Tradicionalmente, o mês de novembro marca a valorização da promoção da Saúde do Homem. Para o ano de 2018, o Instituto Nacional do Câncer (INCA) estima a ocorrência de 6.730 casos novos de câncer de próstata na população masculina de Minas Gerais, com a taxa bruta estimada de incidência de 63,80 casos novos por 100 mil homens mineiros. Em 2017, o câncer de próstata foi responsável por 1.554 óbitos (12,2% do total de neoplasias do sexo masculino) com uma taxa bruta de 12,99 óbitos por 100 mil homens mineiros.

Segundo a diretora de Políticas de Atenção Primária à Saúde da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG), Mayla Magalhães de Souza, o INCA aponta o envelhecimento e fatores genéticos como principais causas para o risco do câncer da próstata. “O avanço da idade é um fator de risco bem estabelecido, visto que tanto a incidência, como a mortalidade aumentam após os 50 anos de idade. O histórico familiar apresenta associação para aumento no risco, quando verificada ocorrência dessa em grau de parentesco mais próximo, como pais, irmãos ou filhos”, esclarece.

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Tendo isso em vista, a diretora salienta ser preciso explicar à população sobre a doença, o grupo que está em maior risco. “A ênfase deve ser dada no reconhecimento dos principais sinais de alerta, para que se procure o atendimento nos serviços de saúde em tempo oportuno”, comenta Mayla. A Atenção Primária é a principal porta de entrada na Rede de Atenção à Saúde, sendo as unidades básicas de saúde (UBS) o serviço mais próximo desses cidadãos, atuando como coordenadoras do cuidado e ordenadoras das ações e serviços disponibilizados na rede.

Novembro não é marcado apenas como o mês em que se deve reforçar os cuidados em relação ao câncer da próstata, mas é também um bom momento para mobilizar as atenções sobre os cuidados referentes à saúde do homem, de maneira global. O Ministério da Saúde está promovendo revisão da Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem, de modo considerar a pluralidade e a diversidade masculina do ser homem. “Desse modo, o Ministério propõe como tema de sua campanha ‘homens como sujeitos do cuidado’, ampliando o olhar para os ciclos de vida, promoção e prevenção em saúde”.

Já a SES-MG, dentro dessa linha de abordagem, promoverá suas ações com o slogan “Cuide da sua saúde. Nessa história, você é o personagem principal”. A campanha será realizada nas redes sociais (Facebook, Twitter, Instagram e Youtube) e no Blog da Saúde MG, com uma série de posts informativos, um panfleto digital que será disponibilizado na web, além de peças de comunicação interna na Cidade Administrativa de Minas Gerais, nas telas dos telefones e cartazes nos elevadores dos edifícios.

Saúde do homem: Pluralidade e diversidade

Para 2018, a abordagem da Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem (PNAISH) recai sobre ações de pluralidade e diversidade, como promoção da equidade na atenção a essa população, que deve ser considerada em suas diferenças por idade; condição socioeconômica, étnico-racial, por local de moradia – meio urbano, rural, populações ribeirinhas, de rua, dentre outros; e ainda por situações em que as pessoas podem estar: pessoas privadas de liberdade, sejam presos provisórios ou em cumprimento de pena, pessoas com deficiência, entre outros grupos.

Diante disso, a PNAISH trabalha em cinco eixos temáticos. O eixo do acesso e acolhimento tem por objetivo reorganizar as ações de saúde, por meio de uma proposta inclusiva, na qual os homens considerem os serviços de saúde também como espaços masculinos e, por sua vez, os serviços reconheçam os homens como sujeitos que necessitam de cuidados.

Já a linha que aborda a saúde sexual e reprodutiva busca sensibilizar gestores e gestoras, profissionais de saúde e a população em geral para reconhecer os homens como sujeitos de direitos sexuais e reprodutivos, envolvendo-os nas ações voltadas a esse fim e implementando estratégias para aproximá-los desta temática.

Outro eixo estruturante é a paternidade e cuidado. “Nesse caso, o objetivo é mobilizar todo esse público, gestores, profissionais e população, a respeito dos benefícios do envolvimento ativo dos homens com em todas as fases da gestação e nas ações de cuidado com os filhos, destacando como esta participação pode trazer saúde, bem-estar e fortalecimento de vínculos saudáveis entre crianças, homens e seus parceiros ou parceiras”, indica Mayla de Souza.

O foco nas doenças prevalentes na população masculina procura fortalecer a assistência básica no cuidado à saúde dos homens, facilitando e garantindo o acesso e a qualidade da atenção necessária ao enfrentamento dos fatores de risco das doenças e dos agravos à saúde.

Por último, a prevenção de violências e acidentes visa “propor e desenvolver ações que chamem atenção para a grave e contundente relação entre a população masculina e as violências, sobretudo a violência urbana, e acidentes”, destacou a diretora.

Diversidade

A Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem ressalta a importância da reflexão contínua sobre as construções sociais de gênero voltadas às masculinidades. “É necessário abolir papéis estereotipados que afastam os homens da saúde, do cuidado, do afeto e da construção de relações mais equitativas e humanizadas em suas parcerias sexuais e afetivas”, aponta Mayla.

Da mesma forma, indica a necessidade de se pensar e desenvolver ações em saúde fora do enquadramento biológico e heteronormativo, reconhecendo e valorizando assim, os diversos arranjos familiares existentes e as diferentes possibilidades de vivenciar a paternagem. As famílias formadas por casais homossexuais, pais solos, adolescentes ou idosos e também homens que desempenham a função paterna são exemplos de arranjos familiares que fogem de estereótipos e se tornam cada vez mais comuns.

“Com isso, a política busca enfatizar que o momento da gestação e os cuidados posteriores com as crianças também devem ser aproveitados para valorizar modelos positivos de masculinidade, pautados pela cooperação, pelo diálogo, pelo respeito, pelo cuidado, pela não-violência e pelas relações entre gêneros que respeitem a diversidade, a pluralidade e a equidade como princípios básicos”, reiterou

A perspectiva da inclusão do tema da paternidade e cuidado mostra-se de suma importância, por meio do Pré-Natal do Parceiro, nos debates e nas ações voltadas para o planejamento reprodutivo como uma estratégia essencial para qualificar a atenção à gestação, ao parto e ao nascimento, estreitando a relação entre trabalhadores de saúde, comunidade e, sobretudo, aprimorando os vínculos afetivos familiares dos usuários e das usuárias nos serviços ofertados. “Estimula-se a participação do homem no acompanhamento do pré-natal, nos momentos do parto, pré-parto, parto e pós-parto, e nos cuidados com a criança”, finalizou.

Por Ramon Santos