Nesta terça e quarta-feira, 4 e 5 de dezembro, médicos, enfermeiros e fisioterapeutas de nove municípios do Norte de Minas, além de professores universitários da área médica participam, em Montes Claros, de capacitação que está sendo ministrada pela Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais – (SES-MG) direcionada à intensificação de ações voltadas para o diagnóstico e tratamento precoce da hanseníase. Em 2017, foram notificados 59 casos de hanseníase em municípios que integram a área de atuação da Regional de Saúde de Montes Claros – (SRS). Já, neste ano, foram notificados 52 casos.

Crédito: Pedro Ricardo

As aulas teóricas estão sendo realizadas na sede da SRS. Além disso, referências técnicas da Coordenadoria Estadual de Dermatologia Sanitária da SES-MG e do Hospital das Clínicas, sediado em Belo Horizonte, estão ministrando aulas práticas na Policlínica do bairro Alto São João, administrada pela Secretaria de Saúde de Montes Claros.  A intenção é atualizar os conhecimentos dos profissionais quanto ao diagnóstico e tratamento precoce da hanseníase.

Além de professores da área de saúde, profissionais que integram equipes da estratégia de saúde da família de nove municípios participam do encontro de capacitação: Rubelita, Salinas, Janaúba, Jaíba, Montes Claros, Bocaiúva, Ninheira, Capitão Enéas e Francisco Sá. Esses municípios foram os que, neste ano, já tiveram casos notificados de hanseníase.

A coordenadora estadual de dermatologia sanitária da SES-MG, Maria Aparecida de Faria Grossi destaca a importância da disseminação de informações sobre a hanseníase que, embora coloque o Brasil em segundo lugar no mundo em número de casos notificados, é uma doença que tem cura.

“MG tem notificado cerca de 1,3 mil novos casos de hanseníase a cada ano. Em 2017 surgiram 1 mil 095 novos casos da doença em todo o Estado. No Norte de Minas foram notificados, no ano passado, 59 casos de hanseníase sendo 24 notificações registradas em Montes Claros. É um número de notificações elevado, sendo 4 casos para cada grupo de 100 mil habitantes residentes nos municípios que integram a área de atuação da Superintendência Regional de Saúde de Montes Claros”, observa a coordenadora.

Aparecida Grossi alerta que “o preconceito em relação à hanseníase é muito menor do que já ocorreu no passado, mas ainda existe um grande desconhecimento com relação à doença. Por isso, é importante divulgar informações sobre a hanseníase a fim de que, em casos de suspeita, a população tenha condições de obter o diagnóstico precoce por meio de orientação médica”.

Na mesma linha de raciocínio a médica e referência no diagnóstico da hanseníase na Secretaria Municipal de Saúde de Montes Claros, Elizabeth Lages também ressalta a importância da disseminação de informações sobre a hanseníase, “objetivando possibilitar aos profissionais de saúde o diagnóstico precoce da doença e, também, o repasse de orientações para a população”.

DIAGNÓSTICO

A hanseníase é doença de fácil diagnóstico e tem cura. O tratamento gratuito é feito por meio do Sistema Único de Saúde – (SUS).

Caracterizada por manchas dormentes e insensíveis à dor, ao tato, ao quente e ao frio, a hanseníase é uma doença infecciosa crônica causada pela bactéria Micobacterium leprae que afeta a pele e nervos periféricos. Se não for tratada precocemente, pode causar deformidades.

Em geral os primeiros sintomas da doença surgem como manchas brancas, vermelhas ou marrons em qualquer parte do corpo, somadas à alteração na sensibilidade do indivíduo à dor, ao tato e à percepção do quente e do frio. Áreas dormentes também podem aparecer especialmente nas extremidades, como mãos, pernas, córneas, além de caroços, nódulos e entupimento nasal.

O diagnóstico da doença é feito nas unidades básicas de saúde (UBS), onde a equipe de saúde poderá examinar o paciente e já iniciar o tratamento. Vale ressaltar que, imediatamente após iniciar o tratamento, que dura entre seis a doze meses, o paciente já não transmite mais a doença para as pessoas com quem convive. Essa situação contempla, inclusive, os pacientes da forma contagiosa, que correspondem a cerca de 30% do total de casos diagnosticados.

PREVENÇÃO

A melhor maneira de prevenir a hanseníase é tratando os casos existentes. Afinal, após o início do tratamento o paciente não transmite mais a doença para as pessoas com quem convive, mesmo sendo a forma contagiosa. Como parte do controle da doença, é feita uma vigilância dos familiares e pessoas próximas.

Devem ser vacinados com BCG todos os contatos domiciliares após rigoroso exame da pele e nervos, aliado ao repasse de orientações sobre a doença. É importante lembrar, ainda, que o paciente em tratamento deve ter sua vida conduzida sem alteração, ou seja, manter suas atividades escolares, profissionais, sociais, culturais, religiosas e familiares.

MAIS INFORMAÇÕES

Pensando na diminuição do preconceito e estigma e também no acesso da população a informações sobre a doença, a SES-MG lançou um hotsite sobre a hanseníase. Por meio dele, toda a população poderá ter acesso a dados e informações diversas sobre o diagnóstico, tratamento e cura da doença, além de tirar dúvidas sobre as formas de transmissão, mitos e verdades. 

Por Pedro Ricardo