A Faculdade de Medicina da UFMG planejou e desenvolveu o aplicativo “Meu Pré-Natal”, um programa interativo que busca responder as principais dúvidas das gestantes durante o atendimento pré-natal, de acordo com seu período gestacional. A iniciativa contou com o recurso do projeto de pesquisa chamado Skin Age, desenvolvido na UFMG, com o patrocínio da Fundação Bill & Melinda Gates, e da Fapemig, através dos editais do Programa Pesquisa para o SUS (PPSUS) Redes 2013 da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG).

"Esse aplicativo foi desenvolvido por uma equipe multidisciplinar de professores e alunos da UFMG e profissionais da computação. Além de divulgar as melhores práticas de assistência a gestação diretamente para as mulheres, o projeto tem o objetivo cientifico de testar troca de informações sobre saúde entre sistemas eletrônicos", avalia a coordenadora do projeto e professora do Departamento de Ginecologia e Obstetrícia, Zilma Reis.

A ideia do aplicativo surgiu a partir das demandas vivenciadas durante o atendimento pré-natal e da dificuldade de, muitas vezes, conversar em uma linguagem que as futuras mães consigam entender. “Esse é um aplicativo com enfoque educacional, voltado para o casal grávido, principalmente à gestante, procurando apoiar com informações adequadas à trajetória desde o momento que engravida até o pós-parto”, pontua Zilma.

“Procuramos colocar a demanda de cada momento da gravidez de forma objetiva, em ordem cronológica, no formato de pergunta e resposta com o conteúdo mais importante para ela se manter bem orientada sobre os cuidados e as transformações em seu corpo”, continua. Por exemplo, deve-se continuar tomando o remédio agora que está grávida? Ou quando se deve começar a fazer pré-natal?

Além disso, a professora dá destaque para um dos propósitos que é evitar a prematuridade do parto, a principal causa de morte entre os bebês ao nascer, já que a idade gestacional é o principal indicador se ele vai sobreviver ou não. “Esse é o diferencial em relação a outros já existentes, pois todo seu conteúdo se apoia nas melhores evidências científicas”, destaca Zilma. Mas, ela também chama a atenção para o fato de que esse aplicativo não substitui a orientação do profissional de saúde, pelo contrário, ele valoriza o cuidado pré-natal nas unidades de saúde.

Além da linguagem simples e as respostas das principais dúvidas, o aplicativo oferece o gestograma, um calendário gestacional que os profissionais de saúde utilizam para determinar a data prevista para o parto, baseado na última menstruação e nas informações disponibilizadas pelo ultrassom. Dentro do menu também há orientações para o plano de parto recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS), que inclui informações sobre o direito a acompanhante e as diferentes opções do parto, e um álbum de fotos organizado em uma espécie de linha do tempo da gestação. Um vídeo sobre o parto e amamentação é, também, uma das estratégias de comunicação com os usuários.

Ainda há um contador de contrações que auxilia a mulher saber a hora de ir para o hospital. “Este ajuda muito na prática porque, por mais que orientamos ela acompanhar pelo relógio, na hora da dor é difícil ter essa concentração”, afirma Zilma. Quando o bebê nasce e se comunica ao aplicativo, ele pede algumas informações como nome, sexo e uma foto, gerando um cartão de nascimento que pode ser compartilhado com amigos e familiares através do Facebook. Além da professora Zilma, há as co-coordenadoras Patrícia Gonçalves Teixeira, Alamanda Kfoury e Maria Albertina Santiago, professoras da Faculdade de Medicina da UFMG; e a professora da Escola de Enfermagem, Kleyde Ventura.

Desenvolvimento

O “Meu Pré-Natal” teve sua primeira versão disponibilizada no final de junho e já tem por volta de 1.500 downloads. Voltado para o público geral, foi desenvolvido, durante cerca de um ano, de forma multidisciplinar, com a participação de alunos de graduação, pós-graduação, web designers, programadores e professores de Ginecologia e Obstetrícia da Faculdade de Medicina e da Escola de Enfermagem da UFMG.

“Durante um semestre no atendimento pré-natal, os alunos anotaram, com as palavras das pacientes, as dúvidas apresentadas durante a consulta. Fizemos uma lista com essas 140 dúvidas mais frequentes e buscamos as respostas na melhor literatura científica”, conta Zilma. “Depois, os conjuntos pergunta-resposta passaram por uma revisão de quatro especialistas, professores e pesquisadores da UFMG. Já na outra etapa, voltamos até as grávidas e perguntamos se tinham entendido bem o conteúdo das perguntas e respostas, para que fosse validada a linguagem utilizada”, completa.

Segundo o Técnico em Tecnologia da Informação do Centro de Informática em Saúde (Cins) da Faculdade e responsável pelo desenvolvimento do aplicativo, Isaías José de Oliveira, o “Meu Pré-Natal” foi feito em uma versão única disponível gratuitamente para IOS e Android (em breve também para o Windows Phone), além de ser pensado para ser intuitivo e prático. Nas próximas versões, está previsto o idioma espanhol e inglês.

 

Por Jornalismo da Faculdade de Medicina da UFMG