Leste e Leste do Sul. Todo caso suspeito requer notificação compulsória à autoridade de Saúde e investigação epidemiológica, por se tratar de doença grave.
Prevenção
A principal forma de prevenir a febre maculosa é evitar o contato com o carrapato, mais comum no período de seca. Eis algumas orientações úteis, sobretudo em caso de frequência em campos e pastos onde há animais silvestres, como pacas e capivaras, ou de manejo de gado, cavalos, cabras ou mesmo de cães e gatos infestados pelo parasita transmissor:
· Uso de repelentes à base da substância Icaridina, que são eficazes na prevenção de picadas por carrapatos;
· Uso de roupas de cor clara, vestimentas longas e calçados fechados (preferencialmente com meias brancas e de cano longo);
· Uso de equipamentos de proteção individual nas atividades ocupacionais (capina e limpeza de pastos);
· Evitar se sentar e deitar em gramados em atividades de lazer como caminhadas, piqueniques, pescarias etc;
· Examinar o corpo periodicamente, tendo em vista que quanto mais rápido o carrapato for retirado do corpo, menor a chance de infecção;
· Se verificados carrapatos no corpo, retirá-los com leves torções e com o auxílio de pinça, evitando o contato com unhas e o esmagamento do animal;
· Utilização periódica de carrapaticidas em cães, cavalos e bois, conforme recomendações de profissional médico veterinário;
· Limpeza e capina periódica de áreas de vegetação passíveis de cuidados.