Com apoio da Secretaria de Estado da Saúde de Minas Gerais (SES-MG) por meio da Regional de Saúde de Montes Claros, foi encerrado nesta terça-feira, 6/8, o I Seminário de Aprimoramento para Enfermeiros Obstétricos do Norte de Minas. O evento, uma iniciativa do Projeto ApiceOn - Aprimoramento e Inovação no Cuidado e Ensino em Obstetrícia e Neonatologia, se configura como uma estratégia para implantação e disseminação do modelo preconizado pela Organização Mundial da Saúde - (OMS) de assistência ao parto e nascimento; de empoderamento das gestantes e maior cuidado no parto, em contraposição ao uso desnecessário de intervenções médicas e procedimentos invasivos.

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Segunda-feira, 5/8, o Seminário foi realizado no auditório das Faculdades Prominas, em Montes Claros, sob a liderança da Santa Casa de Montes Claros e do Hospital Universitário Clemente de Faria – (HUCF) que, no Norte de Minas, implementam o projeto ApiceOn. Nesta terça-feira, médicos e enfermeiros obstétricos que atuam em vários municípios que integram a região ampliada de saúde do Norte de Minas realizaram visitas técnicas às maternidades dos hospitais Universitário e Santa Casa, principais referências no atendimento de gestantes na região.

A coordenadora do Núcleo de Redes de Atenção à Saúde da SES-MG, em Montes Claros, Ludmila Gonçalves Barbosa, explica que o seminário se constitui um dos projetos implementados pelos profissionais da Santa Casa e do Hospital Universitário que participam de curso de aprimoramento em obstetrícia. “O curso visa articular produção de conhecimento e interferência nas práticas de atenção e gestão na rede de atenção obstétrica e neonatal no Norte de Minas”, observa a coordenadora.

Ludmila Barbosa lembra que, “no Brasil as estatísticas ilustram a necessidade iminente de mudança de práticas obstétricas. Isso porque, no país 98% dos partos são realizados em hospitais e, dentre estes uma elevada quantidade apresenta procedimentos em desacordo com a situação de mulheres com gravidez de baixo risco e neonatos saudáveis, como episiotomia (53,5%), litotomia (91,7%), inviabilização do contato pele a pele (16,1% apenas o fazem) ou a baixa inclusão do acompanhante no parto (apenas 18,8%), segundo a Pesquisa Nascer no Brasil, publicada em 2014”.

Durante a abertura do seminário a superintendente regional de Saúde de Montes Claros, Dhyeime Thavanne Pereira, reforçou a importância da enfermagem obstétrica na humanização do cuidado e inversão de práticas não adequadas ao parto. Destacou que “o Governo do Estado tem todo o interesse em apoiar iniciativas de humanização nas maternidades e unidades neonatais, como o projeto ApiceOn propõe”.

Por sua vez, a médica ginecologista Flávia Magaly Silveira Nobre, coordenadora da maternidade do HUCF, lembrou que “o seminário ressalta a importância no cuidar e no ensino hospitalar, sempre voltado para a humanização. Esse evento marca um novo cenário nos cuidados ao binômio mãe e filho, na assistência ao parto baseada em evidências científicas e na relevância de um trabalho multiprofissional, permitindo que a mulher participe ativamente em relação às questões de parto”, concluiu.

Já a coordenadora do curso de residência em enfermagem obstétrica, Sibylle Vogt, destacou que "a temática além de ser relevante para a assistência às mulheres, contribui para o processo de formação e ensino da enfermagem obstétrica, com valorização do espaço profissional tão reivindicado nos últimos anos".

APICEON

Implementado desde 2017 pela Faculdade de Enfermagem da Universidade Federal de Minas Gerais – (UFMG), o Projeto ApiceON é uma iniciativa do Ministério da Saúde e está presente em todos os estados. O projeto propõe a qualificação de profissionais nos campos de atenção e cuidado ao parto e nascimento; planejamento reprodutivo; atenção à mulher em situações de violência; abortamento e aborto legal.

O ApiceON é implementado em hospitais de ensino, universitários ou atuantes em unidades de ensino no âmbito da Rede Cegonha. Entre outros objetivos o projeto visa contribuir com a implementação e capilarização de práticas de cuidado e atenção na área obstétrica e neonatal, potencializando a parceria entre o Ministério da Saúde, hospitais e instituições formadoras de profissionais.

Nesse contexto, o ApiceON investe na qualificação do ensino e exercício da obstetrícia e neonatologia baseada em evidências científicas; fortalecimento de ações de saúde sexual e reprodutiva na rede pública de saúde, além da implementação da atenção humanizada às mulheres em situação de abortamento e aborto legal.

Em todo o país mais de mil gestores e profissionais estão envolvidos diretamente no projeto. As equipes locais do ApiceON participam de oficinas de planejamento, monitoramento e avaliação e, em seminários regionais semestrais compartilham experiências e reavaliam estratégias dos planos de ação. O projeto conta também com uma plataforma virtual em ambiente privado para realização de conferências, ações de planejamento e avaliação, possibilitando a integração entre equipes e serviços.

Norte de Minas

Em março de 2018 a SES-MG em parceria com Escola de Enfermagem da UFMG, Santa Casa, Hospital Universitário Clemente de Faria e Secretaria Municipal de Saúde realizou em Montes Claros oficina de implantação do ApiceON no Norte de Minas. Com base em necessidades identificadas por cada hospital, profissionais das próprias instituições de saúde, da SES-MG e da Secretaria de Saúde de Montes Claros iniciaram a construção dos planos de ação. O trabalho envolveu médicos, enfermeiros e coordenadores de maternidades, de centros de terapia intensiva, pediatria, residência médica, diretores administrativos e assistenciais.

Por Pedro Ricardo