A Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) tem a desafiadora missão de fazer chegar a 3.451 salas de vacinação distribuídas em 853 municípios com realidades distintas - enquanto a capital tem 2,5 milhões de habitantes, Serra da Saudade tem 781 - 50 milhões de seringas agulhadas para a campanha de imunização contra a covid-19.

Crédito: Fábio Marchetto

Deste total, 20 milhões já chegaram ao estado e 5,5 milhões já viajam rumo às 28 regionais de saúde por meio de caminhões baús dos Correios com os quais a Secretaria fez contrato de exclusividade. Para atender cada regional são necessários dois destes veículos de 16 metros de comprimento.

De Abadia dos Dourados a Wenceslau Braz; de Juvenília - no extremo Norte de Minas Gerais – ao município de Camamducaia, no sul do estado, todos os municípios serão devidamente abastecidos pela SES-MG para a campanha de vacinação contra o novo coronavírus.

Segundo a subsecretária de Vigilância em Saúde Janaina Passos de Paula, a distribuição dos insumos impõe desafios, como um contexto social atípico e a escassez de itens no mercado. “Por isso, no final do mês de julho, demos início ao processo de compras para aquisição das seringas e agulhas e, atualmente, estamos na fase de recebimento escalonado e dispersão dos itens para as unidades regionais de saúde. Quando as vacinas contra a covid-19 chegarem, os municípios estarão abastecidos com o insumo para darem início à vacinação”, avalia Janaina.

A logística para organizar a imunização da população contra o SARS Cov-2 será semelhante à utilizada nas campanhas contra a Influenza: as seringas agulhadas saem do almoxarifado da Secretaria e da Rede Estadual de Frio do estado. A partir destes pontos são transportados a cada uma das regionais de saúde, que contactam os municípios. Eles são responsáveis por providenciar o recolhimento e armazenamento adequado dos materiais. Para este acondicionamento ideal, inclusive dos imunizantes que ainda não foram definidos pelo Ministério da Saúde, a SES-MG providenciou o reforço da segurança e da rede elétrica da Rede de Frio central e adquiriu 617 câmaras frias, com capacidades entre 200 e 400 litros, que deverão ser entregues, pelos fabricantes, nas localidades determinadas. Nestes equipamentos foram investidos R$ 4 milhões.

Para o sucesso da distribuição de insumos será necessário até mesmo estar em dia com a meteorologia para evitar que os caminhões transportadores fiquem presos em alguma parte do trajeto: até março, no Brasil, é verão, portanto, temporada de chuvas. Defesa Civil, Bombeiros, Exército e Polícia Militar prestarão apoio logístico às operações, que poderão contar, também, com aeronaves. 

A coordenadora de Imunização da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais, Josianne Dias Gusmão, reforça que a partilha de seringas, agulhas e vacinas será feita de forma equânime, com o quantitativo calculado conforme os grupos populacionais prioritários definidos pelo Ministério da Saúde, de forma que nenhum município receba mais ou menos itens ou imunizantes. “A logística é cuidadosamente estabelecida para que o processo favoreça, sem distinção, a toda população”, assegura Josianne.

De onde vem as seringas e agulhas

De Manaus, na fábrica Saldanha Rodrigues, para Minas Gerais; 2.860 quilômetros é a distância que as seringas agulhadas, que têm validade de cinco anos, percorrem por meio de balsa, pelo rio Amazonas, estradas de terra e rodovias, antes de serem entregues nos almoxarifados da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais. A previsão é de que até meados de março os 50 milhões de itens adquiridos por meio de licitação não emergencial com investimento de R$ 35,15 milhões cheguem ao estado.

Por Raquel Ayres