A Fundação Ezequiel Dias (Funed) recebeu um importante reconhecimento a partir de uma foto científica feita pelo pesquisador Daniel Santos, do Serviço Proteômica e Aracnídeos (SPAR). A imagem de uma espécie de caranguejeira, a Lasiodora sp, recebeu menção honrosa em um concurso do blog internacional BMC Research in progress. O canal faz parte de um projeto pioneiro de publicações de acesso aberto que, além do blog, também inclui portfólio com revistas de alta qualidade revisadas por pares, como os títulos BMC Biology e BMC Medicine; revistas especializadas como Malaria Journal e Microbiome, e a série BMC.

Daniel é biólogo, com mestrado e doutorado em bioquímica pela UFMG, é pesquisador visitante no SPAR, e atua desenvolvendo trabalhos tanto da bioquímica de peçonhas e síntese de peptídeos bioativos, como na criação e manutenção de artrópodes. O pesquisador participou do concurso pela primeira vez. “Como tenho feito da fotografia um hobby, aproveito a oportunidade de trabalhar no Aracnidário Científico da Funed para tirar fotos dos animais que temos presentes no plantel, não só para utilização direta na pesquisa, mas também na divulgação científica”, conta.

Crédito: Daniel Moreira dos Santos / Funed.

Para chegar à foto reconhecida, o biólogo conta que fez cerca de 30 fotos para conseguir alguma na forma como desejava. A imagem foi feita durante as extrações rotineiras de peçonha que acontecem no setor. “Como alguns dos espécimes de aranhas do gênero Lasiodora liberam peçonha sem estímulo elétrico, foi possível conseguir a imagem com as gotas de peçonha ainda nas quelíceras (presas) do animal. E não seria possível conseguir a foto sem a mão firme e experiência da bióloga Maria Nelman para segurar a aranha”, reconhece Daniel.

O pesquisador explica que há anos ele usa os artigos da BMC, especialmente quando não é possível ter acesso ao portal de periódicos da CAPES. “Cada vez mais iniciativas como estas têm se tornado de extrema importância para a divulgação científica, pois esse tipo de acesso traz benefícios nas duas pontas: o pesquisador tem acesso sem barreiras a diversos trabalhos, como também os trabalhos do mesmo pesquisador podem ser acessados por um número muito maior de pessoas”, afirma.

Daniel ainda destaca que as fotos selecionadas no concurso estão liberadas seguindo a licença “Creative Commons Attribution 4.0”, que permite o compartilhamento e a divulgação das mesmas desde que seja referenciado o criador. O pesquisador reconhece que a divulgação científica é um campo que as ciências da área biomédica ainda têm que investir. Para ele, especialmente crianças e adolescentes são muito atraídos por imagens, tanto na forma de fotografia como de filmes e ele considera que seria fantástico se tivéssemos exposições de fotos e filmes de fotos ligadas à ciência para este público.

Crédito: Jota Santos / Funed.

O especialista acredita que através da fotografia se consegue ver a imagem além da imagem, e que uma peça ou animal que não desperta interesse inicial pode ganhar uma nova dimensão a partir de um determinado ângulo, proximidade ou foco, trazendo sentimentos e identificação com o público.

“Quem nunca viu uma criança com os olhos brilhando por uma foto ou desenho de seu herói? Podemos ter efeito similar mostrando o mundo da ciência de um ângulo que pode torná-lo fascinante, divertido ou mesmo assustador a um primeiro olhar, levando o observador a conhecer mais desse mundo, a questionar o que está vendo e a tentar descobrir sempre mais. Afinal, para um cientista, a observação crítica do mundo a sua volta é uma característica essencial”, conclui.

 

Por Vivian Teixeira / Funed