Nesta quinta-feira (01/06), a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) está realizando, em Belo Horizonte, o webseminário “Tabagismo uma ameaça para o desenvolvimento”. Voltado para profissionais de saúde e gestores municipais e estaduais, além de parceiros no controle do tabagismo e instituições de ensino, o seminário tem como objetivo criar um espaço de discussão e reflexão crítica sobre o enfrentamento ao tabagismo. O evento, transmitido ao vivo pelo YouTube, está sendo realizado em comemoração ao Dia Mundial sem Tabaco, celebrado no dia 31 de maio.

O tabagismo é considerado uma doença, causada pela dependência à nicotina. É um dos principais fatores de risco para as chamadas doenças crônicas não transmissíveis, como as cardiovasculares, respiratórias crônicas, diabetes e diversos tipos de câncer. Até mesmo os produtos que não possuem fumaça causam dependência, sendo responsáveis pelo desenvolvimento do câncer de pescoço, cabeça, esôfago e pâncreas. Clique aqui e confira a nossa galeria de imagens.

Crédito: Carlos Alberto Pereira / SES-MG.

Segundo a Diretora de Promoção à Saúde da SES-MG, Daniela Souzalima Campos, é preciso discutir estratégias para o enfrentamento do tabagismo, incluindo a qualificação do trabalho realizado pelos profissionais do Sistema Único de Saúde (SUS). “Este é um importante momento para discussão e qualificação, para avançarmos no enfrentamento ao tabagismo. Precisamos conscientizar a população sobre os riscos do tabagismo, qualificar nossos profissionais para a prevenção e tratamento”, afirma.

De acordo com a representante do Instituto Nacional do Câncer (INCA), Valéria Cunha, o Brasil tem tido um resultado bastante significativo e respeitado mundialmente em relação ao enfrentamento do tabagismo. “Por meio do Programa Nacional de Controle do Tabagismo, temos trabalhado para reduzir o número de enfermidades e mortes causadas pelo tabaco. Temos como objetivo prevenir a iniciação de jovens no tabagismo, proteger os fumantes passivos e oferecer tratamento por meio da rede SUS”, explica.

Mais de 4.700 substâncias tóxicas estão presentes na fumaça do cigarro, incluindo arsênico, amônia, monóxido de carbono – o mesmo que sai do escapamento dos veículos, substâncias cancerígenas, além de corantes e agrotóxicos em altas concentrações. Tais substâncias, além de poluírem o ar, contribuem para o tabagismo passivo, prejudicando a saúde das pessoas que não fumam. Além disso, já foram identificadas mais de três mil constituintes no tabaco, incluindo pesticidas, metais como arcênio e níquel e elementos radioativos.

A representante da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), Márcia Couto, destacou algumas estratégias utilizadas pela indústria do tabaco para mascarar a degradação que os produtos causam à saúde e ao ambiente. “Com a crescente restrição ao uso do tabaco em ambientes fechados, a indústria tem utilizado aditivos que mascaram a fumaça, tornando-a menos visível. O objetivo dos fabricantes é reduzir a imagem negativa da fumaça, reduzindo a pressão social para parar de fumar e aumentar a aceitabilidade do consumo em ambientes fechados”, disse.

Tratamento oferecido pelo SUS

Atualmente, mais de 600 municípios mineiros oferecem tratamento para o tabagismo por meio do SUS, com profissionais de saúde qualificados, materiais de apoio e medicamentos gratuitos. Os pacientes são recebidos por uma equipe de saúde que farão uma avaliação sobre os riscos relacionados ao tabagismo, grau de dependência, estágio de motivação e preferências para o tratamento.

O modelo de tratamento é baseado em uma abordagem cognitivo-comportamental, com possibilidade de ser realizado em grupo ou individualmente, e quando necessário há apoio medicamentoso. Consiste inicialmente em quatro sessões (encontros) semanais, seguidos de outros mais espaçados, até completar de seis a doze meses de tratamento. Os usuários que tiverem interesse pelo tratamento devem entrar em contato com a Secretaria de Saúde da sua cidade para obter mais informações.

Prevenção

Entre as estratégias de enfrentamento do tabagismo está a atuação junto ao público jovem, uma vez que cerca de 80% dos fumantes iniciam a prática antes dos 19 anos de idade. A indústria do tabaco tem criado produtos voltados para esse público, incluindo cigarrilhas, fumo mascável, narguilé e tabaco inalável. O narguilé, por exemplo, é prejudicial à saúde e pode causar câncer, doenças respiratórias, tuberculose e hepatites. Em uma hora de consumo de narguilé, a pessoa inala o equivalente a fumaça de 100 a 200 cigarros.

Impactos nos investimentos em saúde

De acordo com o estudo inédito “Tabagismo no Brasil: morte, doença e política de preços e impostos”, lançado pelo Ministério da Saúde e Inca, o consumo de cigarros e derivados causa um prejuízo de R$ 56, 9 bilhões ao país a cada ano. Deste total, R$ 39,4 bilhões representam gastos com custos médicos diretos e R$ 17,5 bilhões com custos indiretos, devido à perda de produtividade causada por morte prematura ou incapacidade de trabalhar.

Também foi verificado por meio do estudo que a arrecadação total de impostos pela União e estados com a venda de cigarros foi de R$ 12,9 bilhões em 2015. Isso significa que o saldo negativo provocado pelo tabagismo no Brasil foi de R$ 44 bilhões, quando se subtrai os gastos da saúde em relação aos impostos arrecadados.

 

Por Jéssica

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