A malária é uma doença febril aguda, causada por protozoários transmitidos pela picada da fêmea do mosquito do gênero Anopheles, também conhecido como mosquito-prego. No Brasil, a maioria dos casos da doença se concentra na região Amazônica, área endêmica, que abrange os Estados do Acre, Amapá, Amazonas, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins.

Minas Gerais, os outros 16 Estados e o Distrito Federal, compõem a região extra-amazônica, área não endêmica para malária, e registra menos de 1% do total de casos do país, sendo em sua maioria importados, ou seja, contaminação em área endêmica para a doença.

A ocorrência de febre em pacientes procedentes de áreas endêmicas de malária é, normalmente, o primeiro alerta para a suspeição da doença. A realização do diagnóstico em tempo oportuno e tratamento adequado são determinantes para a cura dos pacientes, com vistas a evitar o agravamento da doença e o óbito.

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Abaixo, confira a gravação da reunião técnica realizada em março de 2023 para alertar municípios mineiros sobre a doença, fortalecer as ações de vigilância e reforçar a importância de ter uma rede SUS em Minas Gerais organizada para o atendimento dos casos suspeitos de malária:

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No período entre os anos de 2017 a 2023, foram notificados 2.517 casos de malária em 133 municípios mineiros, com concentração dos casos na Unidade Regional de Saúde (URS) de Belo Horizonte. Do total, somente 13,3% foram confirmados para malária, sendo 235 casos com diagnóstico para Plasmodium vivax, representando 70,1% dos casos confirmados. A malária acomete ambos os sexos, porém ocorre predominantemente no sexo masculino e na faixa etária entre de 20-49 anos, idades consideradas produtivas, e mais expostas ao vetor. Dos casos confirmados, 72,2% possuem como local provável de infecção o Brasil.

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OUTRAS INFORMAÇÕES: 

A malária é transmitida através da picada da fêmea do mosquito do gênero Anopheles infectada por uma ou mais espécies de protozoário do gênero Plasmodium. Estes mosquitos são mais abundantes ao entardecer e ao amanhecer. Todavia, são encontrados picando durante todo o período noturno. Apenas as fêmeas de mosquitos do gênero Anopheles são capazes de transmitir a malária.

O ciclo se inicia quando o mosquito pica um indivíduo com malária sugando o sangue com parasitos (plasmódios). No mosquito, os plasmódios se desenvolvem e se multiplicam. O ciclo se completa quando estes mosquitos infectados picam um novo indivíduo, infectando a pessoa com os parasitos.

O período de incubação, ou seja, o intervalo entre a aquisição do parasito pela picada da fêmea do mosquito até o surgimento dos primeiros sintomas, varia de acordo com a espécie de plasmódio. Para Plamodium falciparum, mínimo de sete dias; P. vivax, de 10 a 30 dias e P. malariae, 18 a 30 dias. Não há transmissão direta da doença de pessoa a pessoa e a malária não pode ser transmitida pela água.

Os sintomas mais comuns, e podem acontecer de forma cíclica, são febre alta, calafrios, tremores, sudorese e dor de cabeça. Também pode apresentar náuseas, vômitos, cansaço e falta de apetite.

A malária grave caracteriza-se por prostração, alteração da consciência, dispneia ou hiperventilação, convulsões, hipotensão arterial ou choque, hemorragias, entre outros.

Pela inespecificidade dos sintomas, a malária não pode ser confirmada somente pela sintomatologia. Para o diagnóstico diferencial, outras doenças febris agudas podem apresentar sinais e sintomas semelhantes, como a dengue, a febre amarela, a leptospirose, a febre tifoide, a leishmaniose visceral e muitas outras.

Como a malária não é endêmica em Minas Geris, além dos sinais e sintomas, deve-se ficar atento se ocorreu deslocamento para área endêmica e informar ao profissional de saúde.

Entre as medidas de prevenção individual estão: uso de mosquiteiros, roupas que protejam pernas e braços, telas em portas e janelas e uso de repelentes. Já as medidas de prevenção coletiva contra malária são borrifação intradomiciliar, uso de mosquiteiros, drenagem, pequenas obras de saneamento para eliminação de criadouros do vetor, aterro, limpeza das margens dos criadouros, modificação do fluxo da água, controle da vegetação aquática, melhoramento da moradia e das condições de trabalho e uso racional da terra.

Observação: Não existe vacina contra a malária no Brasil. Algumas substâncias capazes de gerar imunidade para a malária estão sendo estudadas no Brasil e no mundo, mas os resultados encontrados ainda não são satisfatórios para implantação da vacinação como medida de prevenção da malária. Vale ressaltar que no Brasil quase 90% da malária é causada pelo Plasmodium vivax e não há ainda previsão de alguma vacina eficaz para esta espécie.

