Organização Mundial de Saúde (OMS), com o objetivo de chamar a atenção das pessoas sobre a questão da alergia, criou a data8 de julho como Dia Mundial da Alergia. Segundo dados da Associação Brasileira de Alergia e Imunologia, cerca de 30% dos brasileiros (quase 64 milhões de pessoas) possuem algum tipo de alergia.

Crédito: Leandro Heringer

O Sistema Único de Saúde (SUS) oferece serviços multidisciplinares e complementação alimentar para alérgicos. Fórmulas especiais são fornecidas pelos municípios, bem como orientação e acompanhamento médicos. Em Belo Horizonte, o serviço é oferecido na Unidade de Referência Secundária Saudade e conta com uma equipe multiprofissional, composta por médicos (pediatra, alergologistas e gastroenterologista), nutricionistas, enfermeiras, assistente social, farmacêutica e equipe administrativa. Na Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig) há o Serviço de Pneumologia e Alergia Pediátrica do Hospital Infantil João Paulo II em que são realizadas várias ações, incluindo acompanhamento de vacinação em crianças alérgicas, por exemplo, a ovo.

Diego completa 9 anos em 9 de julho. Com alergia alimentar múltipla – leite, ovo, amendoim - com forma severa, convive com limitações alimentares desde o nascimento. Ele já ingeriu, acidentalmente, produtos que o levaram a internações até por choque anafilático. Contudo, ciente da situação, antes de comer, sempre pergunta aos pais se pode. “Alergia é chata. É muito perigoso. Meus pais têm muito cuidado comigo e sempre perguntam aonde vamos se as comidas têm leite, ovo ou amendoim”, afirma com feição séria. A alergia é um limitador alimentar, mas não impede o desenvolvimento em outras áreas. “Não deixo a alergia ser o principal na minha vida. Não me define. Gosto de jogar videogame, ver Youtube e brincar. Estudo muito também. Tenho boas notas. Isso não tem nada a ver com alergia”, diz com sorriso no rosto. Cristiana Cunha Peixoto, mãe de Diego, ressalta a importância da Resolução Da Diretoria Colegiada nº26 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) de 2 de julho de 2015. “Colocar no rótulo a existência de produtos alergênicos foi fundamental. Muitas vezes, os próprios ingredientes são informados em letras pequenas e de forma que dificulta a leitura. Antes da resolução da informação do rótulo, era possível que, sem saber, déssemos alimento perigoso às crianças alérgicas”, ressalta.

Alergia Alimentar

Segundo a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), alergia alimentar é uma entidade clínica resultante de reações imunológicas após a ingestão de proteínas alimentares, em indivíduos previamente sensibilizados. Ocorre em cerca de 8% das crianças. Os alimentos mais frequentemente envolvidos são o leite de vaca, ovo, trigo e soja, sendo responsáveis por cerca de 90% dos casos.

Crédito: Leandro Heringer

As manifestações clínicas podem ocorrer de três formas. A primeira é denominada “Mediadas por IgE ou imediatas” e ocorre, dentro de minutos até duas horas após a ingestão do alimento. As manifestações incluem urticária e angioedema, hipersensibilidade gastrointestinal imediata, síndrome oral alérgica e anafilaxia. São as formas mais comuns de alergia alimentar. A segunda forma é chamada de “Não-mediadas por IgE ou tardias” surgem horas após ingerir o alimento sendo as manifestações mais comuns a doença celíaca, enteropatia induzida por proteína e dermatite herpetiforme. A categoria “Mista” é a última forma de manifestação sendo comuns as ocorrências de dermatite atópica, esofagite eosinofílica, gastrite e enterocolite eosinofílicas e asma.

O último Consenso Brasileiro sobre Alergia Alimentar foi realizado pela Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e a Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (Asbai), em 2018.

Anafilaxia

Anafilaxia é uma reação alérgica sistêmica, grave e rápida, desencadeada geralmente por uma substância, chamada alérgeno, e se caracteriza pela diminuição da pressão arterial, taquicardia e distúrbios gerais da circulação sanguínea, acompanhada ou não de edema da glote e urticária. A reação anafilática pode ser provocada por quantidades minúsculas da substância alergênica. O tipo mais grave de anafilaxia, o choque anafilático, pode ocasionar a morte caso não seja tratado.

Alergia e covid-19

A semelhança de sintomas entre alergias e covid-19 pode ser motivo de confusão. Espirros e coceira, por exemplo, são comuns na rinite alérgica, enquanto febre, fadiga e falta de ar aparecem na covid-19. Alergistas podem ajudar a aliviar as preocupações dos pacientes, identificando as diferenças entre alergias e covid-19, realizando avaliações e revisões nos tratamentos. O presidente da Organização Mundial de Alergia e PhD, do Hospital Nacional de Sagamihara, no Japão, Motohiro Ebisawa, destacou na Semana Mundial de Alergia 2020, segundo publicado no site da Organização,  a necessidade para o autor cuidado em relação a alergia e asma. “As doenças alérgicas, particularmente asma, podem afetar infecções por covid-19, bem como ser afetadas por elas e nossas tentativas de limitar a propagação do vírus. Os pacientes devem consultar seus médicos sobre como obter os cuidados. A população alérgica precisa, ao mesmo tempo em que limita sua exposição ao vírus, e devem consultá-los imediatamente sobre quaisquer mudanças no estado de saúde. ”

Por Leandro Heringer