O Banco de Leite Humano (BLH) da Maternidade Odete Valadares (MOV), referência em Minas Gerais, está completando 35 anos e há muito que comemorar. Ao longo desse tempo, a unidade da Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig), distribuiu mais de 126 mil litros de leite a 54.600 bebês prematuros, nascidos não só na MOV, mas em todo Estado, além de ter prestado atendimento a 588 mil gestantes e puérperas e promovido uma série de cursos e eventos internos e externos sobre a importância do aleitamento.

“Atualmente, temos cadastradas mais de 130 doadoras diretas da MOV, além das doadoras dos nossos oito postos de coleta no interior do Estado. Além de realizarmos todo o trabalho de promoção e apoio ao aleitamento materno e de processamento e distribuição do leite humano pasteurizado, também prestamos assessoria e fazemos o monitoramento de todos os bancos de leite e postos de coleta de Minas Gerais, para avaliar se eles estão funcionando de acordo com as exigências da lei específica. Atendemos mães com dificuldades na amamentação, com traumas e fissuras mamilares, desmame precoce, desmame tardio, mastite e todos os casos relacionados à mama puerperal. Também realizamos o curso ‘Casal grávido’ e capacitamos profissionais da MOV e de Minas Gerais com o curso ‘Manejo clínico do aleitamento materno’, que é uma das obrigações do nosso banco de leite enquanto referência estadual”, explica a coordenadora do Banco de Leite Humano da MOV, Maria Hercília Barbosa.

Ela aproveita para lembrar ainda a importância do leite materno para todos os bebês “O leite humano contém todos os nutrientes necessários para o bebê crescer forte e saudável: vitaminas, proteínas, sais minerais, ácidos graxos, anticorpos de defesa, entre outros inúmeros benefícios, tudo na medida certa. Ele ainda protege contra diarreias, infecções respiratórias e alergias e também diminui o risco de hipertensão, colesterol alto, diabetes e obesidade. Além da amamentação no peito promover maior vínculo afetivo entre mãe e filho”, afirma a coordenadora.

Amor compartilhado

Patrícia Faria Moraes de Araújo Gonçalves, mãe dos trigêmeos Fernando, Laura e Luiza, hoje com cinco anos, é uma das inúmeras mães que se sentem gratas pelas doações. “Foi grande a frustração de não conseguir produzir alimento, ainda mais para três. Mas aprendi que, na vida, nem sempre a gente pode tudo. Existem muitas coisas além do nosso controle. Mas, principalmente, existem anjos anônimos, cujos nomes eu jamais vou saber, mas que compartilharam o amor e o alimento para que meus três pacotinhos pudessem ter acesso ao milagre do leite materno. Graças a essas mães que doaram seus leites, meus filhos hoje são crianças saudáveis, fortes, lindas e espertas. Tenho uma eterna e imensa gratidão pela Maternidade Odete Valadares, em especial pelo seu banco de leite”, diz emocionada.

Acolhimento

Lorena Maria Mazzieiro Souza, mãe do João Marcelo de seis meses, também só tem a agradecer pelo atendimento recebido no banco de leite da maternidade.“Procurei a unidade por indicação do meu médico, pois estava com mastite. Fui super bem atendida, desde a recepção até as profissionais que me examinaram e me orientaram. Levei meu filho, que na época tinha quatro meses, e elas, então, me ensinaram como encaixar a pegada dele no meu seio para eu tivesse menos dor. No outro dia eu já estava melhor e voltei para ser examinada novamente. Depois, ainda retornei mais três vezes, por problemas diferentes, e em todas elas me senti muito acolhida e segura”, conta.

E completa: “É um momento em que nos sentimos muito frágeis perante tantas mudanças no corpo e na rotina, agora cheia de responsabilidades. E as meninas que me atenderam foram ótimas, super profissionais e humanas. Fico muito feliz em saber que se trata de um serviço público e que toda a população, inclusive eu, pode ter acesso a algo de tamanha excelência. Só reforça ainda mais a questão de que a amamentação é responsabilidade de toda a sociedade. Afinal, é impossível uma mãe seguir em frente sozinha, sem mecanismos e grupos que auxiliem no processo de amamentação. E o Banco de Leite da MOV tem um papel muito importante nisso”, afirma Lorena.

Doações

A coordenadora Hercília garante que todo o processo de doação é muito seguro e deve ser estimulado, mesmo em tempos de pandemia. “Temos a RDC 171 de 2006, da Anvisa, que regulamenta o funcionamento dos bancos de leite humano em todo o país e é rigorosa em relação ao controle de qualidade. Também não aceitamos doação de mães que estejam com sintomas gripais ou com a covid-19. Elas só podem voltar a doar 15 dias após estarem completamente recuperadas. Por isso, é muito seguro todo o processo”, explica.

O atendimento na unidade continua sendo realizado com agendamento prévio e, com isso, também não foi afetado durante a pandemia. Já o atendimento domiciliar sofreu alterações. “Deixamos todo o material necessário para coleta na porta da casa da doadora, fazemos o seu cadastro por telefone e recebemos todos os exames por e-mail”, esclarece Hercília.

As mães que desejarem se cadastrar como doadoras ou que estejam com dificuldades no aleitamento podem entrar em contato com o posto de coleta da Maternidade Odete Valadares (MOV) pelos telefones (31) 3298-6008 ou 3337-5678.

Evento

Para celebrar os 35 anos do seu Banco de Leite Humano, a MOV vai realizar amanhã (19/10), às 19h30, um evento on-line. Na ocasião, serão discutidos temas de grande relevância para os profissionais de saúde que trabalham com aleitamento materno e banco de leite humano.

“Reunimos questionamentos que temos recebido com frequência. Serão temáticas muito importantes para o banco de leite e para quem trabalha com aleitamento. Um momento de ampliação do conhecimento científico. Por isso, o evento será aberto a todos que quiserem participar. Esperamos abranger o maior número de profissionais possível”, afirma a coordenadora do BLH/MOV.

O evento contará com palestras sobre microbioma do leite humano, ministrada pelo presidente global da Rede Brasileira de Bancos de Leite Humano, João Aprígio Guerra de Almeida, vencedor de vários prêmios de saúde pública, nacionais e internacional; sobre o manejo do aleitamento materno e a laserterapia, com Kelly Pereira Coca; e sobre aleitamento materno e drogas ilícitas, com Edson Aprígio Guerra de Almeida.

Para participar, é necessário se inscrever pelo site da Sympla, onde também é possível conferir a programação completa. As vagas são limitadas e a inscrição é gratuita.

 

Por Aline Castro Alves /Fhemig

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