A Secretaria de Estado de Saúde​ de Minas Gerais (SES-MG) realiza de 12/11 a 14/11, o "Seminário Estadual sobre Arboviroses", no auditório da Universidade FUMEC, em Belo Horizonte. As Arboviroses são as doenças causadas pelos arbovírus, que incluem o vírus da dengue, Zika vírus, febre chikungunya e febre amarela. O Seminário, destinado aos profissionais das Regionais de Saúde, tem como objetivo alinhar as ações de controle no estado e orientar sobre as medidas, os fluxos e os protocolos de respostas às doenças.

Crédito: Marcus Ferreira

O Subsecretário de Vigilância em Saúde, Dario Brock Ramalho, apresentou aos participantes o Planejamento Estratégico no Controle das Arboviroses. Segundo Dario, no estado serão utilizadas duas frentes de ação, uma voltada para o combate do mosquito e outra voltada para adoção de novas tecnologias, como pesquisas de vacinas e o Método Wolbachia.

“O nosso objetivo é adotar várias ferramentas para que, combinadas, elas possam nos oferecer resultados melhores dos que temos até agora no combate aos vetores das arboviroses. A experiência já deixou claro que não é possível acabar com a dengue, por exemplo, com apenas um método, é necessário agora avançar e tentar conjugar várias iniciativas. Portanto, além das práticas comuns de combate ao mosquito, buscaremos efetivar o uso de tecnologias como Método Wolbachia e investir em pesquisas para o desenvolvimento de vacinas”, disse. O Método Wolbachia consiste na liberação de mosquitos Aedes aegypti com Wolbachia para promover a substituição da população de mosquitos e reduzir a transmissão de dengue, Zika, chikungunya e febre amarela. A Wolbachia é um microrganismo presente naturalmente em outros insetos e que, quando presente nas células do Aedes aegypti, não permite um bom desenvolvimento dos vírus, ajudando a reduzir a transmissão das doenças.

Segundo Dario, outra ação que será adotada no estado é a ampliação do Projeto piloto realizado no município de Pará de Minas. O projeto, desenvolvido nos meses de setembro e outubro, foi promovida pelo Ministério da Saúde e pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), em parceria com a SES-MG, e avaliou novas alternativas de vigilância e controle de Aedes aegypti e Aedes albopictus.

O objetivo do trabalho foi analisar a eficácia do Sistema Aero System (Inseticida de aplicação rápida, em pequenas doses nos cômodos, intradomiciliar e que elimina os mosquitos que se encontram dentro da casa), utilizando ovitrampas (destinada à coleta de ovos do mosquito Aedes) e armadilhas BG GAT (uma ferramenta passiva para captura em massa das fêmeas grávidas) como metodologia de indicação de risco e monitoramento de resultado.

Crédito: Marcus Ferreira

Segundo a diretora de Vigilância de Agravos Transmissíveis da SES-MG, Janaína Fonseca Almeida, para enfrentar o cenário epidemiológico da dengue é necessário colocar em prática ações de controle do vetor e de assistência. “As ações de controle do Aedes devem ser praticadas durante todo o ano. Isto porque precisamos manter constantes medidas que evitem o avanço da doença nos períodos de maior proliferação do mosquito”, disse.

Cenário Epidemiológico

No Brasil, segundo a consultora técnica do Ministério da Saúde, Priscila Leal Leite, a série histórica da dengue demonstra um crescimento constante da doença ao longo dos anos. A evolução desfavorável da doença, com óbito, é maior entre as pessoas de 60 anos.

“Este ano, no país, foram notificados mais de 1,5 milhão de casos prováveis de dengue com 710 óbitos. Em relação à chikungunya, 126 mil casos e 81 óbitos foram notificados e, aproximadamente, 11 mil casos de zika com 7 óbitos”, relatou.

Em Minas Gerais, até o dia 04 de novembro foram registrados 484.624 casos prováveis de dengue, 153 óbitos em 47 municípios e 94 óbitos permanecem em investigação para este agravo. Em relação à Febre Chikungunya, Minas Gerais registrou 2.831 casos prováveis da doença. Em 2019, até o momento foi confirmado um óbito por chikungunya do município de Patos de Minas, e existe um óbito em investigação.

Já em relação à Zika, foram registrados 753 casos prováveis da doença em 2019, até a data de atualização do boletim. O estado está em situação de alerta para esse aumento no número de casos das doenças transmitidas pelo Aedes. Confira o Boletim Epidemiológico de Monitoramento de Minas Gerais.
Segundo o médico e professor de saúde coletiva da Universidade Federal de Goiás, João Bosco Siqueira Jr., a dengue não é um problema recorrente apenas no Brasil. “Conhecemos no mundo mais de cem países que possuem dificuldades para conter a dengue. O cenário é ainda pior no continente Asiático, por exemplo, onde a vigilância se realiza apenas em pontos focais de referência. O nosso trabalho no Brasil, atuando com uma vigilância epidemiológica constante e focada no indivíduo, é o que permite conter e controlar um pouco melhor o avanço de doenças causadas pelo Aedes”, avaliou.

Teatro Agente em Cena

No meio da manhã, o grupo de teatro “Agente em Cena”, do município de Contagem apresentou uma peça sobre a importância da atuação de cada um para evitar doenças transmitidas pelo Aedes. O grupo é uma das ações de mobilização realizadas no município e busca, por meio de diversão e entretenimento, envolver a comunidade no combate aos focos do mosquito.

A mobilização social também é uma das ferramentas do Plano Estratégico de Controle do Aedes, porque a participação da sociedade é essencial para controle da dengue, zika e chikungunya, sobretudo quando se leva em conta o fato de as residências concentrarem 80% dos focos do mosquito transmissor. Ações como roda de conversa, palestra e teatros em espaços de convívio social como escolas, templos religiosos ajudam a envolver a sociedade no problema.

Crédito: Marcus Ferreira

O coordenador de Mobilização Social/Publicidade e Propaganda de SES-MG, Joney Fonseca, falou sobre a importância de ações que sensibilizem os setores da sociedade civil para se engajarem na luta contra a proliferação do mosquito Aedes. “Mobilizar é conversar com as pessoas, envolver a sociedade, gerando a noção de pertencimento entre elas e reforçando a importância de cada um. Em Minas, possuímos mais de 700 núcleos municipais de Mobilização Social identificados. É uma estratégia eficiente, porque permite juntar esforços no combate ao mosquito”, disse.

Dando continuidade ao evento, na parte da tarde será discutido o diagnóstico laboratorial da arboviroses, a vigilância dos genomas, as vacinas para febre amarela e a perspectivas futuras de novas vacinas. O evento segue até a próxima quinta-feira, dia 14/11.

Por Juliana Gutierrez