Nesta quinta-feira (9/7), a Secretaria de Estado da Saúde de Minas Gerais (SES-MG), por meio da Superintendência Regional de Saúde de Montes Claros (SRS), iniciou um trabalho de mobilização dos 54 municípios que integram a área de atuação para a realização de ações relativas à campanha Julho Verde, voltada para o controle do câncer de cabeça e pescoço.

Esses tumores são uma denominação genérica do câncer que se localiza em regiões como boca, língua, palato mole e duro, gengivas, bochechas, amígdalas, faringe, laringe (onde é formada a voz), esôfago, tireoide e seios paranasais. Entre os principais fatores para o desenvolvimento da doença estão o tabagismo e o consumo de álcool, responsáveis por 80% dos casos. A infecção pelo Papilomavírus Humano (HPV), má higiene dental e desnutrição, também, se constituem fatores de risco para o surgimento do câncer de cabeça e pescoço.

Por meio de ofícios encaminhados às secretarias municipais de saúde, a Coordenadoria de Atenção à Saúde da SRS de Montes Claros sugere que os serviços de atenção primária façam a busca ativa das pessoas que apresentam maior risco para o desenvolvimento do câncer de cabeça e pescoço (tabagistas, etilistas, idade superior a 45 anos e sexo masculino, além de, pessoas de cor clara para detecção do câncer de pele).
A referência técnica em odontologia da SRS, Denise Silveira, lembra, que dentre as ações de mobilização, os municípios têm a opção de disponibilizar materiais informativos para a população sobre o câncer de cabeça e pescoço, além da utilização de meios de comunicação – emissoras de rádio e televisão –, bem como as redes sociais. Além disso, os municípios poderão capacitar agentes comunitários de saúde quanto aos sinais e sintomas do câncer de cabeça e pescoço, a fim de que tenham condições de intensificar o repasse de orientações à população e, com isso, viabilizar o encaminhamento dos casos suspeitos para atendimento nos serviços de saúde.

“Orientamos que os serviços de atenção primária dos municípios desenvolvam, de forma multiprofissional, o Julho Verde por meio da execução de ações de educação em saúde na modalidade à distância, a fim de oferecer, à população, as orientações necessárias para realizarem a autoavaliação e identificação dos fatores de risco, sinais e sintomas do câncer de cabeça e pescoço. A ênfase deve ser dada às pessoas que têm maior risco para o desenvolvimento da doença”, explica Denise Silveira.

A partir da identificação de casos suspeitos de câncer de cabeça e pescoço, por meio dos serviços de atenção primária, os pacientes são encaminhados para atendimento especializado nas Unidades de Atendimento de Alta Complexidade (UNACONS), sediado na Santa Casa de Montes Claros e no Hospital Dílson Godinho. Neste mês, essas instituições também estão implementando uma série de atividades, entre elas a realização de lives e videoconferências para a capacitação de profissionais.

A doença

A Sociedade Brasileira de Cirurgia de Cabeça e Pescoço (SBCCP) chama a atenção da população para a importância da prevenção do câncer, bem como a urgência de implementação de políticas públicas voltadas para o controle dessa doença. “A infecção pelo Papilomavírus tem contribuído, nos últimos anos, com o aumento na incidência dessa doença. A infecção pelo HPV é um importante fator de desenvolvimento do câncer de faringe. Uma das formas de contágio por essa infecção é por meio da prática do sexo oral e em pessoas com múltiplos parceiros sexuais”, explica o cirurgião de cabeça e pescoço e presidente da SBCCP, Fernando Walder.

Segundo estimativas do Instituto Nacional do Câncer (Inca), por ano, surgem cerca de 41 mil novos casos da doença. Estudos brasileiros demonstram que cerca de 7% da população pode ter infecção pelo HPV detectada na boca. Com uma população estimada em 200 milhões de pessoas, esse percentual representa cerca de 14 milhões de brasileiros em risco de desenvolver a doença.

Diagnóstico precoce

A SBCCP ressalta que o diagnóstico precoce e o rápido início do tratamento são fundamentais para a cura do câncer de cabeça e pescoço. Um dos principais problemas para o tratamento é o diagnóstico tardio, que ocorre em 60% dos casos, deixando sequelas no paciente.

Segundo levantamento do Inca, o câncer de boca, laringe e demais sítios é, hoje, o segundo mais frequente entre os homens, atrás somente do câncer de próstata. Nas mulheres, prepondera o câncer da tireoide, sendo o quinto mais comum entre elas. Também, atinge fumantes e pessoas que fazem uso frequente de bebidas alcoólicas. Porém é cada vez mais frequente o diagnóstico da doença em jovens com idade inferior a 45 anos, sem a exposição a esses fatores, com tumores originados pelo HPV.

09-07JULHO VERDE LOGOMARCA

 

Imagem - Sociedade Brasileira de Cirurgia de Cabeça e Pescoço

Por Pedro Ricardo