O secretário de Estado de Saúde de Minas Gerais, Carlos Eduardo Amaral, e o subsecretário de Vigilância em Saúde, Dario Ramalho, participaram de coletiva virtual na tarde desta terça-feira (26/5), na Cidade Administrativa. Na ocasião repercutiram assuntos relacionados à evolução da covid-19 no estado.

Crédito: Pedro Gontijo

Ao abordar o aumento dos casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), Carlos Eduardo Amaral reforçou que há inúmeras hipóteses sobre o crescimento e este fato pode estar relacionado à maior sensibilidade em notificar casos de SRAG, à circulação de outros vírus sazonais e à circulação da covid-19 na população mundial. Além disso, as equipes técnicas da secretaria buscam outros meios para a avaliação do cenário.

“Essa elevação da SRAG não se traduz na elevação dos casos da covid-19, até o momento. O percentual de positividade da doença nas amostras de SRAG é muito baixa. As internações, os números de atestados de óbitos por causa respiratórias, todos estão menores do que os registrados em 2019. Temos uma série de análises, que quando vistas de uma forma mais global, nos permite enxergar que a ascensão das notificações por SRAG não se traduzem, nesse momento, em covid-19. Isso tudo é fruto do adiamento da curva da doença em Minas Gerais”, disse.

Ainda conforme o secretário de Saúde, “quando fazemos a avaliação global da situação de como está a epidemia nesse momento é importante avaliar a SRAG, os óbitos, mas precisamos ter uma avaliação global. Atualmente, temos instituições que estão com leitos ociosos e, isso é uma informação indireta, de que efetivamente não estamos tendo um excesso de casos covid-19 e excesso de demanda hospitalar”, complementa.

Ao falar sobre os critérios utilizados para avaliação desse aumento, Dario Ramalho Brock, reforçou sobre a importância de se utilizar outros meios para a captação desses dados, principalmente, os de óbitos. “A tentativa de notificar a SRAG e ver a inclinação da curva é um dos meios que tentamos enxergar a evolução da epidemia. Quando fazemos uma análise de vigilância, não utilizamos apenas um critério, mas vários. Quando se pega os dados de registros de óbitos em cartório do ano de 2019, observamos que os casos por SRAG aumentaram de 2019 para 2020. Mas quando você pega todas as causas de doenças respiratórias somadas, como pneumonia, influenza e até a covid-19, o número cai em comparação a 2020”, explica.

Ainda, segundo Brock, além do Sistema de Informação da Vigilância Epidemiológica da Gripe (SIVEP-Gripe), do Ministério da Saúde, “a captação de óbitos também ocorre por outros meios, como telefone, e-mails, whatsapp. O Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde de Minas Gerais (CIEVS-MG), que é o plantão da Vigilância, tem uma série de outros mecanismos para captar de forma mais sensível e mais célere óbitos por covid-19 no estado”, completa.

Ao finalizar, o secretário Carlos Eduardo Amaral reforçou que é importante lembrar que a propagação do vírus vai acontecer no país todo, ela já era esperada. Como o vírus tem uma transmissão importante, ele vai chegar também nas cidades do interior do estado. “Para isso, a SES-MG vem se preparando há um tempo, por meio dos nossos planos de contingência macrorregional, onde temos quais as estruturas hospitalares serão utilizadas para o enfrentamento da Covid-19 e, em qual momento, essas estruturas seriam recrutadas para o atendimento da demanda naquela região. Esse tipo de estruturação é o que define o que será feito em cada região, caso seja necessário”, finaliza.

Subnotificação

De acordo com o Governo de Minas Gerais, não existe subnotificação no Estado relacionada a casos sintomáticos e suspeitos de Covid-19 que procuram atendimento ambulatorial. Conforme protocolo estabelecido pelo Ministério da Saúde, e seguido por todos os estados, são testados todos os casos suspeitos de Covid-19. A subnotificação, como no mundo todo, pode ocorrer em pacientes assintomáticos que não procuram atendimento hospitalar. Foi justamente focando neste grupo que o subsecretário de Vigilância em Saúde, Dario Ramalho, se espelhou quando disse que apenas um em cada 10 casos suspeitos podem ser de coronavírus. Prova de que não existe subnotificação de casos que procuram por atendimento é que a rede hospitalar mineira apresenta ocupação de 69% de leitos de UTI sendo 8,5% de casos de Covid-19.

O Governo reitera ainda que, em 2020, houve redução de 8,53% de mortes em decorrência de doenças respiratórias em Minas Gerais. Segundo os dados do portal da transparência dos Cartórios de Registro Civil do país, de janeiro até a última sexta-feira (22/5), 40.537 óbitos foram registrados no Estado. No mesmo período, em 2019, foram 44.318 mortes.

