A partir das 16h de hoje, sexta-feira (13/11), a Superintendência Regional de Saúde (SRS) de Montes Claros realizará o Webnário Regional de Prevenção e Detecção Precoce do Câncer de Boca. A iniciativa da Coordenadoria de Atenção à Saúde (CAS) fará transmissão pelo Youtube e terá como público-alvo profissionais de saúde que atuam nos serviços de atenção primária dos 86 municípios que integram a macrorregião de saúde do Norte de Minas e de outras regiões do Estado.

A cirurgiã dentista, mestre em cuidado primário em saúde e referência técnica de saúde bucal da SRS de Montes Claros, Denise Silveira, lembra que “os serviços de atenção primária se constituem a porta de entrada dos usuários no Sistema Único de Saúde (SUS) e, por isso, tem importância fundamental no sentido de detectar lesões de boca e encaminhar os pacientes para a realização de exames de biópsia”, pontua.

As lesões benignas são tratadas nos serviços de atenção primária, nos Centros de Especialidades Odontológicas (CEO’s) ou nas clínicas de estomatologia da Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes) ou das Faculdades Integradas Pitágoras. Já os casos fortemente sugestivos de câncer são encaminhados para tratamento nas Unidades de Assistência de Alta Complexidade (Unacons) da Santa Casa de Montes Claros e do Hospital Dílson Godinho.

O Webnário será aberto por Denise Silveira com apresentação das experiências da macrorregião de saúde do Norte de Minas na atenção às lesões de boca. Em seguida “O Papel dos Agentes Comunitários de Saúde na Prevenção e Detecção Precoce do Câncer de Boca” será tema de palestra da pesquisadora e mestre em cuidado primário em saúde, Viviane Maia. Já o “Desafio da Prevenção e Diagnóstico Precoce na Atenção Primária à Saúde” será abordado pela cirurgiã dentista e mestre em estomatologia, Sabina Pêgo. O Webnário será encerrado pelo médico especialista em cirurgia de cabeça e pescoço, Cláudio Marcelo Cardoso que falará sobre “O Impacto do Diagnóstico Precoce no Tratamento Oncológico: Perspectiva da Cirurgia”.

Crédito: Pedro Ricardo

Busca ativa

Neste mês, a SRS/Montes Claros recomendou às secretarias municipais de saúde a realização de ações que visem qualificar e fortalecer o papel dos Agentes Comunitários de Saúde (ACS) na busca ativa das pessoas com câncer de boca, considerando que se trata de uma doença cujos fatores de risco, sinais e sintomas podem ser facilmente ensinados e percebidos pela população, impactando fortemente na prevenção e na detecção precoce.
“Ressalta-se que muitos casos de câncer de boca no Norte de Minas têm sido identificados em pessoas que pouco ou nunca frequentaram uma unidade de saúde e, assim, o papel do agente comunitário de saúde torna-se primordial nesse processo”, destacou a SRS em ofício enviado aos municípios.

Entre outras propostas de ações a Superintendência Regional de Saúde sugere que os municípios realizem capacitações dos agentes comunitários de saúde quanto aos fatores de risco, sinais e sintomas da doença; utilização pelos ACS da planilha de alerta para registro de todas as pessoas com risco de desenvolver a doença (sexo masculino, com mais de 45 anos de idade, tabagistas ou etilistas; e pessoas de pele clara apenas em relação ao câncer de lábio); acolhimento e avaliação clínica das pessoas com sinais e sintomas identificados pelos ACS e na demanda espontânea; confecção e disponibilização de materiais educativos, dando prioridade a ferramentas informatizadas, tais como vídeos rápidos, TikTok, folder, entre outros materiais gráficos.

Além disso, a SRS sugere aos municípios o envolvimento de todas as equipes de saúde da família na apresentação e discussão dos dados epidemiológicos dos casos notificados de câncer de boca, a fim de que o diagnóstico da doença seja viabilizado de forma cada vez mais precoce.

Prevenção

Segundo o Ministério da Saúde (MS), por ano, a estimativa de novos casos de câncer de boca é de 14,7 mil notificações, sendo 11,2 mil em homens e 3,5 mil em mulheres. O câncer de boca acomete mais os homens acima dos 40 anos. Um pequeno grupo de pacientes mais jovens, não tabagistas e não alcoólicos pode desenvolver a doença. Pesquisas têm buscado respostas na biologia-molecular para a incidência neste grupo, porém ainda não há resposta sobre o assunto.

O câncer de boca é uma doença que pode ser prevenida de forma simples, desde que seja dada ênfase à promoção da saúde, melhoria dos hábitos alimentares, cessação do tabagismo, aumento do acesso aos serviços de saúde e diagnóstico precoce das lesões pré-malignas.
Hábitos de vida saudáveis são importantes na prevenção do câncer de boca: abstenção de cigarro e de bebidas alcoólicas; dieta rica em alimentos saudáveis; boa higiene oral e autoexame bucal. A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que a prevenção pode ajudar a reduzir a incidência de câncer de boca em até 25% até 2025.

Sintomas

Os principais sinais que devem ser observados são: lesões na cavidade oral ou nos lábios que não cicatrizam por mais de 15 dias; manchas/placas vermelhas ou esbranquiçadas na língua, gengivas, palato (céu da boca), mucosa jugal (bochecha); nódulos (caroços) no pescoço; rouquidão persistente. Nos casos mais avançados observam-se os seguintes sintomas: dificuldade de mastigar e de engolir; dificuldade na fala e sensação de que há algo preso na garganta.

Diante de alguma lesão que não cicatrize em um prazo máximo de 15 dias, deve-se procurar um profissional de saúde (médico ou odontologista) para a realização do exame completo da boca. A visita periódica ao dentista favorece o diagnóstico precoce do câncer de boca, porque é possível identificar lesões suspeitas. Pessoas com maior risco para desenvolver câncer de boca (fumantes e consumidores frequentes de bebidas alcoólicas) devem ter cuidado redobrado.

Se diagnosticado no início e tratado da maneira adequada, a maioria dos casos desse tipo de câncer (80% deles) tem cura. Geralmente, o tratamento envolve cirurgia oncológica e/ou radioterapia. A avaliação médica, conforme cada caso, vai decidir qual a melhor forma de tratamento. Os dois métodos podem ser usados de forma isolada ou associada. As duas técnicas têm bons resultados nas lesões iniciais e a indicação vai depender da localização do tumor e das alterações funcionais que possam ser provocadas pelo tratamento. As lesões iniciais são aquelas restritas ao local de origem.

Por Pedro Ricardo