A Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) e a Fundação Ezequiel Dias (FUNED) realizaram nos dias 08 e 09/11 a visita de monitoramento e avaliação ao Programa de Tuberculose na Regional de Saúde de Uberlândia.
Crédito: Priscilla Fujiwara

O controle da tuberculose é um desafio para a saúde pública. No Brasil, já é a quarta causa de mortes por doenças infecciosas e a primeira dentre as doenças infecciosas em pacientes que vivem com HIV.  Minas Gerais é o quinto Estado com maior números e casos no país e foi o primeiro a aderir ao Programa Nacional de Controle da Tuberculose (PNCT).

Em 2018, todas as 28 Regionais de Saúde elaboraram os seus planos pelo fim da tuberculose de acordo com as diretrizes nacionais. Para monitorar as ações, desde abril, a SES-MG e o Ministério da Saúde estão visitando cinco Regionais elencadas como prioritárias: Uberaba, Montes Claros, Juiz de Fora, Uberlândia e Belo Horizonte. Além das visitas, o monitoramento também é constante por meio de vídeo conferências.  O objetivo das visitas às cidades, segundo a coordenadora estadual do Programa de Controle de Tuberculose, Maira Veloso, é “propor ações que aumentem a efetividade dos resultados epidemiológicos referente ao controle da tuberculose, realizar discussões ampliadas com as áreas envolvidas e colaborar na construção do planejamento para 2019”.

Para reduzir os casos de tuberculose, é preciso quebrar a cadeia de transmissão por meio do diagnóstico precoce e o início ao tratamento rapidamente, ponderou o colaborador do PNCT do Ministério da Saúde, Stefano Codenotti sobre as estratégias do Ministério. “O percentual de cura em 2016 de tuberculose no Brasil foi 72,2% e o de abandono ao tratamento foi de 10%, quando o ideal, segundo a Organização Mundial da Saúde, é uma taxa de 85% de cura”. O principal desafio é reduzir a taxa de abandono. “Mesmo com o tratamento ofertado pelo SUS, que interrompe a transmissão da doença, a taxa de abandono é alta”, afirmou. Diante deste cenário, a coordenadora da SES-MG complementou que a atenção primária à saúde é o pilar estratégico para o controle da tuberculose.    

Tuberculose na Regional de Uberlândia

A Regional de Saúde Uberlândia notificou 178 casos em 2017, com dois óbitos neste mesmo período. Em Minas Gerais foram 4.040 casos. A incidência na região é de 13,25 casos a cada 100 mil habitantes. O percentual de cura é de 72%.

Desde de julho, o Hospital de Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia (HC – UFU) está realizando o Teste Rápido Molecular para Tuberculose (TRM – TB), com capacidade para realizar 350 exames por mês.  A iniciativa faz parte da expansão da Rede de Teste Rápido Molecular para Tuberculose em Minas Gerais.

Segundo a referência técnica do programa de controle de tuberculose da Regional de Uberlândia, Waldênia Rodrigues, o tempo de execução do teste é de duas horas e desta forma agiliza o início do tratamento convencional e reduz no número de casos tratados sem confirmação laboratorial, bem como a morbidade e mortalidade por tuberculose.

Na região de Uberlândia foram definidas duas estratégias em conjunto com a Funed para ampliar o percentual do exame de cultura e diagnóstico. Uma é a organização do encaminhamento das amostras para o laboratório macrorregional de Uberaba e a outra é sensibilizar os profissionais da assistência sobre a importância do exame. “Uma questão que achamos interessante também é procurar a Universidade para propor estudos em relação à tuberculose na região. Não estava contemplado no Plano de 2018, até porque tivemos outras prioridades”, explicou a coordenadora Maira. 

Para aumentar a cobertura do exame de cultura, a Secretaria de Saúde de Uberlândia se propôs a monitorar os sistemas de informações e estimular as unidades de saúde a fazerem os exames de cultura. “Para Uberlândia será tranquilo, é só melhorar o monitoramento, coletar e encaminhar as amostras para o laboratório em Uberaba. Já para o sistema prisional, o primeiro exame a ser feito será o TRM. O nosso desafio é colocar em prática o plano, já que Uberlândia é uma cidade grande, temos que ir de distritos em distrito, de micro área em microárea”, afirmou o enfermeiro do programa de controle da tuberculose da secretaria de saúde de Uberlândia, André Luis de Moraes.

Devidos às condições sócio econômicas e de vulnerabilidade, a população de rua tem 32 vezes mais risco de adquirir a tuberculose, os privados de liberdade, 29 vezes e pessoas que vivem com HIV, 28 vezes. A proporção de coinfecção, ou seja, pessoas que têm tuberculose e vivem com o HIV na Regional de Uberlândia é de 15,3%, enquanto a média em Minas Gerais é de 8,8%.

Participaram dos encontros a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG), a Fundação Ezequiel Dias (FUNED), o Ministério da Saúde, o Hospital de Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia, Secretaria Municipal de Saúde de Uberlândia, Patrocínio, Araguari, Estrela do Sul, Prata, Araporã, Nova Ponte e os profissionais das Unidades Prisionais.

 

Por Priscilla Fujiwara