VIAJANTES:

Antes de ir para uma região considerada de risco para malária é necessário procurar orientação sobre os sintomas e a prevenção da doença. Ao ser identificado potencial risco de adquirir malária devem ser orientadas as medidas de prevenção contra picada de mosquitos:

  • Use roupas claras e longas, como camisas de manga comprida e calças, cobrindo áreas do corpo em que o mosquito possa picar;
  • Use repelentes nas áreas de pele expostas, seguindo as orientações do fabricante do produto quanto à faixa etária e frequência de aplicação;
  • Evite locais próximos a criadouros naturais dos mosquitos vetores (beira de rios e lagos, áreas alagadas e região de mata nativa), principalmente nos horários da manhã e ao entardecer, de maior atividade do mosquito vetor da malária;
  • Em ambientes fechados, é recomendado o uso de ar condicionado ou ventiladores.

O indivíduo febril em (ou vindo de) áreas de transmissão de malária nos últimos seis meses, deve ser visto como suspeito de malária, devendo ser relatado ao profissional de saúde que esteve em área com transmissão da doença e imediatamente, realizar o exame para esclarecer o diagnóstico. Caso o exame confirme a malária, iniciar o tratamento completo, em tempo oportuno.

A confirmação diagnóstica da malária baseia-se no encontro de parasitos ou de antígenos no sangue periférico do paciente, através dos métodos diagnósticos especificados: gota espessa, esfregaço delgado, teste de diagnóstico rápido, técnicas moleculares

O diagnóstico imediato, rápido e preciso é um dos elementos básicos de estratégia para o controle da malária, contribuindo com a redução do número de casos, óbitos e a interrupção da cadeia de transmissão.

Apenas o diagnóstico laboratorial confirma ou descarta a malária. O tratamento é dispensado apenas para casos positivos por exame laboratorial.

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O tratamento indicado depende de alguns fatores, como a espécie do protozoário infectante; a idade e o peso do paciente; condições associadas, tais como gravidez e outros problemas de saúde; além da gravidade da doença.

Para início do tratamento é necessária a confirmação laboratorial do diagnóstico, que pode ser realizado por meio de teste rápido ou microscopia de gota espessa, sendo este último considerado o padrão ouro. Dessa forma, a prescrição e a dispensação dos antimaláricos está condicionada à apresentação de resultado laboratorial confirmatório.

O diagnóstico diferencial para malária nas primeiras 24 horas, e o tratamento específico e correto, instituído nas primeiras 48 horas após o início dos sintomas são essenciais para a redução da gravidade, dos óbitos e transmissão da doença.

O tratamento é oferecido pelo Sistema Único de Saúde (SUS), em todo o território nacional, e é realizado sob supervisão médica, com a prescrição de medicamentos antimaláricos que devem ser administrados diariamente até o final do tratamento, sem interrupções, para evitar que outras formas mais graves da doença se manifestem.

Quando realizado de maneira correta e em tempo oportuno, o tratamento garante a cura da doença!

Malária é uma doença contagiosa?

Não. Uma pessoa doente não é capaz de transmitir a doença diretamente a outra pessoa, é necessária a participação de um vetor.

Qualquer mosquito transmite a malária?

Não, apenas as fêmeas de mosquitos do gênero Anopheles são capazes de transmitir a malária.

A malária pode ser transmitida pela água?

Não. A transmissão da malária ocorre por meio da picada de fêmea do mosquito do gênero Anopheles, conhecido popularmente por mosquito-prego.

Quem corre risco de contrair Malária?

Em geral, toda pessoa pode contrair a doença. Indivíduos que tiveram vários episódios de malária podem atingir um estado de imunidade parcial, apresentando poucos, ou mesmo nenhum sintoma, no caso de uma nova infecção.

Existe uma vacina contra Malária? Caso não exista, por quê?

Não. Algumas substâncias capazes de gerar imunidade para a malária no indivíduo foram desenvolvidas e estudadas, mas os resultados encontrados ainda não são satisfatórios para a implantação da vacinação como medida de prevenção da malária.

A pessoa que já teve malária pode doar sangue?

Depende. Se a pessoa teve malária por Plasmodium malariae, ela não poderá mais doar sangue. Já para as outras espécies, depende do tempo entre a doença e a doação de sangue. Os hemocentros sabem orientar o doador.

Estou grávida e pretendo visitar uma região endêmica de Malária. É seguro viajar?

Não é recomendada esta viagem devido ao risco de contrair malária.

É seguro amamentar enquanto tomo medicamento antimalárico?

Sim. Os medicamentos antimaláricos do Brasil são recomendados para mulheres que amamentam.