Ainda com alta incidência de casos de dengue na macrorregião de Saúde Triângulo Sul, a Superintendência Regional de Saúde (SRS) de Uberaba, por meio do Comitê Regional de Enfrentamento das Arboviroses (CREArbo), vem acompanhando a situação dos municípios da região, a fim de apoiar medidas de controle do Aedes aegypti e o manejo clínico adequado das doenças transmitidas pelo mosquito. O Comitê também monitora notificações de casos, resultados laboratoriais, internações, óbitos, índices de infestação do mosquito, ações de educação e mobilização social, além de outros aspectos importantes sobre as doenças.

Neste momento, os 27 municípios da SRS Uberaba totalizam 19.395 casos notificados de dengue, com 13 óbitos em investigação, sendo 8 confirmados, além de 720 casos notificados de chikungunya e 243 casos notificados de zika, de acordo com Painel de Monitoramento de Casos da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG), consultado em 31 de maio. Para compreender de forma mais aprofundada quais os principais depósitos de ovos e larvas de mosquitos encontrados nos municípios da região, durante a realização do Levantamento de Índice Rápido de Aedes aegypti (LIRAa/LIA), a equipe de vigilância ambiental da SRS Uberaba realizou uma pesquisa sobre os criadouros predominantes.

Agente de Endemias de Uberaba em trabalho de campo - Foto: Prefeitura Municipal de Uberaba

 

LIRAa/LIA

Os levantamentos rápidos de índice de infestação, LIRAa ou LIA, são métodos simples que, por amostragem, permitem uma estimativa da situação dos municípios quanto à presença de ovos, larvas e criadouros dos mosquitos. Estes levantamentos são feitos em todo o país, em períodos específicos, e de forma padronizada. No mês de maio, foi finalizado o segundo levantamento do ano.

Os resultados do LIRAa/LIA, revelam o Índice de Infestação Predial (IIP%) do mosquito em cada bairro, e no município como um todo, classificando em situação satisfatória (< 1,0), de alerta (2,0 – 3,9) ou de risco (> 3,9), além dos criadouros predominantes em cada localidade. É importante lembrar que, embora os índices tenham baixado em todos os municípios, devido à diminuição das chuvas, a circulação dos vírus ainda ocorre.

 

Grupos de depósitos considerados potenciais criadouros para Aedes aegypti 

Grupo A1: Depósito de água elevado, ligado à rede pública ou sistema de captação mecânica em poço, cisterna ou mina d’água – caixas d’água, tambores, depósitos de alvenaria. 

Grupo A2: Depósitos ao nível do solo para armazenamento doméstico – tonel, tambor, barril, tina, depósitos de barro (filtros, moringas, potes), cisternas, caixas d’água, captação de água em poço/cacimba/cisterna. 

Grupo B: Depósitos móveis – vasos/frascos com água, pratos, garrafas retornáveis, pingadeira, recipientes de degelo em geladeiras, bebedouros em geral, pequenas fontes ornamentais, materiais em depósitos de construção (sanitários estocados, canos, etc.), objetos religiosos/rituais. 

Grupo C: Depósitos fixos – tanques em obras de construção civil, borracharias e hortas, calhas, lajes e toldos em desnível, ralos, sanitários em desuso, piscinas não tratadas, fontes ornamentais; cacos de vidro em muros, outras obras e adornos arquitetônicos (caixas de inspeção/passagens). 

Grupo D1: Pneus e outros materiais rodantes (câmaras de ar, manchões).

Grupo D2: Resíduos sólidos (recipientes plásticos, garrafas PET, latas), sucatas, entulhos de construção.

Grupo E: Naturais – exemplo: axilas de folhas (bromélias, etc.), buracos em árvores e em rochas, restos de animais (cascas, carapaças, etc.).

Fonte: Levantamento Rápido de Índices para Aedes aegypti - LIRAa - Para Vigilância Entomológica do Aedes aegypti no Brasil - Ministério da Saúde (2013) 

Panorama SRS Uberaba

 

 

 

 

Casos e óbitos por dengue, chikungunya e zika, retirados do Boletim Epidemiológico de Arboviroses Urbanas da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) do dia 29/05/2023.  

Comitês Municipais de Enfrentamento às Arboviroses 

O objetivo dos Comitês Municipais de Enfrentamento às Arboviroses, é promover o acompanhamento contínuo das estratégias de controle vetorial dos casos notificados e confirmados de arboviroses, a assistência aos pacientes e outras ações necessárias ao enfrentamento do Aedes aegypti. Devem ser formados por segmentos diversos da sociedade, e não apenas profissionais da saúde, permitindo uma melhor representação, e o desencadeamento de ações de combate e prevenção por parte desses segmentos. A Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) indica reuniões semanais durante o período epidêmico. 

O Comitê Regional de Enfrentamento das Arboviroses da SRS Uberaba também monitorou, durante a pesquisa de campo, a existência de comitês e a frequência de reuniões nos municípios, verificando que todos têm comitês formados, mas a maioria realiza encontros de forma irregular e, às vezes, pouco frequente. A SRS Uberaba incentiva a ativação desses comitês em todos os municípios. 

O superintendente regional de saúde de Uberaba, Eurípedes Leitão, explica que a pesquisa foi desencadeada pela necessidade de conhecer melhor o cenário e divulgar, de forma mais direcionada, a situação das arboviroses na região. Segundo ele, “o Estado de Minas e as Secretarias Municipais de Saúde têm trabalhado incansavelmente no combate ao mosquito, mas a população precisa fazer seu papel. Sabemos que a maior parte dos criadouros ainda estão dentro das residências, motivo pelo qual, este trabalho só terá êxito com a parceria das pessoas, e uma das formas efetivas de participação social é por meio dos comitês”.

 

Por Sara Braga