Convidado pela Regional de Saúde de Governador Valadares, o médico infectologista, responsável técnico do Escritório da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), em Mato Grosso do Sul, e doutor em Medicina Tropical, Rivaldo Venâncio da Cunha, apresentou nesta quarta-feira (21-06), uma palestra sobre Chikungunya, no auditório da FIEMG-Regional Rio Doce, em Valadares.

Os participantes, entre médicos, enfermeiros, agentes de endemias e técnicos da Regional tiveram a oportunidade de receber informações atualizadas sobre o manejo clínico e condutas terapêuticas da Chinkungunya, dentro de aspectos  quanto a infecção  e tratamento farmacológico dos pacientes.

Crédito: Frederico Bussinger

O pesquisador está em Governador Valadares a pedido da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) para  conhecer a realidade epidemiológica do município, localizado numa das regiões com maior incidência de casos da doença no Sudeste. Segundo o último boletim epidemiológico da SES-MG (19/06), Governador Valadares apresenta 10.982 casos prováveis de chikungunya dos 16.489 em todo o Estado.

“A Chikungunya, por ser nova no país, tem causado grande apreensão dos profissionais e autoridades de saúde de um modo geral porque, ao contrário da experiência que tínhamos com a dengue, nos deparamos com uma doença com elevado potencial de cronicidade dos sintomas, que se manifestam, em média, durante seis meses nos pacientes. Isso tem causado grandes transtornos, sobretudo na rede escolar com o absenteísmo de estudantes e na economia, como na área de comércio, já que as pessoas não conseguem desenvolver suas atividades do cotidiano, como limpeza de uma casa, preparo de um alimento ou dirigir um carro”, ressaltou Rivaldo da Cunha.

O pesquisador alertou também aos participantes que a doença, após a queda significativa verificada em junho em todo o Estado e na região de Valadares, pode retornar com maior virulência. “Nós temos observado em outras regiões do País, como no Ceará e na Bahia, que após arrefecimento da doença por mudanças climáticas, ela volta na próxima estação com força total, numa nova onda epidêmica”, afirmou.

Face a esse possível cenário, o pesquisador salientou o papel de todos os atores envolvidos no combate ao Aedes aegypti.” É necessário que o poder público e não só a área de saúde, assuma sua tarefa, fornecendo água de uso doméstico de forma continua e de boa qualidade e realizando de forma correta a coleta dos resíduos sólidos e que, fundamentalmente, a população faça sua parte, já que em muitas localidades verificamos que ela não participa das ações de prevenção”, pontuou.

O médico da equipe de saúde de Mathias Lobato, José Célio Silva, informou que no seu município ocorreram casos da doença e que é importante estar sempre bem informado sobre o Chikungunya. “Esta é uma oportunidade muito boa de sair da rotina de trabalho, atualizando informações sobre a doença que está ocorrendo com grande incidência em nossa região”, finalizou.

O evento teve a participação também da bióloga Karen Trinta e do biomédico Michel Sucupira, ambos da Fundação Bio-manguinhos/Fiocruz e do enfermeiro do Núcleo de Vigilância Epidemiológica da Regional de Saúde de Governador Valadares, Luiz Patrício Neto.

Por Frederico Bussinger