A plataforma considera como doenças respiratórias: Covid-19, síndrome respiratória aguda grave (SRAG), pneumonia, insuficiência respiratória, septicemia, além de causas indeterminadas e demais óbitos. Todos esses casos são testados e verificados pela Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) para certificar se estão relacionados à infecção por coronavírus ou não.

Importante destacar que a SRAG pode estar relacionada a diversas doenças, como, por exemplo, câncer de pulmão.

Em relação à testagem, importante esclarecer que a realização para coleta de amostra é indicada para os seguintes grupos:

a) Amostras provenientes de unidades sentinelas de Síndrome Gripal (SG) e Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG);

b) TODOS os casos de SRAG hospitalizados;

c) TODOS os óbitos suspeitos;

d) Profissionais de saúde sintomáticos (neste caso, se disponível, priorizar Teste Rápido e profissionais da assistência direta);

e) Profissionais de segurança pública sintomáticos (neste caso, se disponível, priorizar Teste Rápido);

f) Por amostragem representativa (mínimo de 10% dos casos ou 3 coletas), nos surtos de SG em locais fechados (ex: asilos, hospitais, etc);

g) Público privado de liberdade e adolescentes em cumprimento de medida restritiva ou privativa de liberdade, ambos sintomáticos.

Considerando esse universo de pessoas que são testadas, a demanda atual de amostras encaminhadas para o diagnóstico da covid-19 não tem excedido a capacidade laboratorial do Estado de processar os exames. Ressalte-se, contudo, que um dos fatores que, no momento, impede a ampliação da testagem é a alta demanda para aquisição, em contexto de disputa internacional, o que seria necessário para direcionamento dos testes a outros públicos, além daqueles que já têm a coleta determinada pelo protocolo.

De acordo com o subsecretário de Vigilância em Saúde, Dario Ramalho Brock, dentro de uma lógica de vigilância é natural supor que você tem algum grau de subdetecção e subnotificação para qualquer patologia e em qualquer momento. “Em qualquer doença sempre existirão inúmeras pessoas que não teremos a capacidade de ter o diagnóstico de todas elas. No caso da covid-19, como é uma doença de transmissão assintomática, é muito natural supor uma taxa maior. Muitos indivíduos têm quadros leves e assintomáticos e passam despercebidos, ou seja, não passam por unidades de saúde, não realizam exames e não são detectados. Isso é um dos motivos que essa pandemia é tão desafiadora e tão global para toda a sociedade”, explica.

Cloroquina

Em relação ao uso do medicamento cloroquina e hidroxicloroquina, foi desenvolvido um protocolo assistencial destinado aos profissionais de saúde e que já utiliza o uso da medicação para os casos graves de covid-19. O protocolo contém um fluxograma com orientações para o atendimento de pacientes com suspeitas de Covid-19. O fluxograma não é normativo, mas contém orientações onde, de uma forma geral, o estado, recomendava, baseado sempre na avaliação médica, fazer o uso do medicamento nos casos graves.

Com a entrada do novo protocolo por parte do Ministério da Saúde, que prevê o uso também para casos leves, o Secretário informa que “para os outros tipos de manifestações clínicas da covid 19, está sendo realizado uma avaliação dentro do nosso Centro de Operações de Emergências em Saúde (COES), composto por epidemiologistas, farmacêuticos e enfermeiros e que estão levantando na literatura e avaliando a realidade de Minas Gerais para saber qual seria o melhor protocolo a ser sugerido para o estado”, afirma.

Testagem

A política estabelecida, atualmente, no Brasil é a testagem dos casos de amostras provenientes de unidades sentinelas de Síndrome Gripal (SG) e Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG); Também são testados todos os casos de SRAG hospitalizados; Óbitos suspeitos; Profissionais de saúde sintomáticos ;Profissionais de segurança pública sintomáticos; nos surtos de Síndrome Gripal em locais fechados (ex: asilos, hospitais, etc) e o público privado de liberdade e adolescentes em cumprimento de medida restritiva ou privativa de liberdade, ambos sintomáticos.

O Secretário ressalta que esse padrão de testagem e acompanhamento dos casos da covid-19 foi estabelecido desde que Minas Gerais e o Brasil foram identificados com padrão de transmissão comunitária. “Todas as pessoas que procuram atendimento médico e que estejam dentro desse padrão estabelecido, elas serão testadas ou orientadas a colher material para o devido encaminhamento aos nossos laboratórios”, esclarece.

Em complementação, o subsecretário de Vigilância em Saúde, reforçou que atualmente há duas metodologias para o diagnóstico e triagem da codiv-19. “A primeira é o PCR, metodologia de biologia molecular, onde é identificado o RNA do vírus. Essa metodologia é voltada para identificar a presença do vírus naquela amostra. A segunda metodologia é o teste rápido, que é uma espécie de sorologia, que identifica anticorpo contra o vírus. É voltado para identificar que a pessoa, em algum momento, teve contato com o vírus. O teste rápido é mais utilizado na triagem do que para o diagnóstico, por suas limitações metodológicas”, complementa.