Com a aproximação do período mais quente do ano, ocorre o aumento da proliferação de pernilongos/muriçocas (gênero Culex), acompanhado de incômodo proporcional causado na população. Com isso, cidades da Gerência Regional de Saúde (GRS) de Ubá têm registrado crescente número de pedidos de aplicação de inseticida por meio do método UBV - Ultra Baixo Volume (fumacê), tanto da comunidade como também de Câmaras de Vereadores.

Diante disso, a GRS Ubá enviou para as secretarias municipais de saúde a Nota Técnica nº 11/SES/SUBVS-SVE-DVAT-CEVARB/2020, que trata sobre as orientações para a operacionalização e justificativas para o uso do UBV, que deve ser utilizado somente para bloqueio de transmissão e para controle de surtos e/ou epidemias provenientes do vetor Aedes aegypti.

Mutirão de limpeza, em agosto 2021, no município de Rio Pomba.

Fumacê

A aplicação do UBV é uma ação de caráter emergencial diante de situações de relevância em saúde pública, como epidemia de dengue.  “O uso sem critérios do fumacê impacta o meio ambiente, causando mortes dos insetos polinizadores tais como abelhas, vespas e borboletas; além dos predadores naturais que exercem a função de controladores das populações de vetores.

Outra consequência negativa é a seleção de populações de mosquitos resistentes ao produto utilizado, dificultando a interrupção da transmissão pelo controle químico quando realmente for necessário”, ressaltou Hélcio Carlos Gonçalves Cruz, referência técnica em Endemias da GRS Ubá, alertando que o fumacê só elimina insetos em voo, ou seja, os ovos e as larvas não são atingidos e renovam sempre a população de adultos.

Controle populacional

O combate a esses insetos passa por medidas de saneamento básico, como limpeza de córregos e beiras de rio, e medidas naturais como chuvas regulamentares, pois os pernilongos se reproduzem em ambientes como esgoto, água empoçada e em vasilhames expostos em lixos.  “É de fundamental importância que a população exerça seu papel na contribuição da limpeza da própria cidade.

Pequenas atitudes como evitar jogar lixo no chão, não deixar entulhos e nem móveis abandonados e separar lixo orgânico do reciclável podem facilitar muito a manutenção da limpeza das ruas. Já o poder público deve atuar principalmente em período não epidêmico, adotando os métodos de controle como visita a residências e imóveis, áreas que concentram grande número de criadouros produtivos e funcionam como dispersores”, destacou Hélcio.

O conjunto de atividades emergenciais adotadas em situações de surtos ou epidemias das arboviroses (dengue, zika, chikungunya e febre amarela urbana) deve ser simultâneo com as demais ações de controle, principalmente a eliminação de criadouros de mosquitos.  “O incômodo que os mosquitos causam é grande, porém, eliminar somente os que estão em voo e a um custo ambiental altíssimo não é a solução. Infelizmente, o Brasil enfrenta regularmente os períodos em que a dengue e as outras doenças causadas pelo Aedes aumentam exponencialmente, quando pode ser aplicado o UBV e há uma sensação de alívio. Porém, visto que os criadouros não foram eliminados, o cenário se repete. Por isso, reforçamos junto aos gestores a importância de seguir o Plano de Contingência das Arboviroses e, com a população, esclarecemos que pequenas atitudes diárias, como verificar os vasilhames dentro de casa e no quintal, são imprescindíveis para conter o avanço populacional dos pernilongos”, disse Fábio Vieira Ribas, coordenador de Vigilância em Saúde da GRS Ubá.

“A equipe está alinhada com as demandas regionais, propondo pautas que atendem à realidade vivenciada pelos gestores. Um trabalho muito importante que a equipe de Endemias tem realizado é a visita a todos os 31 municípios da nossa área de jurisdição para acompanhar e avaliar a aplicação dos Planos Municipais de Contingência das Arboviroses Urbanas, bem como também auxiliar na construção deste instrumento de intervenção técnica nas cidades que ainda não o possui. Certamente, prevenir com planejamento em Vigilância em Saúde é a melhor opção”, finalizou o diretor da GRS Ubá, Franklin Leandro Neto.

Check-list para combater a proliferação de mosquitos:

  • Lixeiras sempre tampadas;
  • Quintal sem lixo e entulhos, garrafas e baldes de cabeça para baixo;
  • Reservatórios de água do ar-condicionado, geladeira e umidificador secos e vazios;
  • Deixe ralos limpos e com aplicação de tela;
  • Não usar pratinhos que acumulam água para vasos de plantas;
  • Pote para água de animais devem ser limpos com bucha ou escova;
  • Mantenha limpos os ralos, canaletas e calhas;
  • Realize manutenção periódica de piscinas e caixas d’água;
  • Coloque plantas que acumulam água, como a bromélia e outras, em local coberto.
  • Deixe lonas bem esticadas, evitando formação de poças d’água;
  • Não utilize garrafas pet com gotejador em plantas que tenham aberturas que o mosquito possa entrar para colocar ovos.

Divulgação

 

Por Keila Siqueira de Lima