Situações e locais que envolvem grande concentração e circulação de pessoas, incluindo o carnaval, pedem um cuidado especial em relação à transmissão de algumas doenças, entre elas o sarampo. Conhecido por sua alta capacidade de transmissão, o sarampo pode ser contraído por pessoas de qualquer idade e a única forma de se proteger é por meio da vacinação. A vacina Tríplice Viral, que protege contra a doença, está disponível em todas as Unidades Básicas de Saúde (UBS) do estado e também oferece imunização contra a rubéola e a caxumba. A vacina é segura e altamente eficaz, produzida a partir do vírus enfraquecido.

Crédito: Gil Leonardi

Entre os principais sintomas do sarampo estão febre, manchas avermelhadas pelo corpo (exantemas), tosse, coriza, conjuntivite (olhos vermelhos e lacrimejantes), fotofobia (sensibilidade à luz) e pequenas manchas brancas dentro da boca (manchas de Koplik). A doença também pode apresentar complicações graves, incluindo encefalite, pneumonia e até óbito, principalmente em crianças desnutridas e menores de um ano de idade. A transmissão da doença ocorre diretamente de pessoa para pessoa, por meio de gotículas do nariz, boca ou garganta de pessoas infectadas pelo vírus.

Conforme explica o coordenador de Doenças e Agravos Transmissíveis da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG), Gilmar Rodrigues, a alta capacidade de transmissão da doença pede que toda a população esteja devidamente imunizada. “Caso a pessoa não possua a caderneta de vacinação que comprove se foi vacinado ou não, poderá procurar a unidade de saúde que habitualmente se vacina para solicitar a segunda via do cartão. Mas se isso não for possível, o indivíduo será considerado como não vacinado, devendo, portanto, ser imunizado com a vacina Tríplice Viral, seguindo recomendação do calendário de vacinação para sua idade”, explica.

Lembrando que o cartão de vacina é considerado um documento e, como tal, deve sempre estar atualizado e ser de fácil acesso, principalmente quando for necessário apresentar a comprovação de vacinação.

Esquema de vacinação

Toda criança de um ano de idade deve ser vacinada contra o sarampo com duas doses: sendo a primeira dose aos 12 meses de vida com a vacina Tríplice Viral e uma segunda dose deve ser aplicada aos 15 meses de vida com a vacina Tetra Viral. Homens e mulheres de até 29 anos, que nunca foram vacinados, devem receber duas doses da vacina Tríplice Viral com intervalo mínimo de 30 dias entre as doses. Já para aqueles com idade entre 30 e 49 anos, que nunca se vacinaram contra o sarampo, será necessário receber uma dose da vacina Tríplice Viral.

Profissionais de saúde, independente da faixa etária, devem possuir duas doses da vacina Tríplice Viral documentadas. Também é fundamental que todos os profissionais dos setores de turismo e transporte, ou seja, hotéis, aeroportos, serviços de táxi e outros estejam imunizados contra o sarampo, rubéola  e caxumba, garantindo assim sua proteção individual e de seus familiares.

Qualquer pessoa que for viajar para regiões endêmicas e que não estiver com o cartão de vacinas em dia deve se vacinar pelo menos duas semanas antes da partida. Mulheres grávidas não devem ser vacinadas, exceto em situações de alto risco de exposição ao vírus do sarampo. Após 49 anos de idade, não é necessária a vacinação, pois é considerado que a pessoa já é imune. Já pacientes com leucemia, linfomas, AIDS e outros problemas que afetem a imunidade precisam ser avaliados individualmente.

A grande preocupação, contudo, é com a faixa etária dos menores de um ano, uma vez que a vacinação contra a doença, na rotina, só se inicia a partir dos doze meses completos. E é justamente por isso que toda a população deve estar devidamente imunizada, especialmente aqueles que têm contato direto com crianças menores de um ano de idade.

Cobertura vacinal

A última campanha de vacinação contra o sarampo, realizada em agosto de 2018, alcançou 92,86% do público em Minas Gerais, composto por crianças de um ano a menores de cinco. Na época, todas as crianças dentro da faixa etária recomendada para a vacina receberam uma dose da Tríplice Viral, independente de já terem as duas doses recomendadas, desde que não tivessem sido imunizadas nos últimos trinta dias.

Já a cobertura acumulada da tríplice viral no estado é de 82,80% para a primeira dose (1 ano a 49 anos) e de 42,13% para a segunda dose (1 ano a 29 anos). Isso significa que 2.612.404 de pessoas não receberam a primeira dose da tríplice viral e outros 5.457.551 não receberam a segunda dose.

A vacina Tríplice Viral está disponível em todos os postos de saúde do durante todo ano. Se alguém deixou de tomar a vacina, basta procurar uma das cerca de quatro mil salas de vacina distribuídas nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) de todo o Estado.

Tratamento

Não há tratamento específico para o sarampo, apenas para os sintomas que surgem com a doença. O paciente deve ser hidratado, alimentado e ter a tosse e a febre controladas por medicamentos. O paciente também deve estar em isolamento hospitalar ou domiciliar durante o período de transmissibilidade e ter acompanhamento médico e epidemiológico por trinta dias. Para diagnóstico, além da análise dos sintomas e manifestações cutâneas, um exame de sangue (sorologia) deve ser realizado.

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Número de casos

Os últimos casos autóctones confirmados para sarampo em Minas Gerais (transmitidos dentro do território) ocorreram em 1999. No ano de 2013, foram confirmados dois casos de sarampo de residentes do estado, ambos importados (contágio ocorrido na Flórida-EUA). Já em 2019 foi confirmado um novo caso de sarampo no estado, mas cuja transmissão não ocorreu em Minas Gerais e nem no país. Trata-se de um italiano, de 29 anos, que veio para o Brasil no início de janeiro, onde manifestou os sintomas. Ações profiláticas e preventivas de vigilância de casos foram oportunamente adotadas pelos municípios por onde o paciente esteve (incluindo bloqueio vacinal) e nenhum caso secundário foi identificado.

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Por Jéssica Gomes