Com a proximidade do início do Verão, além do aumento da temperatura, ocorre também a possibilidade de chuvas intensas e/ou prolongadas, enchentes e enxurradas. Esse cenário, sem os cuidados adequados, pode ser propício à proliferação de doenças, como leptospirose, hepatites infecciosas, diarreias agudas, febre tifóide, dengue, chikungunya, zika, doenças dermatológicas e respiratórias infecciosas.

Crédito: Ministério da Integração Nacional

Por isso, a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) alerta para as medidas de segurança que são importantes para a população se proteger durante este período chuvoso.

Cuidados com a casa

De acordo com a coordenadora de Vigilância em Fatores de Riscos Não Biológicos da SES-MG, Marina Caldeira, em situação de inundações e alagamentos, é importante evitar o contato com a água e lama contaminados.  “Quando o contato com a água ou lama for inevitável, a forma de reduzir os riscos à saúde é permanecer o menor tempo possível em contato com essas águas. Não permita que crianças brinquem ou nadem na água e na lama das enchentes. Pessoas que trabalharem na remoção e limpeza de lama, entulho e esgoto devem usar botas e luvas de borracha para evitar o contato da pele com a água e lama contaminados (se isto não for possível, usar plásticos duplos amarrados nas mãos e nos pés). Portanto, se ocorrer algum sintoma da enfermidade, é preciso procurar a unidade de saúde mais próxima e relatar ao médico sobre o contato com águas ou lama de enchente”, explica a coordenadora.

Se a enchente atingir as residências e estabelecimentos, após as águas baixarem, será necessário lavar e desinfetar o chão, paredes, objetos caseiros e roupas atingidas. Neste caso, mais uma vez recomenda-se retirar a lama protegido com luvas e botas de borracha ou sacos plásticos duplos, pois esta lama aderida aos móveis, paredes e chão, poderá ser a responsável pela transmissão de doenças.

É recomendado, ainda, lavar o local com água e sabão, desinfetando a seguir com a solução de água sanitária (hipoclorito de sódio a 2,5%) na seguinte proporção: 400 ml ou dois copos “Lagoinha” (Tipo Americano) de água sanitária (hipoclorito de sódio a 2,5%) para 20 litros de água. Esta solução pode ser utilizada para desinfecção de pisos, paredes e outras superfícies.

Cuidados com os alimentos

Já com relação aos alimentos, a diretora de Vigilância em Alimentos da SES-MG, Ângela Ferreira Vieira explica que é importante mantê-los devidamente acondicionados em recipientes fechados, fora do alcance de roedores, insetos e outros animais, e em lugares elevados, protegidos da água da chuva.

Alimentos como frutas, legumes, verduras, carnes, grãos, leites e derivados, que entraram em contato com as águas da enchente, precisam ser descartados mesmo que estejam embalados com plásticos ou fechados, pois, ainda assim, podem estar contaminados, alerta Ângela Ferreira Vieira.  O mesmo vale para alimentos enlatados, quando as latas estiverem amassadas, enferrujadas ou semiabertas.

“É indispensável lavar bem as mãos antes de preparar alimentos e se alimentar. Além disso, reforçamos que não se deve consumir água e alimentos que entraram em contato com as águas da inundação”, destaca a diretora de Vigilância em Alimentos.

Cuidados com a água

Se, durante a enchente, as pessoas não tiverem acesso à água tratada, Marina Caldeira destaca que será necessário realizar o tratamento caseiro da água disponível.

“A água usada para beber, para higiene pessoal e fazer comida deve ser tratada, antes do seu uso, da seguinte maneira: Filtrar ou coar a água com filtro doméstico, coador de papel ou pano limpo. Aplicar 2 (duas) gotas de hipoclorito de sódio a 2,5%, a cada 1 (um) litro de água. Deve-se aguardar 30 minutos após a aplicação para poder consumir a água” explica a coordenadora de Vigilância em Fatores de Riscos Não Biológicos.

Ainda de acordo com Marina Caldeira, na falta do Hipoclorito, é necessário filtrar e ferver a água a ser consumida: “Filtrar ou coar a água com filtro doméstico, coador de papel ou pano limpo. Ferver a água que você vai utilizar para consumo durante 5 minutos. Depois, ‘bater’ a água, passando o líquido de uma vasilha limpa para outra vasilha também limpa. Este procedimento de ‘bater’ a água fervida permite a sua oxigenação, melhorando o seu sabor”, orienta Marina Caldeira.

É importante destacar que é necessário lavar sempre as mãos e braços antes mexer com água, além de separar e utilizar uma vasilhalimpa, com tampa, para armazenar a água tratada para beber.  A água tratada com hipoclorito de sódio a 2,5% deve ser consumida no mesmo dia.

Prevenção à dengue, zika e chikungunya

A temperatura mais elevada e a chegada das chuvas são fatores que podem favorecer a proliferação do Aedes aegypti, mosquito transmissor da dengue, zika e chikungunya.

Os reservatórios de água, pequenos depósitos domiciliares (vasos, garrafas, recipientes de degelo em geladeiras), lixo e sucatas, são alguns dos mais frequentes focos do mosquito Aedes aegypti encontrados pelos agentes de endemias.

De acordo com a coordenadora do Programa Estadual de Controle das doenças transmitidas pelo Aedes, Márcia Ooteman, “as ações de controle do Aedes devem ser realizadas durante todo o ano, no entanto, devido ao período de chuvas, as ações precisam ser intensificadas.

Por isso, mais do que nunca, é fundamental a adoção de medidas simples que ajudem a evitar o acúmulo de água. E, caso seja necessário armazená-la, é fundamental tampar bem esses depósitos, de forma a evitar o contato do Aedes aegypti com a água e, com isso, a proliferação do vetor.

Alerta Chuva

Para conscientizar a população quanto aos cuidados necessários para manter a segurança e a saúde no período chuvoso, SES-MG conta com o site www.saude.mg.gov.br/alertachuva. Lançado em janeiro de 2018, o espaço nasceu de uma demanda da Vigilância em Saúde desta Secretaria que queria deixar de forma pública no site dicas de proteção à saúde no período chuvoso.

Por Fernanda Rosa