Na última sexta-feira (21/7), a Escola de Saúde Pública do Estado de Minas Gerais (ESP-MG) realizou mais uma edição dos seminários em saúde pública, dessa vez com o tema “Financeirização, Saúde e Previdência". O evento contou com a participação do economista e pesquisador Lucas Salvador Andrietta, da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP).

Alunos do curso de especialização em Saúde Pública da ESP-MG, trabalhadores da instituição e também o público externo acompanharam a exposição do pesquisador, que explicou a lógica da financeirização (conceito da Economia que aborda uma fase do sistema capitalista em que as transações e mercados financeiros ganham força no sistema econômico mundial).

Segundo o economista e pesquisador Lucas, existe um debate amplo no campo da Economia, com implicações no campo da saúde e, mais especificamente, acerca da discussão sobre a consolidação do Sistema Único de Saúde (SUS). “Precisamos estudar e entender a financeirização, bem como suas conexões que criam obstáculos para consolidação do SUS”, disse.

 

O palestrante Lucas Andrietta integra um grupo de pesquisa financiada pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), que analisa a trajetória de 73 empresas nacionais do ramo da saúde, suas estruturas proprietárias e societárias, análise econômica financeira (e seus indicadores de financeirização), além da agenda política dessas corporações. “Esse levantamento vai nos ajudar a compreender o comportamento dos grupos econômicos que atuam no setor privado de saúde. Passaremos também a entender como algumas pequenas empresas familiares se transformaram em grandes conglomerados econômicos e seus representantes, por sua vez, serem vistos em eventos sociais com a presença de importantes gestores da saúde pública no Brasil”, afirmou.

Na análise do fisioterapeuta e aluno da ESP-MG, Sebastião Araújo, de Mariana (Região Central de Minas Gerais), o tema é complexo, mas precisa ser entendido. “É um tema importante e que conhecemos pouco. Devíamos conhecer mais porque afeta diretamente a saúde, ainda que por outros meios. Assunto difícil, mas essencial”, completou.

Também aluna da especialização, Marcela Moraes, farmacêutica da Unidade de Pronto-atendimento (UPA), da região nordeste de Belo Horizonte, disse que os esclarecimentos do economista contribuem para fortalecer os argumentos em defesa de um sistema de saúde gratuito, integral e universal. “Sempre falamos do subfinanciamento do SUS e somos censurados, pois muitos pensam em se tratar apenas de uma defesa de legado. O pesquisador nos trouxe uma base sólida do que realmente acontece e que existem outras formas de financiar o sistema, que não é esta que está imposta, com paralisação do teto de gastos da saúde”, defendeu a aluna.

A ação

Os seminários em saúde pública abordam temas de grande relevância no campo da saúde pública, saúde coletiva e do SUS, promovendo momentos de interação entre alunos e trabalhadores da instituição e público em geral. A próxima atividade será nesta quinta-feira (27/7), às 13h30, no Auditório da Unidade Sede da ESP-MG, com o tema “Saúde e Ambiente”.

 

Por Leíse Costa / ESP-MG