Trocar a internação em hospital por tratamento em sua própria casa. Em algumas situações, essa mudança não fica só no desejo dos pacientes, e se transforma em realidade. Para ampliar e incentivar o Serviço de Atenção Domiciliar (SAD), a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) promoveu, nesta segunda-feira (03/06), o 3º Encontro Estadual do SAD/MG, em Belo Horizonte. Além da exposição de eixos de cunho técnico da política pública, como organização do processo de trabalho e indicadores, o evento contou com apresentação de experiências exitosas nos municípios que se filiaram ao programa. Além dos representantes municipais, participaram do encontro servidores da SES e do Ministério da Saúde que atuam no programa.

Crédito: Marcus Ferreira

De acordo com a superintendente de Redes de Atenção à Saúde (SRAS/SES-MG), Karina Rocha de Oliveira Taranto, o SAD é uma estratégia componente da Rede de Urgência e Emergência, vinculada ao Ministério da Saúde no âmbito do Programa Melhor em Casa. “A partir dessa política pública, conseguimos melhorar a assistência ao paciente, de forma humanizada e qualificada, otimizando a utilização de recursos públicos, além de reduzir as internações, trazendo o cuidado à pessoa para um ambiente incomum, que é sua própria residência”, explicou. Além disso, a superintendente esclarece que tratar o paciente em casa traz benefícios tanto ao sistema de saúde de forma geral, pois há redução do risco de infecções, quanto ao usuário do serviço, por conta do conforto de estar em casa. “Assim fortalecemos o vínculo familiar e a autoestima das pessoas, trazendo melhores resultados no tratamento”, apontou.

Ainda segundo Karina Oliveira, o encontro para apresentar o programa e seus resultados traz benefícios em termos de alinhamento da estratégia e constrói bases para avanços futuros. “Há o entendimento na SES que essa é uma estratégia relevante, que qualifica a assistência à saúde, e por isso foi feito todo o esforço para que pudéssemos viabilizar essa reunião. Já em 2019, conseguimos ampliar o número de equipes do programa em 22%, e a ideia é expandir ainda mais o alcance do programa”.

Vantagens

No âmbito da atenção hospitalar, é importante que haja maior rotatividade de leitos, pois há correlação desse aspecto com a redução de óbitos. Para isso, o SAD é estruturado por meio da atuação de equipes multidisciplinares, formadas por médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, entre outros profissionais da saúde, de modo que o atendimento seja feito de maneira integral e individualizada. “Pacientes, por exemplo, que precisam fazer tratamentos com antibióticos ou que necessitam de assistência ventilatória, em vez de ficarem em internação podem ser tratados em casa, caso tenham indicação clínica avaliada pelas equipes. Assim, receberão o atendimento que precisam, e o leito estará disponível para as situações de saúde com maior gravidade”, indica Erika Oliveira Santos, coordenadora estadual de Urgência e Emergência da SES-MG.

A estratégia conta com financiamento federal, em que o incentivo financeiro é repassado aos municípios cadastrados. “Esses recursos contemplam os gastos dos serviços e produzem melhores resultados em termos de gestão, pois desoneram os municípios na condução do atendimento à população”, avaliou a coordenadora. O Ministério da Saúde define os critérios para adesão ao programa, atualmente estruturado pela Portaria Nº 825, de 25 de Abril de 2016, como a formação de uma equipe para cada grupo de 100 mil habitantes. Para que os municípios interessados possam aderir ao programa, um projeto deve ser submetido ao Ministério da Saúde, que fará avaliação da proposta.

Referência

Entre os 30 municípios mineiros que atualmente participam da estratégia está Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. O município estruturou o programa desde a primeira versão do SAD, em 2011, e recentemente ampliou o serviço com a formação de uma equipe voltada para cuidados paliativos. “Implantamos essa nova equipe em fevereiro, e houve uma mudança significativa já em poucos meses de trabalho. Pacientes terminais acabavam falecendo em hospital, um ambiente muito mais restrito em termos de conforto. Conseguimos já favorecer o cuidado em casa, quando a pessoa está com familiares e amigos, podendo se despedir de outra forma de seus entes queridos”, relatou Erivelton Cordeiro Carvalho, diretor de Atenção Domiciliar da Secretaria Municipal de Saúde de Contagem.

Além dos cuidados paliativos, Contagem conta com equipes voltadas para Clínica Geral, Pediatria e Ortopedia. Os serviços de saúde identificam o perfil do paciente e acionam as equipes para avaliação. Caso haja indicação, os pacientes passam a ser tratados em casa. “São casos que demandam mais de uma visita por semana. Além do acompanhamento da equipe necessária para o caso, há o fornecimento de insumos que são indicados para o tratamento, como gaze, sondas, luvas, medicamentos, entre outros”.

Por Ramon Santos