Uma parceria entre a Superintendência Regional de Saúde (SRS) de Passos e a Universidade do Estado de Minas Gerais (Uemg), promoveu curso de capacitação para profissionais da Atenção Primária à Saúde (APS) para a prevenção ao suicídio. O “I Curso de Capacitação para Assistência e Prevenção da Violência Autoprovocada” – criado por uma professora da Uemg, campus de Passos – foi realizado com encontros presenciais e atividades por plataforma virtual, entre fevereiro e maio.

De acordo com a superintendente da SRS Passos, Kátia Rita Gonçalves, a parceria com a Uemg foi uma oportunidade para os profissionais da APS dos municípios da região se aprofundarem na temática, contribuindo para ampliar os cuidados na saúde mental dos usuários dos serviços de saúde. “Outro ponto de destaque é que a violência autoprovocada é um grave problema de saúde pública, que pode se manifestar de diversas formas e alcançar qualquer indivíduo, independente da condição social, etinia, sexo e faixa etária”, disse.

Ainda segundo Kátia Gonçalves, “estimativas globais apontam que a violência autoprovocada tem obtido visibilidade, o que pode ser verificado no incremento da notificação deste agravo ao longo dos anos”, disse. Para ela, a notificação é um potente instrumento para prover informações cada vez mais qualificadas sobre perfis, fatores de risco, e de proteção, além de vincular as vítimas à rede de cuidados às pessoas em situação de risco, gerando mais eficácia na prevenção de novas ocorrências. “A formação de redes de acolhimento e cuidado é desafio que deve ser enfrentado regional e localmente para a promoção da saúde e prevenção do agravo”, ressaltou a superintendente.

O curso de capacitação foi coordenado pelas referências técnicas da Coordenação de Atenção à Saúde (CAS) Gilmar Antônio Batista Machado e Jaqueline Silva Santos, da SRS Passos.

Atividades de encerramento dos encontros presenciais do curso - Foto: Ascom SRS Passos

 

Curso híbrido

O curso foi híbrido, dividido em três módulos, com atividades assíncronas (ferramentas de comunicação que se caracterizam por não serem realizadas em tempo real) disponíveis em plataforma virtual e três encontros presenciais, segundo sua autora, Aline da Conceição Silva – doutora em enfermagem psiquiátrica e docente da Uemg – campus de Passos.

“Para cada encontro presencial foram convidados especialistas da região para somar no diálogo e construção de reflexões e possibilidades para promoção de saúde mental e prevenção da violência autoprovocada”, explicou Aline Silva.  “O curso vem das atividades de pesquisa e extensão que são desenvolvidas na Universidade do Estado de Minas Gerais e conta com a participação voluntária de estudantes e professores do curso de enfermagem”, frisou.  

 Os módulos do curso compreendem: violência autoprovocada, acolhimento e notificação compulsória, além de promoção de saúde mental na APS. Os participantes puderam realizar as atividades de acordo com o tempo de cada um, tendo disponíveis em plataforma virtual e nos encontros presenciais o material de estudo, fóruns, estudo de caso, e espaço para dúvidas.

 

Matriciamento

No encerramento dos encontros presenciais, o tema trabalhado foi “Promoção da saúde mental na Atenção Primária à Saúde: o matriciamento como ferramenta promotora”. Em 15 maio, foram encerradas as atividades por plataforma virtual.

“Os encontros presenciais apresentaram-se como momentos de aprendizado, troca de experiências e discussões sobre a temática no cotidiano de trabalho das equipes de Atenção Primária à Saúde de municípios da Superintendência Regional de Saúde de Passos, o que pode proporcionar ampliação do olhar do profissional no âmbito da saúde mental da população”, avaliou a referência técnica em saúde mental da CAS/SRS Passos, Gisele Graziella de Paula Silva.

Para as psicólogas da Equipe do Núcleo Ampliado de Saúde da Família e Atenção Primária (eNasf-AB) de Piumhi, Kelly Cristina do Prado e Márcia Maria Santos Fernandes, a capacitação foi uma oportunidade de enriquecimento profissional. Segundo Kelly Cristina, o curso despertou as equipes de APS para um novo olhar da interligação entre a saúde primária e a secundária. “Eu vejo que a gente precisa melhorar muito ainda nesse vínculo, e que venha agregar com conhecimento para levar para nosso município e se adequar, para melhorar a vida dos nossos pacientes e da comunidade em geral”, disse.

Por Enio Modesto