Com a participação de gestores de saúde, coordenadores de epidemiologia e médicos e enfermeiros de municípios dos 51 municípios região leste, a   Regional de Saúde de Governador Valadares, através do Núcleo de Vigilância Epidemiológica (NUVIGE), promoveu nos dias 14 e 15 de maio, em seu auditório central, capacitação sobre acidentes por animais peçonhentos.

Na abertura da capacitação, a superintendente da Regional de Saúde de Governador Valadares, Janine Souza Vicente e a coordenadora do NUVIGE, Nádia Pinheiro Ali, ressaltaram a importância do treinamento para alinhamento de informações e discussão com o objetivo de manter a rede de assistência devidamente preparada para possíveis situações emergenciais de transferências de pacientes e ou remanejamento desses imunobiológicos de forma oportuna. 

Segundo o coordenador do evento e referência técnica da NUVIGE da Regional de Saúde de Governador Valadares, Charles Aguiar, o objetivo da reunião “foi de atualizar os Gestores Municipais e demais profissionais de saúde envolvidos no atendimento de pacientes acometidos por este agravo com o intuito de garantir tempestivo e  o correto  suprimento”, afirmou. 

Charles acrescentou ainda que “é imprescindível à busca de estratégias para que se garanta o cumprimento dos protocolos de prescrição, bem como uma ampla divulgação do uso racional e a alocação desses insumos de forma estratégica em áreas de maior risco de acidentes e óbitos”, ressaltou.

A capacitação contou com a participação da referência técnica do Programa de Vigilância e Controle dos Acidentes por animais da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG), Andréia Kelly Roberto Santos, que abordou conceitos gerais sobre animais peçonhentos, além de um panorama da situação de vigilância epidemiológica no Estado.

“Um dos destaques na minha apresentação, foi a definição do que é realmente acidente por animal peçonhento, porque verificamos ao analisar as fichas de notificação, uma confusão dos municípios em diferenciar estes acidentes em relação acidentes com animais venenosos, que são aqueles que produzem alguma substância que é capaz de causar lesão seja em seres humanos ou em outros animais. Já os peçonhentos, são aqueles que produzem esta substância mas, que são capazes de injetá-las nos organismos”, explicou Andréia Kelly.

A referência abordou também a questão da vigilância epidemiológica na prevenção dos acidentes com animais peçonhentos. “Mostramos para os profissionais de saúde municipais, a importância do preenchimento correto dessas notificações e da análise dos dados coletados, porque de nada adianta o município solicitar o soro se não soubermos em quem estão acontecendo esses acidentes, onde estão essas pessoas e quais são os animais mais envolvidos nessas circunstâncias. Com isso poderemos pensar numa estratégia de medidas de prevenção e controle”, acrescentou.

Ainda como parte da programação, a diretora Técnica do Hospital Municipal de Governador Valadares, Marina Carvalho Souza Côrtes, apresentou a pauta “Diagnóstico de Acidentes por Animais Peçonhentos”, trazendo a sua experiência clínica para os demais colegas, além de enfatizar a relevância desta Unidade Hospitalar enquanto Referência Regional para o atendimento de pacientes acometidos por este agravo.

Notificações

No Brasil, dados do Ministério da Saúde apontam a notificação de 215.946 acidentes com animais peçonhentos em 2017. Entre os mais comuns estão os causados por escorpião, seguido por aranha e serpente. Também foram notificados 399 óbitos no mesmo período, em todo o país.

Minas Gerais é o terceiro estado com maior número de registros de acidentes. Num balanço de 2013 a 2017, as cidades com maior número de notificações no estado foram Montes Claros, com 8.184 casos, e Belo Horizonte, com 6.395 casos.

Na área de jurisdição da Regional de Saúde de Governador Valadares que abrange 51 municípios, Charles Aguiar da NUVIGE da SRS-GV, destacou que, nos anos 2016 e 2017, foram notificados 4.111 casos de Acidentes por Animais Peçonhentos. Deste total, 83,85% (3.447) foram acidentes por escorpião; 8,34 (343) dos acidentes foram causados por serpentes; 3,19% (131) foram acidentes por abelhas; 2,89% (119) foram causados por aranhas; 0,17% (7) foram causados por lagartas; 1,34% (55) foram classificados como outros acidentes; e 0,22% (9) foram notificados como acidentes ignorados/branco.

 

 

 

Por Frederico Bussinger