De 18 a 20 de abril foi realizada em Brasília-DF, a 1ª Conferência Nacional Livre de Comunicação em Saúde, promovida pelo Conselho Nacional de Saúde (CNS), com o objetivo de discutir a democratização do acesso da população às informações sobre saúde.

O Plenário do CNS definiu como uma das prioridades da instituição, a definição de uma política de comunicação social do órgão em defesa do Sistema Único de Saúde (SUS) e do direito à saúde. Em três dias de debates, conselheiros de saúde de todo o Brasil, jornalistas, blogueiros, coletivos de comunicadores e estudantes participaram de mesas com as temáticas “Desafios da Comunicação em Saúde”, Papel da Comunicação na defesa da Informação em Saúde”, “O SUS na sala de aula”, “Novas mídias e o SUS”, “Informação em Saúde como direito” e “Experiência de coletivos de comunicação”.

A abertura da conferência contou com a presença de dois ex-ministros da saúde Arthur Chioro e Alexandre Padilha, que defenderam três elementos básicos para a evolução civilizatória: democracia, direito à saúde e comunicação. O tom dos discursos sinalizou que após 28 anos de criação do SUS, atualmente a sociedade brasileira debate pautas anteriores à Constituição Federal de 1988.

Imprensa e SUS

Entre os conferencistas estavam a jornalista Cynara Menezes que abordou a hostilidade da imprensa com questões relacionadas ao SUS e citou o exemplo do Programa Mais Médicos. “A sociedade brasileira, pelos olhares da mídia, não conseguiu entender a importância do programa para a saúde pública, não teve defesa, apenas críticas. Temos que ter exemplos positivos na medicina como é a Rede de Médicos Populares, que não tem a visão clientelista da medicina como boa parte dos médicos”, disse.

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Renata Mielli, do Fórum Nacional pela Democratização da Mídia (FNDC) disse que a conferência é ousada em enfrentar o debate acerca da democratização dos meios de comunicação no Brasil, que só ocorreu em 2009 durante a 1ª Conferência Nacional de Comunicação (CONFECOM). “Não há como defender o direito à saúde sem a democratização dos meios de comunicação. E para quem pensa que temos liberdade de expressão na internet, esses dias estão contados, devidos às ameaças e limites que futuramente nos serão impostos na web”, afirmou.
Minas Gerais na atividade

Para o coordenador da especialização em Comunicação e Saúde da Escola de Saúde Pública do Estado de Minas Gerais (ESP-MG), Jean Alves, a conferência foi um marco importante para a discussão da comunicação em saúde no âmbito do Controle Social, Gestão e Assessorias de Comunicação do SUS.

“É importante levar o debate para ponta, numa visão mais ampliada e sem enfoque na discussão da mídia tradicional, mas buscando alternativas para promover o SUS por meio de mídias alternativas, na democratização do acesso, e no direto à comunicação e informação como inerentes ao direito a saúde. Interessante que um dos encaminhamentos foi justamente o fortalecimento da formação em comunicação em saúde nos currículos, cursos e controle social, o que já estamos fazendo aqui na ESP-MG”, disse.

A ex-aluna da primeira turma de Comunicação e Saúde da ESP-MG, Kênia Costa, jornalista da Secretária Municipal da Prefeitura de Belo Horizonte, destacou que as mesas temáticas abordaram temas diversos e de grande expressão, principalmente no que se refere à discussão de conceito ampliado de saúde e o papel relevante que a comunicação em seu processo comunicativo.

“Fortaleceu as ações de comunicação em favor do fortalecimento do SUS em consonância com a apropriação do mesmo pela sociedade e que são questões importantes e que foram levantadas e debatidas com extremo afinco nas exposições e debates das mesas temáticas. Percebi que houve também entrelaçamento nas discussões entre saúde, educação e comunicação, assim demos o primeiro passo em âmbito nacional, em prol de uma comunicação em saúde mais clara, objetiva e informativa”, afirmou.

Elvira Pereira, conselheira de saúde do município de Araxá e aluna da atual turma de Comunicação e Saúde, aponta que muito do que foi dito durante a Conferência ela aprendeu e ouviu em sala de aula. “Os debates foram ricos com foco no SUS, na comunicação e na luta pela democratização da liberdade de expressão, na mídia centralizada e o direito da de acesso à informação, e no poder que detém o controle social e a sua falta de empoderamento do mesmo. As propostas elencadas a partir da conferência serão de grande valia para a democratização dos meios de comunicação para a população brasileira”, concluiu.

O encerramento da atividade foi um bate-papo com a produtora e atriz Ana Petta, da série brasileira Unidade Básica, que aborda as rotinas da Atenção Primária no SUS e também com a jornalista e ex-presidente da Empresa Brasileira de Comunicação (EBC), Tereza Cruvinel que destacou que um país que não tem liberdade de expressão e comunicação não tem uma cidadania plena.

 

Por Sílvia Amâncio / ESP-MG

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