O rompimento da Barragem B1, localizada na Mina do Feijão, em Brumadinho, no dia 25/01, colocou em risco a água da região. Diante disso, as Secretarias de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) em conjunto com a de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad) e de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa) orientam que a população, de forma geral, não utilize a água do Rio Paraopeba, para qualquer finalidade, até que a situação seja normalizada.  “Doenças de transmissão hídrica e alimentar podem acometer a população que tiver contato com a área afetada. Por esse motivo, é importante avaliar possíveis sintomas como vômitos frequentes, convulsões, desidratação, entre outros.  Na presença de qualquer mal-estar, é fundamental procurar a Unidade Básica de Saúde mais próxima para devida avaliação médica”, informa a Referência Técnica da Coordenadoria de Doenças e Agravos Transmissíveis da SES-MG, Michelle Souza Costa. 

Crédito: Ricardo Stuckert

Leptospirose

Embora não haja nenhuma ocorrência atípica para doenças provenientes da água contaminada na região, é necessário, neste momento, adotar alguns hábitos para evitar possíveis contaminações futuras.  De acordo com a Coordenadora de Zoonoses e Vigilância de Fatores de Risco Biológicos, Mariana Gontijo, a leptospirose, doença febril de início abrupto causada pela bactéria do gênero Leptospira, pode ocorrer na região. “Há um aumento natural das notificações de leptospirose no período de chuva em que nos encontramos atualmente, de janeiro a março. Além disso, diante do cenário apresentado pela área afetada com o rompimento da barragem em Brumadinho, é importante que a população da região utilize equipamentos de segurança, como luvas e botas de borracha para evitar o contato direto entre a pele e a lama”, explica.

Vale destacar que até o presente momento não foi notificado nenhum caso da doença na localidade. Em 2018, Minas Gerais registrou 97 casos confirmados de leptospirose. Desses, 93 evoluíram para cura e 4 foram à óbito. Já em 2019, até então, foram registrados 12 casos confirmados e nenhum óbito.

Observar os sintomas

Doenças transmitidas por meio de alimentos e água contaminados têm sintomas semelhantes. Diante do cenário apresentado pela área afetada com o rompimento da barragem em Brumadinho, a adoção de hábitos preventivos é fundamental para evitar contaminações. Dessa forma, sintomas como náuseas, vômitos, diarreia, acompanhados ou não de febre, ocorridos após a ingestão de alimentos e/ou água devem ser observados e notificados a um profissional de saúde. “A SES-MG, em conjunto com a Secretaria Municipal de Brumadinho, está atuando de forma ágil para o fortalecimento da vigilância, diagnóstico, tratamento e controle de possíveis agravos que possam vir a ocorrer na região afetada”, avalia Michelle Souza Costa, Referência Técnica da Coordenadoria de Doenças e Agravos Transmissíveis da SES-MG.

Doenças notificadas na região

Até o momento, a SES-MG recebeu a notificação de quatro casos de doença diarreica na região. Contudo, os casos não evoluíram para formas mais graves da doença e todos que apresentaram sintomas foram acolhidos pelas equipes de Atenção Básica à Saúde do município de Brumadinho.

Equipes da SES-MG, incluindo trabalhadores da Vigilância Sanitária da Regional de Saúde de Belo Horizonte, estiveram em campo investigando as causas que levaram ao aparecimento dos casos. “A Secretaria de Saúde está orientando todos os profissionais envolvidos no atendimento para ficar atentos ao surgimento de novos casos de diarreia e de outras doenças oriundas do contato com a lama para prontas ações de prevenção e controle”, afirma Michelle.

Abaixo orientações e medidas que devem ser adotadas

  • Não consumir alimentos que tenham tido contato com a lama, incluindo alimentos embalados, enlatados ou alimentos perecíveis (como frutas, legumes e verduras);
  • Evitar contato com a água do Rio Paraopeba, tanto para consumo ou para recreação;
  • Não consuma peixes provenientes do Rio Paraopeba;
  • É importante frisar que a água tratada pela COPASA não apresenta risco para saúde humana;
  • Se você teve contato com a água, lama ou alimentos contaminados e apresentar sintomas como vômitos, coceira, tonteira ou diarreia, procure a unidade de saúde mais próxima e informe à equipe de saúde sobre o contato;

Para mais informações sobre análise e qualidade da água ao longo do Rio Paraopeba, acesse aqui.

Mais informações sobre a atuação da SES-MG no desastre de Brumadinho, acesse: www.saude.mg.gov.br/brumadinho

Por Paula Gargiulo