A popularização da internet e das mídias sociais estabeleceu novas formas de se produzir e circular informação. Quando pensamos na área de saúde pública, é possível perceber os benefícios advindos da rápida circulação de notícias de interesse público, mas também a face danosa da tecnologia: a propagação de boatos. Hoje conhecidas por fake news, as notícias falsas têm tido um incremento inédito em disseminação e engajamento em um mundo hiperconectado.

Crédito: Sergio Velho Junior | Fiocruz Brasília

Foi considerando essas questões que a jornalista, servidora estadual e, atualmente, assessora Chefe da Assessoria de Comunicação da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG), Vívian Nunes Campos, pensou a produção do trabalho “Ferramentas digitais como uma estratégia de enfrentamento às Fake News: a experiência da Assessoria de Comunicação da SES-MG na produção de conteúdo em ambiente digital durante as 1ª e 2ª ondas da Febre Amarela”.

Coescrito com o também jornalista Wander Veroni Maia, coordenador de Comunicação Digital da SES-MG à época dos dois surtos da Febre Amarela, o artigo foi apresentado nesta quinta-feira (21), durante o VI Seminário Nacional e II Seminário Internacional As Relações da Saúde Pública com a Imprensa - Fake News e Saúde, promovido pela Fiocruz Brasília. “Esta foi a primeira vez, em toda a história da Secretaria Estadual de Saúde, que um representante da área de comunicação teve a oportunidade de apresentar um trabalho sobre uma ação de comunicação da Secretaria, dentro de um evento acadêmico”, aponta Vívian.

Divulgação | Acervo Pessoal

Na ocasião, Vívian Campos destacou as ações realizadas em ambiente digital (site oficial, blog e perfis nas mídias sociais) pela Assessoria de Comunicação (Ascom) da SES-MG no enfrentamento das fake news a partir do início do surto de Febre Amarela em Minas Gerais. Como o artigo revela, desde o início do surto da doença, em janeiro de 2017, as fake news já dificultavam o acesso do cidadão às informações, comprometendo as ações das equipes de epidemiologia e de imunização do Estado.
Estratégias

Nesse cenário, a equipe de Comunicação Digital construiu a primeira versão do hotsite informativo (www.saude.mg.gov.br/febreamarela) que reunia informações sobre a doença, a vacina que garantia imunidade à população, bem como a publicação dos boletins epidemiológicos.

Para as mídias sociais da SES-MG - Facebook, Twitter e Instagram - foram criados 62 peças digitais informativas e, em apoio a esse conteúdo produzido, 56 publicações no Blog da Saúde MG (http://blog.saude.mg.gov.br), que detalharam ações dos órgãos de saúde pública e abordaram informações e curiosidades relacionadas à Febre Amarela.

A fim de saná-las, a ASCOM da SES-MG promoveu uma transmissão ao vivo, por meio da ferramenta Facebook Live, com a participação do então subsecretário de Vigilância e Proteção à Saúde da SES-MG, Rodrigo Said. Em formato de programa de entrevistas, a transmissão contemplou perguntas feitas ao vivo pelos internautas, muitas delas referentes a boatos que circulavam pelas redes sociais. Você pode assisti-la, clicando aqui.

Destaca-se também, nesse período, a ampliação da produção e uso de peças digitais exclusivas para compartilhamento via Whatsapp, passando a estabelecer uma nova rotina de comunicação da ASCOM da SES-MG.

Nesse sentido, Vívian destaca a oportunidade de troca de experiências possibilitada pelo Seminário. “O contato com diversos profissionais da área de Comunicação e Vigilância irá nos proporcionar um aprimoramento do trabalho que já vem sendo executado aqui na SES-MG”, revela. “É ainda uma oportunidade ímpar apresentar a experiência da Assessoria de Comunicação da Secretaria Estadual de Saúde em um seminário internacional, permitindo que várias pessoas de dentro e fora do país conheçam o trabalho que desenvolvemos aqui em Minas”, completa a assessora.

O artigo aponta que a eliminação das fake news pode ser considerada uma utopia, mas que, por sua vez, faz-se essencial aos órgãos públicos e instituições a tomada de responsabilidade sobre a questão. O ponto de partida, sugere o trabalho, é a criação de estratégias para o estabelecimento de um “elo de confiança” entre instituição e população, a fim de impedir comportamentos e atitudes oriundas de informações equivocadas, como por exemplo, medicamentos e vacinas sem indicação, ou a recusa à adoção de tecnologias e medidas de proteção necessárias.

É considerando esse cenário que o trabalho de Vívian Campos e Wander Veroni entende as fake news como ameaça às estratégias públicas de saúde e também como desafio ao trabalho de comunicadores públicos na área da saúde, desde já com a incumbência de contrapor informações falsas onde elas nascem e se disseminam: no ambiente digital.

 

» Clique aqui e confira o artigo "Ferramentas digitais como uma estratégia de enfrentamento às Fake News: a experiência da Assessoria de Comunicação da SES-MG na produção de conteúdo em ambiente digital durante as 1ª e 2ª ondas da Febre Amarela".

Por Pollyana Teixeira