Redes sociais como o Facebook, WhatsApp, Twitter e YouTube, bem como blogs e sites de notícias são ferramentas importantes para a disseminação de informações sobre saúde pública. A grande questão é quando esses meios passam a veicular boatos sobre doenças, causando alardes na população.

As chamadas Fake News, termo em inglês que significa notícias falsas, não é um fenômeno novo e muito menos exclusivo do Brasil. A grande questão, no entanto, é como lidar com essas informações inverídicas, que se disseminam rapidamente entre as pessoas. Em resposta às Fake News que circulam sobre a gripe, a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) explica os boatos e reforça a importância da vacina.

Recentemente, circulou no WhatsApp um áudio com um alerta sobre a variação mortal do vírus da “gripe suína”, que estaria circulando em outros estados brasileiros e que a Organização Mundial da Saúde (OMS) não quer que a informação seja divulgada à população.

A diretora de Vigilância Epidemiológica da SES-MG, Janaína Fonseca Almeida, esclarece que não existe vírus novo que tenha sofrido mutações. “Todas as informações sobre a influenza são divulgadas de forma transparente, tanto no site da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais, quanto no do Ministério da Saúde, por meio dos boletins epidemiológicos”, explica a diretora.

Janaína Fonseca também reforça que, diferentemente dos alertas propagados sobre novos vírus, como o H2N3, HN1N3 e gripe australiana, que estariam circulando no Brasil e provocando mortes, não existem esses vírus em circulação no país. O próprio Ministério da Saúde, no início de abril, divulgou uma nota informando que não existe uma cepa “H2N3” de vírus da gripe no Brasil.

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Como identificar uma informação “Fake News”?

 

Segundo o órgão, são três os principais vírus da gripe em circulação no país: o influenza A/H1N1pdm09, A/H3N2 e influenza B. A vacina disponibilizada na rede pública na atual campanha é trivalente e protege contra esses três vírus. Sobre boatos de que a Rede Pública de Saúde usa a vacina de 2017 e que não está atualizada com as variações de influenza que circulam neste ano no país, a diretora de Vigilância Epidemiológica ressalta que a vacina ofertada na campanha de 2017 já foi recolhida e que as remessas do imunizante para 2018 já estão disponíveis nos postos de saúde.

“É importante ainda desmitificarmos a informação de que o chá de erva-doce tem a mesma ação do Tamiflu, único medicamento antiviral disponível atualmente para tratar a gripe”, afirma Janaína Fonseca. “Com base em estudos científicos de alta qualidade, o Oseltamivir (Tamiflu) é o único antiviral disponível para tratamento da gripe, agindo sobre a replicação do vírus. Não há como um chá ter a mesma ação de um medicamento sobre a doença e o vírus. O chá serve apenas como medida de hidratação, tratamento complementar nos casos de gripe”, completa a diretora.

MITOS E VERDADES SOBRE A GRIPE

Gargarejos com água morna e sal
Trata-se de uma receita caseira que auxilia no tratamento da gripe, mas NÃO substitui a proteção da vacina, de maneira alguma. A mistura de água morna e sal tem temperatura e composição química muito parecidas com as do nosso próprio organismo. Quando a água morna entra em contato com a mucosa ferida, seu calor faz com que haja uma dilatação dos vasos sanguíneos do local. Esse aumento da circulação auxilia um número maior de glóbulos brancos a passar do sangue para o tecido afetado, diminuindo a inflamação. Ao adicionarmos sal à água, a mistura fica parecida com a do líquido que temos no corpo, aumentando sua eficácia na remoção do muco que se forma na garganta.

Limpar as narinas com água morna e sal
Pelas mesmas razões do que foi dito no item anterior, essa medida auxiliar pode ajudar principalmente pelo fato de manter as mucosas hidratadas.

Tomar bastante bebidas quentes
O importante, durante um quadro gripal, é manter a hidratação constante do organismo. Pode ser tanto bebidas quentes, como chás, cafés ou infusões, quanto fria. Essa medida é uma forma de hidratar o organismo e não de eliminar os vírus causadores da gripe.

Vacina contém mercúrio e causa autismo e outras doenças
Thimerosal é um preservativo que contém mercúrio e é usado, em pequenas quantidades, em vacinas que contêm múltiplas doses. Essa substância é utilizada nas vacinas para prevenir a contaminação ao se extraírem repetidamente as doses para aplicação. Não há dados que indiquem que o Thimerosal usado nas vacinas tenha causado autismo ou outros problemas individuais. Segundo o FDA/EUA (Food and Drug Administration), não há evidência convincente de danos causados por pequenas doses de Thimerosal como preservativo nas vacinas de Influenza, exceto um ligeiro inchaço e vermelhidão no local da injeção. Um estudo analisando a vacinação com Influenza de mais de duas mil gestantes não demonstrou nenhum efeito adverso, em relação ao feto, associado com a vacina da Influenza.

Governo só vacina parte da população para gastar menos
A vacina contra gripe serve para diminuir as complicações e óbitos pela doença, e não os casos em si. Portanto, existem grupos de risco que estão mais susceptíveis a sofrerem complicações secundárias, sendo eles: indivíduos com 60 anos ou mais de idade, crianças na faixa etária de 6 meses a menores de 5 anos de idade (4 anos, 11 meses e 29 dias), gestantes, puérperas (até 45 dias após o parto), trabalhadores da saúde, professores das escolas públicas e privadas, povos indígenas, grupos portadores de doenças crônicas não transmissíveis e outras condições clínicas especiais, adolescentes e jovens de 12 a 21 anos de idade sob medidas socioeducativas, população privada de liberdade e funcionários do sistema prisional. A vacina pode ser tomada por todos a partir dos 6 meses. No entanto, o Ministério da Saúde disponibiliza hoje somente para os grupos de risco justamente para reduzir o número de complicações e óbitos pela doença.

 

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- Pesquisador da Fiocruz fala sobre notícias falsas e pós-verdades em saúde

 

» Ouça abaixo o podcast “Pausa para Saúde”, do Ministério da Saúde, sobre Fake News:

Por Ana Paula Brum