O ano começa com importantes alterações no Calendário Nacional de Vacinação, que têm como objetivo otimizar a cobertura vacinal no país. A ampliação de grupos e faixas etárias fazem parte do Programa Nacional de Imunizações (PNI), conduzido pelo Ministério da Saúde, para 2017. A partir de agora, uma maior parcela da população ficará mais protegida uma vez que irão receber vacinas como a HPV, meningocócica C, tríplice viral e varicela, além da hepatite A. Nos municípios de Minas Gerais, os postos de saúde já se encontram abastecidos com as doses necessárias para imunizar os grupos prioritários.

A diretora de Vigilância Epidemiológica da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG), Janaína Fonseca Almeida, faz um alerta às mães, pais e responsáveis pelos adolescentes para que eles levem suas filhas e, agora também, os filhos aos postos de saúde para receber a vacina contra o HPV. “Cada vez que uma nova vacina é introduzida no Calendário Nacional, é um avanço para a saúde pública. A vacina HPV para meninos será inserida neste ano juntamente com a meningo C para adolescentes de 12 e 13 anos. Essas vacinas protegem contra doenças graves, como os cânceres causados pelos vírus HPV e a meningite por Neisseria. Por isso, é preciso ficar atento às faixas etárias abrangidas pelas mudanças e ter o cartão de vacinação atualizado”, afirma Janaína.

Arte: Maycon Portugal

Vacina HPV

Uma das principais mudanças do Calendário de Vacinação é a que diz respeito à vacina HPV quadrivalente que, a partir deste ano, passa a ser disponibilizada, em duas doses, para meninos entre 12 e 13 anos de idade. Segundo o Ministério da Saúde, a faixa etária do grupo de abrangência será ampliada gradativamente e, até 2020, irá abranger meninos de 9 até 13 anos de idade. As meninas de 9 a 14 anos de idade que ainda não tiveram a oportunidade de serem vacinadas, também podem receber as duas doses.

Há também novidades para a população que vive com HIV/Aids. A vacina passa a abranger homens de 14 a 26 anos de idade vivendo com o vírus, que receberão três doses da vacina. Com as mudanças, a população alvo passa a ser de mulheres e homens vivendo com HIV/Aids, de 9 a 26 anos de idade.

A diretora de Vigilância Epidemiológica da SES-MG reforça, ainda, que os homens, quando imunizados contra a doença, além de deixar de transmitir o vírus HPV durante a relação sexual, estão protegidos contra o câncer de pênis, ânus, verrugas genitais, câncer bucal e de faringe. “A inclusão de meninos no calendário permanente da vacina HPV é extremamente relevante. Tanto eles ficam protegidos, quanto as mulheres, porque o vírus é transmitido pela via sexual, podendo causar nas mulheres diversos cânceres, entre eles o mais recorrente que é o de colo de útero. Vale então destacar a importância dos pais em levar os filhos às unidades de saúde e ainda conversar sobre o uso do preservativo, mesmo antes dos jovens iniciarem a vida sexual, para evitar outras doenças”, orienta Janaína.

As vacinas contra o HPV já estão disponíveis nos postos de saúde e devem ser administradas em duas doses, com intervalo de 6 meses, tanto para meninos, como para as meninas. Há vacinas remanescentes de 2016, com prazo de validade em dia, que podem ser administradas em ambos os sexos, não há diferenciação.

Para o início deste ano, o Ministério da Saúde enviou para o estado de Minas Gerais cerca de 310 mil novas doses, que começam a ser encaminhadas aos municípios a partir da próxima semana. Ao longo do ano, novas doses serão encaminhadas de acordo com a demanda dos municípios. Dados do IBGE mostram que no estado são 343.129 meninas e 354.932 meninos na faixa de vacinação. A expectativa é imunizar toda essa população.

Vacina meningocócica C

O Ministério da Saúde passou também a disponibilizar a vacina meningocócica C conjugada para adolescentes de 12 e 13 anos. A faixa-etária também será ampliada, gradativamente, até 2020, quando serão incluídas crianças e adolescentes com 9 até 13 anos. Essa medida foi adotada para proteger os adolescentes que ainda não tinham imunidade e estavam mais suscetíveis a adquirir a doença. A vacina protege contra a meningite por Neisseria, bactéria que mais causa óbitos.

Minas Gerais também já está abastecida com a vacina, que pode ser encontrada nos postos de saúde municipais. A vacina é a mesma utilizada anteriormente na rotina para crianças e não houve mudanças em sua composição. Para o início deste ano, o Ministério da Saúde enviou para o estado cerca de 245 mil novas doses, que começam a ser encaminhadas aos municípios a partir da próxima semana.

Vacinas tríplice viral e varicela

A partir de agora, a vacina tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola) passa a ser disponibilizada em duas doses para pessoas de 12 meses até 29 anos de idade. Já as crianças até 4 anos passarão a receber uma dose da vacina varicela (atenuada). A introdução da segunda dose da tríplice viral para a população de 20 a 29 anos de idade se dá devido à situação epidemiológica da caxumba nos últimos anos, que vem apresentando surtos, principalmente em adolescentes e jovens dessa faixa etária.

Vacina dTpa

A vacina adsorvida difteria, tétano e coqueluche (pertussis acelular) tipo adulto – dTpa passa a ser disponibilizada para as gestantes a partir da 20ª semana de gestação. As mulheres que porventura perderam a oportunidade de serem vacinadas durante a gestação devem receber uma dose de dTpa no puerpério, período que vai até 6 a 8 semanas após o parto. Essa medida visa garantir que os bebês já nasçam com proteção contra a coqueluche, uma vez que os anticorpos são transferidos da mãe para o feto. A transmissão de anticorpos evita que os bebês contraiam a doença até que completem o esquema de vacinação com a vacina pentavalente, o que só ocorre aos seis meses de idade.

Vacina Hepatite A

A última mudança no calendário diz respeito à vacina hepatite A, que passa a ser disponibilizada para crianças até 4 anos de idade. O ideal é que a criança tome a dose da vacina entre 15 e 23 meses. Se a criança perdeu a oportunidade de ser vacinada anteriormente, até os 4 anos ela pode ter o cartão de vacinação atualizado.

Por Ana Paula Brum