Na tarde desta quarta-feira (12), em Montes Claros (MG), a equipe da Superintendência de Trabalho e Educação em Saúde da Escola de Saúde Pública do Estado de Minas Gerais (ESP-MG) finalizou uma ousada ação educacional, o Curso de Qualificação de Agentes Comunitários de Saúde nos territórios do Norte de Minas.

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No segundo semestre deste ano, a ESP-MG coordenou o desenvolvimento de 30 turmas em 30 municípios, com 30 docentes, formando 661 Agentes Comunitários de Saúde (ACS) e contribuindo para a melhoria do cuidado prestado à população nos serviços da Atenção Básica no Sistema Único de Saúde (SUS).

Crédito: Dione Afonso

A cerimônia de encerramento contou com a presença das alunas e alunos, seus familiares e suas torcidas, docentes, apoiadores, secretários municipais de saúde e prefeitos.

A diretora-geral da Escola, Lenira Maia, parabenizou todos os envolvidos na formação e destacou o protagonismo das mulheres que atuam como ACS. “Precisamos cada vez mais valorizar o fato de que vocês são maioria, do importante papel da mulher na sociedade, nas profissões de saúde e no trabalho com saúde pública. Vocês são para nós resistência, e é esse termo que nós temos que carregar daqui para frente sempre que nós falarmos sobre SUS”, disse emocionada.

Lenira falou também sobre o orgulho de fazer parte desse processo formativo e do desafio de ser ACS. “Quem constrói o lugar de trabalho de vocês são vocês. Quem constrói a forma como é possível trabalhar nos lugares que vocês trabalham, são vocês. Nós fomos apenas facilitadores desse processo. Vocês são a engrenagem que mantém viva a possibilidade de acesso da população ao SUS. Estamos aqui porque acreditamos que saúde é um direito fundamental de todo ser humano e vocês são a representação viva de que isso é fundamental, vocês gestores e ACS”, enfatizou.

A superintendente da Escola, Thais Lacerda, parabenizou os ACS e docentes, destacando a alegria e gratidão pela conclusão do curso. “Sabemos que vocês são os profissionais da equipe que melhor conhecem os territórios e as dinâmicas de vida das pessoas que ali moram ou trabalham. E é fundamental que as informações que vocês possuem sobre as famílias e sobre os territórios sejam discutidas com a equipe, atendendo as necessidades de saúde da população que ali vive”, disse.

Ela destacou também a importância de fortalecer a Atenção Primaria no SUS e apostar na Educação Permanente em Saúde (EPS) como estratégia de valorização dos trabalhadores. “Agradeço à minha equipe, um potente coletivo de mulheres que conduziram essa ação. Como todo processo de EPS, essa caminhada não se finda aqui. Em sala de aula identificamos outras questões que requerem de nós profissionais do SUS e, principalmente dos gestores, uma atenção especial. Somos agentes de travessia, agentes em formação, agentes de transformação, agentes que carregam um SUS vivo e potente nos territórios do Norte de Minas. Parabéns”, finalizou.

Ser ACS...

O ACS é o trabalhador do SUS que se relaciona o tempo todo com as famílias e equipes de saúde, construindo elos e vínculos entre a comunidade e o serviço de saúde. É o educador em saúde que conhece como as pessoas vivem e como adoecem e desenvolvem ações de prevenção de doenças e promoção da saúde, sendo uma numerosa força de trabalho no país e no estado de Minas Gerais.

Sebastião Ferreira PereiraACS de Itacambira, conta que o curso acrescentou conhecimentos para quem atua na Atenção Primária do SUS. “Ele veio para somar, para nos deixar mais qualificados e poder passar aos nossos usuários as informações que durante o curso obtemos. Melhorando o conhecimento de nós ACS, melhoramos a qualidade de vida dos nossos usuários”, destacou.

Já Kassielle Alves dos SantosACS de Vargem Grande do Rio Pardo, disse que o aprendeu coisas que desconhecia até então. “Esse curso abriu portas ara novas oportunidades, ferramentas de trabalho e enriqueceu muito o meu conhecimento. Hoje me sinto mais apta para ir de porta em porta e fazer meu trabalho com muito mais segurança, adquirindo experiências, compartilhando, conhecendo pessoas novas”, diz.

A ACS destaca ainda que todos ganham participando de cursos como esse. “Enriquece a nossa visita, o nosso aprendizado, até mesmo o nosso vocabulário”, comemora.

Vivências

Eliane Rodrigues Almeida, que atua Atenção Básica do SUS em Campo Azul e foi uma das docentes do curso, explica que para o município, esse curso foi inédito. “Nunca tivemos uma qualificação assim, extensa e completa. O material didático foi indispensável, orientou muito bem e contemplou todas as dinâmicas propostas com todos os temas de acordo com a realidade do nosso município”, afirma.

A docente explica também que as aulas foram flexíveis, aliando teoria e prática a partir do material. “Conseguimos integrar as equipes de saúde como um todo na proposta do curso, o que foi muito envolvente, promoveu interação e muitos frutos que nós vamos colher mais na frente”. Hoje olharemos para o território e a sua problematização de outra forma. Esse curso ainda deixará repercussões por muito tempo”, comemora.

João Alves, da Superintendências Regional de Saúde de Montes Claros, falou sobre a importância do curso para a Região Norte de Minas, sobre a necessidade de qualificação das equipes de saúde e da qualidade da ação. “Sabemos que o ACS é a maior força de trabalho da saúde, que a categoria tem se fortalecido, mas que necessita muito de qualificação. Aproveitem. Esse momento simboliza a vitória, a conquista de mais uma etapa”, comemorou.

Crédito: Dione Afonso
Territórios

A ação educacional abrangeu os municípios de Berizal, Bonito de Minas, Botumirim, Campo Azul, Cônego Marinho, Coração de Jesus, Cristália, Gameleiras, Glaucilândia, Indaiabira, Itacambira, Josenópolis, Lagoa dos Patos, Mamonas, Matias Cardoso, Montezuma, Ninheira, Padre Carvalho, Pai Pedro, Patis, Rio Pardo de Minas, Rubelita, Santo Antônio do Retiro, São Francisco, São João da Lagoa, São João do Pacuí, Serranópolis de Minas, Urucuia, Vargem Grande do Rio Pardo e Verdelândia.

Também na atividade, foi lançado o livro “Sobre vivências de agentes do SUS: travessias pelo Norte de Minas”, produto das experiências de docentes e de ACS nesta ação educacional.

Por Sílvia Amâncio