A Gerência Regional de Saúde (GRS) de Ubá, por meio do Núcleo de Vigilância Epidemiológica (Nuvepi), estabeleceu novo fluxo para diagnóstico e tratamento da Leishmaniose Tegumentar (LT) junto a Casa de Saúde Padre Damião, da Fundação Hospitalar de Minas Gerais (Fhemig), com foco principal no diagnóstico precoce e o tratamento oportuno da doença. A homologação do projeto pela Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG), via Núcleo Executivo da Comissão Intergestores Bipartite (CIB) unidades regionais, foi feita em dezembro de 2021 e, a partir de então, os 31 municípios pertencentes às duas microrregiões de Saúde de Ubá e Muriaé passaram a contar com os serviços da Fhemig para diagnóstico laboratorial com exame parasitológico direto, acompanhamento médico e tratamento medicamentoso. Tudo gratuito, pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

Crédito: Keila Siqueira de Lima

A referência regional da Leishmaniose Tegumentar, Jéssica Simões, explica que esta é uma doença infecciosa, transmitida a humanos pela picada das fêmeas de flebotomíneos (espécie de mosca) infectadas. “É considerada um problema de saúde pública em 88 países, entre eles o Brasil, que registra em média 20 mil casos novos por ano. Por isso mesmo, estamos fortalecendo o programa de Vigilância da LT na nossa região, seguindo as diretrizes do Ministério da Saúde (MS), pois merece atenção visto ser um agravo que afeta o emocional e psicológico do paciente, devido ao risco de poder produzir deformidades. E o tratamento, quando não realizado da forma correta, pode gerar complicações e recidiva da doença”, disse Jéssica.

A confirmação da LT por meio laboratorial é fundamental, tendo em vista o número de doenças que fazem diagnóstico diferencial- como, por exemplo, sífilis, hanseníase e esporotricose; com terapias diversas para cada agravo. “Foi uma articulação que a GRS-Ubá realizou com a Fhemig e os gestores dos 31 municípios. Anteriormente, a maioria dos diagnósticos eram realizados por meio do exame histopatológico, que é indicado para diagnostico diferencial. Compreendemos que ter em nosso território o exame parasitológico direto, que agora é feito na Fhemig e que é a 1ª escolha para diagnóstico da LT, otimiza o processo de identificação dos pacientes e início do tratamento. Ressaltando que o parasitológico possui menor custo e é de fácil execução ”, relatou Jéssica.

A melhoria é resultado de um trabalho que foi iniciado em 2020, com a capacitação do bioquímico da Fhemig, Wilson Valente Júnior, no instituto Rene Rachou (Fiocruz Minas). “Aprendemos a realizar o diagnóstico parasitológico direto da LTA e, dessa forma, conseguimos ter suporte técnico para receber a descentralização do diagnóstico. Repassei o treinamento para os demais profissionais do setor e hoje a bioquímica Ingrid Rabite Garcia, também opera este trabalho. Mesmo antes da homologação do fluxo pela SES, já havíamos atendido a 26 pacientes na coleta e análise de material para realização do exame”, relatou Wilson.

Sintomas e encaminhamentos

Os sintomas da LT são lesões na pele e/ou mucosas, sendo únicas, múltiplas, disseminadas ou difusas. Elas apresentam aspecto de úlceras, com bordas elevadas e fundo granuloso, geralmente indolor. As lesões mucosas são mais frequentes no nariz, boca e garganta.

O paciente com esses sintomas deve procurar a Unidade de Saúde mais próxima de sua residência, se submeter a consulta médica, que encaminhará os casos suspeitos para a Fhemig/Ubá. Será feito nova consulta com o médico especialista, que faz a coleta para exame parasitológico direto, incluindo amostras para diagnóstico diferencial, identificando possíveis outros agravos com sintomatologia semelhantes.

Depois do diagnóstico confirmado, o paciente recebe os medicamentos e acompanhamento médico na própria Casa de Saúde Padre Damião, tudo de forma gratuita, pelo SUS. “Nossa instituição tem essa vocação de atender aos agravos relacionados a pele, e é uma grande satisfação para toda equipe podermos ampliar nossos serviços e sermos referência regional em Leishmaniose Tegumentar”, relatou Adelton Andrade Barbosa, diretor hospitalar da Casa de Saúde Padre Damião.

“Trabalhar na lógica de redes de Atenção à Saúde é de fundamental importância. Para isso, buscamos parcerias, como a realizada junto à Fhemig/Ubá, objetivando entregas efetivas que impactam diretamente na qualidade de  vida e na saúde da população”, complementou Franklin Leandro Neto, diretor da GRS-Ubá.

O que é a Leishmaniose Tegumentar

A Leishmaniose Tegumentar é uma doença infecciosa, não contagiosa, que provoca úlceras na pele e mucosas. A doença é causada por protozoários do gênero Leishmania. A doença é transmitida ao ser humano pela picada das fêmeas de flebotomíneos (espécie de mosca) infectadas, pertencentes à ordem Diptera, família Psychodidae, subfamília Phlebotominae, gênero Lutzomyia, conhecidos popularmente, dependendo da localização geográfica, como mosquito palha, tatuquira e birigui, são os principais vetores.

A LT é um problema global de saúde pública, endêmica em 88 países, com mais de 400 milhões de pessoas vivendo em área de risco no mundo. Em decorrência do potencial epidêmico que apresenta, a Organização Mundial de Saúde (OMS) inclui a LT entre as seis doenças infecciosas e parasitárias prioritárias para ações de controle. Nas Américas, essa doença está distribuída desde o Sul dos Estados Unidos até o norte da Argentina.

Importante: A suscetibilidade de infecção por Leishmaniose Tegumentar (LT) é universal. A infecção e a doença não conferem imunidade ao paciente.

Por Keila Siqueira de Lima