A Fundação Ezequiel Dias (Funed) está na fase final de implementação do Sistema de Informação Laboratorial (LIS), que vai permitir gerenciar e automatizar processos e dados dos exames para controle de doenças, realizados no Instituto Octávio Magalhães (IOM) – Laboratório Central de Saúde Pública de Minas Gerais (Lacen-MG). Essa é uma demanda antiga dos servidores da Funed, uma vez que traz ganhos não só internos, como para toda a população, facilitando os processos por meio de automação e agilizando a liberação dos resultados.
Atualmente, a gestão dos Laboratórios Centrais de Saúde Pública em todo o Brasil é realizada de forma manual, por meio do Gerenciador de Ambiente Laboratorial (GAL), que é o sistema oficial do Ministério da Saúde. No Lacen-MG, o pregão para aquisição do LIS ocorreu em 11 de dezembro de 2023 e o software adquirido foi o Korus, da empresa Pixeon. Segundo o presidente da Funed, Felipe Attiê, a instituição é pioneira ao implantar o sistema em seus laboratórios. “Somos o primeiro Lacen do Brasil a adotar essa ferramenta e, com isso, estamos abrindo portas para que outros laboratórios também possam modernizar os seus processos e dados. Já somos referência em diversos agravos e, em um futuro bem próximo, seremos também em tempo de liberação dos exames”, afirma o presidente.
A maior expectativa, segundo o diretor do IOM da Funed, Glauco de Carvalho Ferreira, é que o novo sistema possibilite a automatização dos processos e uma maior rastreabilidade das amostras, trazendo ainda mais segurança para as análises de doenças realizadas pelo Lacen-MG. “Isso vai impactar diretamente na melhor gestão dos indicadores que possuímos, como os de repetição, perdas, tempo de liberação, controle da qualidade interno, controle de insumos, entre outros. O que hoje contabilizamos de forma manual, por meio de planilhas, poderá ser emitido por meio de relatórios no sistema”, ressalta.
Glauco considera ainda que a redução do tempo para liberação dos resultados dos exames é um dos principais ganhos que o LIS irá proporcionar. “Isso porque, ao finalizar uma análise, o resultado já é inserido automaticamente no sistema, podendo ser liberado de forma automatizada ou após a verificação por um analista. Assim, será possível eliminar algumas etapas pós-analíticas, agilizando a liberação dos resultados para as autoridades de saúde e, consequentemente, para a população”, frisa.
A coordenadora acrescenta ainda que o GAL continuará sendo utilizado, uma vez que ele é o sistema oficial do Ministério da Saúde. “Os dois sistemas vão funcionar simultaneamente, de forma integrada. Os municípios continuarão cadastrando as amostras dos pacientes no GAL e continuarão buscando os resultados dos exames também nesse sistema. A novidade é que o LIS irá importar toda a informação de cadastro do GAL e exportar os resultados para o GAL”, detalha.
Alguns exames realizados na Funed não são automatizados, ou seja, são realizados de forma manual. “Essas questões não se devem à falta de tecnologia, mas sim pelo fato de o Lacen-MG realizar exames que exigem técnicas específicas, como a soroneutralização para a raiva. Esse é um teste feito em cultura de células, em poucos laboratórios do país, e não existe automação para tal”, exemplifica Josiane.
Esse trabalho de modificação na Application Programming Interface (API) do GAL, que permitirá que os dois sistemas se comuniquem entre si, trocando dados, recursos e funcionalidade, está sendo realizado pela própria Funed e pela empresa Pixeon. A chefe da Divisão de Tecnologia da Informação, Danúbia Luana Ramos, ressalta que a adequação da API do GAL tem um nível de complexidade muito grande, principalmente pelo fato de não ser um sistema da Funed e sim do Datasus. “Como é um sistema proprietário, fornecido pelo Ministério da Saúde, nós não temos o domínio completo do código fonte do software e nem do esquema relacional do banco de dados. Estamos realizando um processo contínuo de análise, modificação e testes rigorosos da API e já estamos na etapa final, para validação pela Pixeon”, frisa.
A gerente do GAL na Funed e responsável pelo projeto de implantação do sistema LIS, Bárbara Luisa de Oliveira e Lima, destaca que, com a conclusão desse trabalho, será realizado o treinamento das equipes. “A expectativa é que, ainda neste semestre, o novo sistema já esteja operando na Funed, de forma integrada e com todas as funcionalidades”, pontua.
Bárbara pontua ainda mais um dos ganhos que o LIS irá possibilitar. “O software possui manuais sobre cada um dos agravos, com orientações sobre como coletar e enviar as amostras, que poderemos disponibilizar a todos os profissionais de saúde. Isso auxilia quem está no atendimento direto ao paciente e também contribui com o nosso trabalho, uma vez que possibilita uma maior assertividade no envio das amostras”, ressalta.