A diferença entre os números do Boletim Epidemiológico emitido diariamente pela Secretaria de Estado da Saúde de Minas Gerais (SES-MG) e os números dos boletins municipais pode ser explicada pela metodologia de verificação dos casos confirmados, com o repasse ou não - por parte dos municípios - destes dados para o sistema em tempo real. Atualmente, a equipe do Boletim Epidemiológico/Sala de Situação SES-MG analisa todas as informações sobre os casos notificados nos Sistemas de Informação E-SUS VE e Sivep-Gripe, bem como dados laboratoriais registrados no Sistema de Gerenciamento Laboratorial (GAL), laudos de laboratórios particulares, dados referentes a testes rápidos registrados nos sistemas de informação e no link notifica.exames.

Após a organização desta informação em uma planilha matriz, a mesma é enviada, todos os dias, para as 28 Unidades Regionais de Saúde que irão, juntamente com os municípios da sua área de abrangência, corrigir casos ou informações, validar e enviar para a Sala de Situação do nível central para que sejam feitas as análises pertinentes.

Paralelo a esse processo de trabalho para o Boletim Epidemiológico, os municípios devem notificar e investigar os casos suspeitos e confirmados para covid-19 nos sistemas de informação em saúde (E-SUS VE para casos leves e SIVEP-GRIPE para casos graves e óbitos). A partir deste lançamento, feito on-line, este dado passa a integrar os dados da SES-MG. No entanto, pode acontecer do município não executar o procedimento imediatamente, ou até demorar dias para fazê-lo. O que já explica um gargalo desta contabilidade.

“No início da pandemia, a metodologia adotada conseguiu realizar todos os levantamentos de informações para avaliação diária. Porém, com o avanço da pandemia e aumento do número de casos, o processo vem sofrendo um estrangulamento”, avalia a coordenadora da Sala de Situação da SES-MG, Janaína Passos.

Além do descompasso entre as notificações nos sistema on-line, a coordenadora considera que a recepção de uma outra planilha, preenchida diariamente, pelos municípios, também constitui mais uma possibilidade de desvio, visto que não traz números absolutos. “Se levarmos em conta que o estado tem 853 municípios e cada um deles, no decorrer da pandemia, deixar de lançar dois casos no sistema, já teremos uma diferença de 1700 casos entre os dados exibidos pela SES-MG e os dados dos municípios”, considera ela.

Para minimizar as defasagens e ter um retrato o mais fiel possível à realidade, a Sala de Situação/SES-MG vem estudando a atualização da metodologia, que deve ser apresentada para as Unidades Regionais de Saúde, segundo a coordenadora da Sala de Situação. Concomitante, a SES-MG continua a fomentar o preenchimento do ESUS VE e do SIVEP-GRIPE. “Assim, teremos reunidos os dados para o Boletim Epidemiológico e demais informações nos sistemas oficiais. Entretanto, a pandemia é muito dinâmica. E se levarmos em conta o tamanho do estado, sempre haverá uma certa diferença entre os números registrados no município e na Secretaria de Estado da Saúde. Os dados do município são sempre mais atuais, pois são eles que fazem o acompanhamento caso a caso, em tempo real”, considera Janaína.

Por Raquel Ayres