Aumenta gravidade dos acidentes de trânsito atendidos pelo Hospital João XXIII durante a pandemia | Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais

O impacto da pandemia teve reflexos também no trânsito, já que visivelmente o número de veículos circulando diminuiu durante o período. Apesar disso, em 2020 foram atendidas 8.402 vítimas de acidentes de trânsito no Hospital João XXIII, da Rede Fhemig, contra 8.345 em 2019. O leve aumento, mesmo com as ruas e estradas mais vazias é, provavelmente, decorrente de muitos atendimentos que, em condições normais, ocorreriam em outros hospitais, inclusive do interior, mas que foram realizados no HJXXIII, devido à sobrecarga das unidades com o atendimento à covid-19.

Além disso, a diminuição de carros nas vias resultou em uma maior gravidade dos casos recebidos na unidade, como observa o cirurgião geral e gerente assistencial do pronto-socorro, Rodrigo Muzzi. “A gravidade dos pacientes que chegaram ao HJXXIII foi maior, o que pode ser explicado pelo aumento da velocidade dos motoristas nas ruas e estradas, gerando, consequentemente, maiores impactos nos acidentes e lesões mais sérias”, aponta o cirurgião geral.

Com o objetivo de chamar a atenção da sociedade para o alto índice de mortes e feridos, em 11 de maio de 2011 a Organização das Nações Unidas (ONU) decretou a Década de Ação para Segurança no Trânsito. A iniciativa inspirou o movimento Maio Amarelo, mês que se tornou referência para o balanço das ações realizadas em todo o mundo.

Apoiador do movimento, que neste ano tem como tema “Respeito e Responsabilidade: Pratique no Trânsito”, o HJXXIII é referência nacional no atendimento a pacientes politraumatizados, sendo a maioria vítimas de acidentes, envolvendo motocicletas e carros de passeio, e de atropelamentos.

Perfil de atendimentos

Apesar de o aumento no número geral de atendimentos por acidentes de trânsito não ter sido significativo, o número de motociclistas assistidos no Hospital João XXIII foi mais expressivo em 2020, quando comparado ao ano anterior. Enquanto em 2019 foram atendidos 4.782 motociclistas, no ano passado foram 5.542 - um crescimento de quase 16%. Desse total, 85% das vítimas foram homens, sendo que 76% tinham entre 20 e 40 anos.

Mesmo que muitas pessoas associem o dado ao aumento de entregadores de aplicativos nas ruas, o cirurgião geral Rodrigo Muzzi acredita que o fato de o HJXXIII ter se tornado a principal referência de trauma na cidade durante este período explique melhor o aumento. “Todo paciente de trauma com maior gravidade, e que não poderia ser encaminhado às UPA’s, foi trazido para cá”, afirma. Enquanto isto, o número de atropelados na unidade reduziu cerca de 13,5% de 2019 para 2020, de 1.488 para 1.283, um reflexo do isolamento social e da redução de pessoas nas ruas. 

Somente no primeiro trimestre de 2021, foram atendidas 1.567 vítimas de acidentes de trânsito no HJXXIII, entre pedestres, motociclistas e ocupantes de veículos de passeio, sendo que destes, 1.021 eram motociclistas, ou seja, 65% do total, confirmando que esses condutores continuam representando o maior número de atendimentos dentro deste grupo. 

Por Anni Sieglitz