A Superintendência Regional de Saúde de Montes Claros (SRS) está intensificando as ações de prevenção, enfrentamento e controle da Leishmaniose em 17 municípios que integram sua área de atuação no Norte de Minas. O trabalho envolve 53 agentes comunitários de saúde levando-se em conta que neste ano já foram contabilizados 98 casos de Leishmaniose Tegumentar e 29 de Leishmaniose Visceral. A doença, que também é conhecida como Calazar, é transmitida ao homem por vetores da espécie Lutzomia Longipalpis ou Cruzi, mosquitos de tamanho diminuto e de cor clara, que vivem em ambientes escuros, úmidos e com acúmulo de lixo orgânico.

Em relação a 2014, neste ano está ocorrendo aumento dos casos de Leishmaniose na região norte-mineira. Na opinião do coordenador do Núcleo de Vigilância Epidemiológica da SRS de Montes Claros, João Geraldo de Resende, o problema é decorrente do agravamento dos efeitos do longo período de seca registrado na região, o que tem provocado o deslocamento de famílias de áreas onde existe o vetor transmissor da doença para regiões onde até então não havia sido registrado o problema. Ao migrarem para outras cidades as famílias levam seus animais (cachorros) que podem estar contaminados o que propicia a propagação da doença.

Crédito:Fabrícia Andrade.

No ano passado foram registrados no Norte de Minas 55 casos de Leishmaniose Tegumentar e 34 de Leishmaniose Visceral. O levantamento da SRS aponta ainda que nos últimos cinco anos 23 municípios da sua área de atuação não tiveram registro de nenhum caso de leishmaniose.

De acordo com levantamento realizado pelo Núcleo de Epidemiologia da SRS, os municípios de Montes Claros, Janaúba e Jaíba estão classificados como sendo regiões de transmissão intensa de leishmaniose, o que exige a constante implementação de ações de prevenção e controle. Já os municípios de Porteirinha, Bocaiúva e Matias Cardoso estão classificados como sendo regiões de transmissão moderada de leishmaniose, o que também exige atenção especial por parte da SRS e das secretarias municipais de saúde.

“Embora estejamos numa situação de controle da Leishmaniose no Norte de Minas precisamos manter e intensificar as ações numa ação sintonizada entre Estado e municípios. Precisamos ter um manejo ambiental adequado para evitar a proliferação do mosquito transmissor da doença, bem como na implementação de ações de educação em saúde para que a população esteja permanentemente ciente das formas de transmissão da doença”, explica João Rezende.

Dos 34 casos de Leishmaniose Visceral registrados neste ano no Norte de Minas 12 foram confirmados em Montes Claros; 5 no município de Jaíba e 3 em Francisco Sá. Nos municípios de Janaúba, Monte Azul e Porteirinha foram registrados dois casos de leishmaniose em cada localidade. Em Coração de Jesus, Nova Porteirinha e Riacho dos Machados foram confirmados um caso de leishmaniose visceral em cada município.

Já com relação à Leishmaniose Tegumentar os municípios com maior número de casos são: Montes Claros (36); Rio Pardo de Minas (20); São João do Pacuí (6); São João do Paraíso (5); Francisco Sá e Grão Mogol (4 casos em cada localidade); Bocaiúva, Indaiabira e Janaúba (3 casos em cada município); Coração de Jesus, Fruta de Leite, Lagoa dos Patos, Nova Porteirinha e Salinas (2 casos em cada município); Capitão Enéas, Espinosa, Jaíba e Verdelândia (1 caso em cada localidade).

Leishmaniose

A Leishmaniose compromete os órgãos viscerais, principalmente o fígado e o baço. Geralmente, costuma se propagar nas regiões rurais, sendo comum no Nordeste brasileiro. Nos centros urbanos essa doença já é uma ameaça devido a grande quantidade de animais soltos nas ruas.

Com a proliferação da doença e o não tratamento adequado, a Leishmaniose pode causar óbitos. Por isso o diagnóstico rápido da doença e o tratamento imediato são fundamentais para evitar a morte de pessoas infectadas. Vale lembrar que a doença não se transmite entre animais, de cachorros para pessoas e vice-versa, sendo transmitido apenas pela picada do mosquito fêmea infectada.

Os animais com Leishmaniose apresentam sinais como emagrecimento, perda de pelos, lesões na pele e, na fase final da doença, crescimento desordenado das unhas. Já no ser humano, os principais sintomas da doença são manchas no corpo, febre, anemia, palidez acentuada e inchaço abdominal.

Dicas de prevenção

  • Mantenha os quintais e lotes limpos, recolhendo folhas, fezes de animais, restos de madeira e de frutas;
  • Permita o acesso das autoridades sanitárias em seu domicílio para realizar o exame nos cães e o recolhimento dos animais que estiverem com Leishmaniose Visceral;
  • Mantenha cachorros em ambientes telados com malha fina durante o período de maior atividade do inseto transmissor (ao entardecer e ao amanhecer);
  • Adote a posse responsável do animal, não permitindo que o mesmo fique solto na rua;
  • Não se exponha nos horários de atividade do inseto (amanhecer e anoitecer);
  • Mantenha os anexos e abrigos de animais distantes da residência.

Por Pedro Ricardo Costa