Para prestar apoio e sensibilizar gestores, referências técnicas municipais da Saúde do Trabalhador e o Centro de Referência em Saúde do Trabalhador (Cerest) de Ubá, foi realizada videoconferência sobre “Vigilância do câncer relacionado ao trabalho” com representantes dos 31 municípios jurisdicionados pela Unidade Regional de Saúde (URS) de Ubá, no dia 14 de outubro. A iniciativa contou com a apresentação da Coordenação da Saúde do Trabalhador do nível central da SES-MG e a parceria com Instituto Nacional do Câncer (Inca), propondo um cronograma de execução de ações que ampliem o monitoramento dos casos de neoplasias que estão relacionados à atividade ou ambiente laboral, além de promover mobilizações que previnam o surgimento desse tipo de agravo nos trabalhadores.

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De acordo com dados divulgados pelo Inca, existem hoje 79 agentes cancerígenos conhecidos nos ambientes laborais e 38 tipos de câncer relacionados ao trabalho como a leucemia, uma doença maligna dos glóbulos brancos, ocasionada, entre outros fatores, pela exposição a substâncias como aminas aromáticas, radiação ionizante e benzeno.

Contexto Regional

No âmbito da URS Ubá, “ foram identificados 51 casos de leucemias no Registro Hospitalar do Câncer dentro do período de 2015 a 2019. Deste total, 16 casos são residentes em Ubá e 11 em Muriaé, e o restante distribuído em municípios diversos. Neste sentido, é essencial realizar a investigação epidemiológica a fim de verificar se o desenvolvimento da doença tem relação com exposição a fatores de risco para leucemias nos ambientes de trabalho”, informou Maria Célia Motta Gressi, referência técnica em Saúde do Trabalhador da URS Ubá.

“Diante desses dados, explicamos aos gestores, referências técnicas (RT) municipais e Cerest Ubá sobre a importância de realizarmos uma pactuação conjunta sobre prazo necessário para a devolutiva das investigações epidemiológicas de casos, envio do formulário com o levantamento do histórico ocupacional e notificação no Sinan - Sistema de Informação de Agravos de Notificação. Tudo isso é importante para garantir o direito dos trabalhadores e seu atendimento em saúde e seguridade social, e por isso de extrema relevância que os profissionais do SUS estejam atentos ao processo adequado”, completou Maria Célia.

Mesmo em situações de troca de função, emprego ou aposentadoria, o trabalhador pode desenvolver câncer relacionado à sua atividade laborativa e apresentar sinais e sintomas da doença muito tempo depois. “É um tema de alta relevância social. Então, mobilizar os serviços de saúde das Secretarias Municipais para atuarem de forma proativa, por meio da investigação dos casos, é primordial. Tivemos um público expressivo e acredito que teremos bons resultados desta sensibilização”, falou Cristiane Moreira Magalhães Andrade, servidora da Coordenação de Saúde do Trabalhador, nível central da SES-MG.

Por fim, foi aberto espaço para que as RT apresentassem dúvidas, o que permitiu que Lívia Franco, de Tabuleiro, pontuasse questões relevantes de seu município. “Foi muito proveitosa a videoconferência, e no final pude dirimir dúvidas. Um bom momento de sensibilização para fazermos uma Vigilância em Saúde do Trabalhador cada dia mais efetiva”, disse.

Para dar continuidade ao trabalho, está prevista para novembro a proposição da “Trilha de Conhecimento sobre Saúde do Trabalhador”, em reunião a ser agendada com as referências técnicas municipais, com intuito de reforçar a estratégia de vigilância e de prevenção a neoplasias.

 

Por Keila Siqueira de Lima

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