Em 19/12/2016, a Diretoria de Vigilância Ambiental/Superintendência de Vigilância Epidemiológica Ambiental e Saúde do Trabalhador/Subsecretaria de Vigilância e Proteção à Saúde foi notificada pela Superintendência Regional de Saúde de Diamantina da ocorrência de 6 casos confirmados de malária causada por Plasmodium vivax no município de Diamantina, Garimpo Areinha. As pessoas foram internadas, mas no momento todos já receberam alta, evoluíram para cura e estão realizando o exame de controle de cura, que até o momento estão negativos.

O Local Provável de Infecção (LPI) é o Garimpo Areinha, formando por pequenos garimpos, distante a 140 km do município de Diamantina e localizado nos Distritos de Inhaí e Maria Nunes, ao longo do rio Jequitinhonha. O Garimpo Areinha possui uma população com cerca de 1.000 a 2.000 habitantes com extensão territorial ao longo do Rio Jequitinhonha de cerca de 30 a 40 km.

A área de alerta inicial são os municípios de Diamantina, Couto Magalhães de Minas, sob jurisdição da SRS de Diamantina e Olhos D’Água da SRS de Montes Claros de acordo com as informações preliminares da equipe da SES/MG que encontra-se no local.

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Assim, devem ser alertados todos os municípios de divisa com o município de Diamantina e as áreas de municípios que possuem divisa e/ou estão ao longo do rio Jequitinhonha onde há atividade deste Garimpo. 

Ações desenvolvidas

  1. Deslocamento de equipe da Regional de Diamantina/SES-MG e da Superintendência de Vigilância Epidemiológica Ambiental e Saúde do Trabalhador (SVEAST/SES-MG) para investigação e busca ativa de casos no local provável de infecção;
  2. Deslocamento em 26/12/2016, da equipe de campo do Programa de Treinamento em Epidemiologia Aplicada aos Serviços do SUS/Coordenação Geral de Vigilância e Resposta e da Coordenação Geral do Programa da Malária, Departamento de Vigilância de Doenças Transmissíveis/Secretaria de Vigilância em Saúde/Ministério da Saúde, além da permanência das equipes da SES/MG e de municípios jurisdicionados na área de alerta.
  3. Programação para as próximas semanas (09 de janeiro de 2017) de deslocamento de equipe de entomologia de referência estadual para desenvolvimento de ações de captura, controle e prevenção relacionadas ao vetor nos locais prováveis de infecção e capacitação de profissionais laboratoristas da Regional de Diamantina e municípios envolvidos para o diagnóstico da malária.
  4. Realização de medidas imediatas de prevenção e controle da malária no local, conforme preconizado.
  5. Capacitação de profissionais de campo para investigação, e avaliação da área para realizar medidas de controle, entre elas a borrifação dos LPI;
  6. Capacitação de profissionais de saúde dos municípios para o diagnóstico clínico e laboratorial da malária;
  7. Envio de medicamentos e de kits diagnóstico. Envio de medicamento específico e insumos para o tratamento dos casos;
  8. Envio de material informativo sobre a malária para ser distribuído na área do Provável local de infecção;
  9. Alerta para todas as Unidades Regionais de Saúde e para o Ministério da Saúde alertar outros estados sobre a transmissão da malária na área de Garimpo de Areinha, já que há trabalhadores de várias regiões do estado e país;
  10. Videoconferência para os profissionais de saúde sobre a vigilância e tratamento da malária para todas as Unidades Regionais de Saúde.

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Observação: Dos 8 casos onde o local provável de infecção foi Minas Gerais (autóctones), um caso (1) foi notificado no município de Lima Duarte em 2015, um caso (01) foi em Simonésia e 6 (seis) foram notificados na área do Garimpo de Areinha ( SRS de Diamantina) no ano de 2016.

Tabela2 nova

Informações sobre a doença

A malária é uma doença febril aguda. Tem como agentes etiológicos o Plasmodium falciparum, P. vivax, P. malariae, P. ovale e P. Knowlesi. Das cinco espécies causadoras da malária humana, o Plasmodium falciparum, o mais letal, e o Plasmodium vivax, são os mais comuns no Brasil. Em poucos dias de infecção o P. falciparum propicia quadro grave, por isto, todo suspeito de malária deve, de imediato, ser submetido ao exame laboratorial. Já o Plasmodium vivax apresenta um quadro de clínico mais brando, de febre, mal estar, cefaleia, porém se não tratado o paciente pode levar a complicações e óbitos.

Os sintomas iniciais são comuns as diferentes espécies de plasmódio. O quadro cínico típico é caracterizado por febre, calafrios, fraqueza, cefaleia, mal estar, o que pode depender das espécies de Plasmodium.

É necessário o exame laboratorial, além disso, avaliação do histórico de deslocamento do paciente suspeito como o diagnóstico diferencial nos casos com febre, particularmente naqueles com história de viagens a área de risco.

O diagnóstico correto só é possível pela demonstração do parasito, ou antígenos relacionados no sangue periférico do paciente. Pela organização Mundial de Saúde (OMS) o exame da gota espessa de sangue é considerado padrão ouro. O teste rápido auxilia, no diagnóstico inicial.

O diagnóstico está descentralizado no estado de Minas Gerais nas Unidades Regioanis de Saúde:

- Unidade Central da SES/MG: Faculdade de Medicina da UFMG. Av. Alfredo Balena, 190.

- URS do estado de Minas Gerais: Locais que realizam o exame: www.saude.mg.gov.br/malaria

O tratamento da malária é realizado segundo a espécie de plasmódio infectante pela especificidade dos esquemas terapêuticos, gravidade do caso e idade do caso.

Segundo a Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde (MS), o início do tratamento deve ser em tempo oportuno (em até 48 horas do início dos primeiros sintomas) e tem cura.

No Brasil, o P. vivax é a espécie predominante do país, mas com menor gravidade do que o P. falciparum, que é o mais letal.

A malária ocorre de forma endêmica, principalmente na região norte do Brasil (nos estados do Acre, Amazonas, Amapá, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins), em outros países amazônicos, no continente africano e outras áreas tropicais.

No Brasil, existe transmissão residual de malária no Piauí, no Paraná e em áreas de bioma da Mata Atlântica nos estados de São Paulo, Rio de janeiro, Minas Gerias e Espírito Santo (Brasil. MS/SVS/Guia de Vigilância em Saúde, MS, 2016). Nessa área não endêmica, (a região extra-amazônia), o Brasil registra menos de 1% do total de casos do país. Porém, a letalidade por malária, é até 100 vezes maior do que a detectada em área endêmica.

Outras informações: www.saude.gov.br/malaria (link: viajantes ou centros de diagnóstico)

Por Jornalismo SES-MG