O Hospital João XXIII (HJXXIII), da Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig), apresenta taxas de mortalidade para sepse menores que a média nacional de 57% registrada pelos hospitais públicos do Sistema Único de Saúde (SUS) no ano passado.

O desempenho do hospital é resultado da manutenção de protocolos clínicos para a abordagem dos casos de sepse, do treinamento contínuo da equipe multiprofissional e do monitoramento diário para sepse e choque séptico (conhecidos popularmente como infecção generalizada) dos seus quase cem leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI).

Crédito: ACS / Divulgação.

No primeiro trimestre deste ano, a letalidade por infecção generalizada no Hospital João XXIII alcançou o índice de 41,8%, contra 47,4% registrado no último trimestre do ano passado, números significativamente menores do que os apresentados pelos demais hospitais públicos do país. A posição de destaque do HJXXIII é explicitada pela análise do relatório semestral emitido pelo Instituto Latino Americano para Estudos da Sepse (ILAS), que permite comparar a situação do HJXXIII com a dos hospitais brasileiros (públicos e privados) que fornecem dados para a plataforma do instituto.

Alertas frequentes

A cada ano, somente no Brasil, são registrados cerca de 400 mil casos dessa patologia que mata mais pessoas que o câncer e o infarto agudo do miocárdio, segundo dados do ILAS. Os índices apresentados pelo João XXIII são fruto do treinamento semestral da equipe multidisciplinar, principalmente dos médicos e enfermeiros.

Os treinamentos ocorrem a partir das evidências, comparadas com o padrão nacional e internacional. “Frequentemente, são emitidos alertas sobre as taxas de sepse no hospital”, sublinha a enfermeira responsável pelo monitoramento dos casos no HJXXIII e pelo treinamento da equipe multiprofissional, Laura Borja. Ela ressalta ainda que o treinamento também se estende aos profissionais do laboratório e farmácia da unidade. “O treinamento contínuo é fundamental”, reitera.

Cuidar das pessoas

O gerente assistencial do HJXXIII, Leonardo Paixão, afirma que o desempenho do hospital no controle dos casos de sepse é um exemplo bem sucedido da preocupação da instituição com sua performance assistencial “que reflete nossa preocupação em cuidar das pessoas”, assegura o médico.

Prioridade gerencial

De acordo com o coordenador da Comissão Central de Protocolos Clínicos da Fhemig, o médico pneumologista Guilherme Freire, nos últimos oito anos o protocolo de sepse é uma prioridade gerencial da Fhemig. “Foram feitos vários treinamentos envolvendo médicos, enfermeiros, laboratório e farmacêuticos, principalmente após 2010, havendo uma redução da letalidade global por sepse de 72,8% em 2010 para 46% em 2015 (em vários hospitais da Fhemig)”, compara.

Guilherme Freire sublinha que o resultado foi alcançado com o esforço de toda a equipe assistencial e com mudanças de práticas que favoreceram o melhor tratamento. “O foco atual é a educação continuada para manter os bons resultados na Fhemig”, finaliza o coordenador.

Rapidez

Passava das 22 horas do dia 7 deste mês quando o aposentado Waldemar Martins Filho, de 71 anos, deu entrada no HJXXIII, com úlceras por pressão, devido à imobilidade decorrente de fratura no fêmur. Diabético, Waldemar se recuperava de uma queda em sua residência ocorrida no mês de abril, quando também fraturou a clavícula. Logo que o paciente foi admitido, foram realizados exames que identificaram quadro de sepse. Em torno de uma hora após, o aposentado já havia iniciado tratamento com antibióticos. “Estou satisfeito com o atendimento e espero ter alta em breve”, planeja Waldemar, após 13 dias de internação. “O atendimento do hospital é muito bom, eles são atenciosos, o meu marido está sendo muito bem tratado”, reforça a esposa, Olíria de Souza, de 62 anos.

Sintomas

Segundo Laura Borja, é fundamental que a população saiba sobre os sintomas da sepse, de modo que possa procurar os serviços de saúde o mais rápido possível. Febre alta, aceleração do coração, respiração rápida, fraqueza, pressão baixa, diminuição da quantidade de urina, sonolência ou confusão são sinais de alerta e indicam que a pessoa deve procurar imediatamente um serviço de saúde, pois quando a sepse é reconhecida rapidamente, e tratada de forma adequada, as chances de sobreviver são muito maiores. Pessoas com diabetes, insuficiência renal, câncer, AIDS ou qualquer outra doença que diminua as defesas do organismo têm mais chances de ter sepse.

» Conheça o vídeo produzido pelo ILAS com o objetivo de conscientizar a população.

 

Por Alexandra Marques / Fhemig