O Núcleo de Vigilância Epidemiológica, Ambiental e Saúde do Trabalhador (Nuveast) da Regional de Saúde de Ponte Nova promoveu, na última terça-feira (10/12), o seminário “Manejo Clínico, Prevenção, Controle das Arboviroses e Vigilância das Epizootias”. O objetivo principal foi incentivar a articulação entre os entes, no sentido de fortalecer todas as atividades preconizadas para o enfrentamento da Dengue, Zika e Chikungunya, atuando no controle dos registros de casos graves, internações e óbitos. O seminário foi voltado a gestores municipais, coordenadores de Vigilância Epidemiológica/ Vigilância em Saúde e Atenção Primária e agentes de combate a endemias (ACE), com representação de 22 municípios pertencentes à Regional.

Para a coordenadora do Nuveast, Mônica Maria de Sena Fernandes Cunha, o encontro foi um chamamento e uma convocação aos municípios para ampliar as iniciativas de enfrentamento às arboviroses. “Pudemos reforçar a importância do trabalho em equipe e intersetorial, incluindo outras áreas da gestão pública além da saúde, como educação, obras, meio ambiente e segurança”, disse.

Em sua palestra, foram demonstrados dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), como o registro de casos prováveis de dengue nas últimas quatro semanas, sendo que dois municípios pertencentes à Regional já apresentam média incidência. Destaque, também, para tabela de casos prováveis de dengue, de 2010 a 2019, contabilizando quase 500 mil registros em 2019 no estado de Minas Gerais. “Por isso, a participação da sociedade, em conjunto com o poder público, é fundamental. É necessário que cada um faça sua parte, eliminando todos os possíveis focos do mosquito Aedes aegypti”, enfatizou.

A vigilância das epizootias também foi tema do seminário. A referência técnica da Vigilância Epidemiológica e Ambiental, Graziele Menezes Ferreira Dias, falou sobre conceitos utilizados para qualificar a epizootia, que consiste na ocorrência de animais ou grupo de animais encontrados doentes e/ou mortos, incluindo ossadas, sem causa definida. “Essa vigilância é essencial, pois as epizootias podem preceder a ocorrência de casos em humanos”, alertou. A palestrante ressaltou a necessidade da vigilância ativa e da sensibilização da população como parceira para sinalizar a epizootia. Segundo ela, a morte de primatas, por exemplo, é um evento sentinela para febre amarela, doença viral, causada por vetor e imunoprevenível.


Mobilização Social

Na sequência, a assessora de Comunicação da Regional, Tarsis Murad, realizou apresentação sobre o papel da mobilização social relacionado à promoção e à prevenção da saúde, com foco no protagonismo da população e nos fluxos da rede de apoio. O arte-educador do Núcleo Ampliado de Saúde da Família e Atenção Básica (Nasf) do município de Ponte Nova, Luciano Rosado, complementou a fala anterior. Ele trouxe exemplos de estratégias lúdicas, como oficinas e peças teatrais, como ferramentas para a sensibilização da sociedade quanto às questões de saúde, com destaque para o enfrentamento às arboviroses. “Não é preciso que aconteçam grandes eventos e que sejam gastos muitos recursos. A mobilização social depende, sobretudo, da criatividade e da boa vontade dos envolvidos”, pontuou.

A programação também contemplou a experiência exitosa conjunta de dois municípios da Regional: São Pedro dos Ferros e Rio Casca, nos distritos de Águas Férreas e Vista Alegre, respectivamente. Por serem limítrofes, foram propostas ações concomitantes para o controle do vetor, com a participação da Regional de Saúde, como mutirão de limpeza, coleta de lixo e entulhos das vias públicas e domiciliares, passeata, instalação de telas de proteção em caixas d’água e tambores destampados, capina em áreas e lotes, vistorias e divulgação midiática.

Créditos: Regional de Saúde de Ponte nova

Mônica de Sena retomou a palavra conclamando os municípios a desenvolverem iniciativas impactantes sobre a temática trabalhada, durante o final de 2019 e o início de 2020, com a apresentação dos trabalhos em seminário previsto para março de 2020.

Integração

A referência técnica em Imunização da Regional, Thiany Silva Oliveira, enfatizou a importância da integração entre Atenção Primária, por meio dos agentes comunitários de saúde (ACS), e Vigilância em Saúde, por meio dos agentes de combate a endemias (ACE), para o enfrentamento das arboviroses. “Essa união permite a adequada identificação de problemas de saúde nos territórios e o planejamento de estratégias de intervenção clínica e sanitária mais efetivas e eficazes”, opinou. Thiany completou a apresentação informando que alguns municípios estão com cobertura vacinal da Febre Amarela muito abaixo do preconizado pelo Ministério da Saúde, o que pode favorecer, por ventura, um surto da doença.

Ainda dentro da programação, o agente de Saúde Pública do Ministério da Saúde, Robson Antônio Saraiva Ferreira, destacou o papel dos planos de contingência municipais, que têm como intuito evitar a ocorrência de óbitos, além de prevenir e controlar processos epidêmicos. Os planos devem ser organizados de acordo com os eixos previstos para atuação: vigilância epidemiológica e laboratorial, assistência, controle vetorial, mobilização e comunicação. Para ele, “é importante que haja a solidariedade entre as partes responsáveis pelo mesmo objetivo, visando à saúde de grande parte da população que vive, praticamente, alheia ao desafio que se apresenta nesse século: o combate à Dengue, à Zika e à Chikungunya”.

Por fim, a referência técnica de Endemias e Saúde do Trabalhador, Paloma Aparecida Costa Gesualdo, forneceu informações atuais referentes ao Programa de Controle das Arboviroses, com exemplos de intensificação das ações de rotina, com base na Nota Técnica 165/2019 da SES/MG, como: mobilização da população, realização de mutirões de limpeza, planejamento do controle dos vetores de forma permanente e promoção da articulação sistemática com todos os setores do município (educação, saneamento, limpeza urbana etc). “É preciso que haja a participação de órgãos públicos de todas as áreas e da sociedade civil, com determinação e união, para que haja a prevenção e o controle efetivos das arboviroses”, destacou.

Por Regional de Saúde de Ponte Nova

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