Ainda na primeira manhã de atividades da 1ª Conferência Estadual de Vigilância em Saúde (1ª CEVS), os participantes ouviram a fala do professor Geraldo Lucchese, doutor em Saúde Pública pela Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (Fiocruz), que afirmou a grave situação em que se encontra o Sistema Único de Saúde (SUS), diante das ameaças de privatização e controle por parte do mercado privado.

Crédito: Gil Leonardi / Imprensa MG.

Em sua apresentação, Lucchese apontou três importantes temas, como “O que entendemos por Vigilância em Saúde?”, “Vigilância e instâncias do SUS” e “O Momento atual do SUS”, enfatizando que o modelo de gestão da saúde pública não é ensinado nos cursos de saúde, como exemplo a formação em Medicina, voltada para o modelo norte-americano de saúde privada.

“O médico brasileiro aprende pouco ou nada sobre o SUS em sua formação. Na Inglaterra, os cursos de medicina ensinam com as bases da saúde pública, de acordo com suas demandas prioritárias e os médicos obrigatoriamente realizam residência de dois anos na atenção básica”, explicou.

Lucchese defendeu ainda que a 1ª CEVS deve ser espaço de resistência e denúncias contra os desmontes que as políticas públicas no Brasil estão passando, com destaque para o SUS.

Educação e pesquisa

Com o tema “O Lugar da Vigilância nas Universidades”, a vice-reitora e docente de Epidemiologia da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), Ethel Leonor Noia Maciel, relacionou os temas da Vigilância em Saúde com pesquisas acadêmicas e como essa articulação pode ser estratégica para a formação nas Redes de Atenção à Saúde.

Crédito: Gil Leonardi / Imprensa MG.

A docente destacou o baixo interesse do mercado, em especial da indústria farmacêutica, em investir em doenças negligenciadas e extremamente negligenciadas como malária, tuberculose e tantas outras, para investimento em doenças globais, mais rentáveis.

“Em mais de 40 anos, apenas 1% dos medicamentos foram pesquisados para essas doenças, que sabemos provém da desigualdade social e na ausência do poder público”, disse.

Para finalizar, a docente enfatizou que investimentos em pesquisas e novas tecnologias ajudam nos avanços de um país, fato que no Brasil de 2017 está em processo de desmonte. 

Durante o período da tarde desta terça-feira (26/09), a 1ª CEVS segue com mesas de debates com os cerca de 700 conselheiras e conselheiros de saúde provenientes de todas as regiões de Minas Gerais.

 

Por Sílvia Amâncio / ESP-MG

Enviar para impressão